Pesquisa Poderdata, realizada de 26 a 28 de julho de 2025, mostra que 40% dos eleitores consideram “errada” a decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes de proibir o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de usar as redes sociais. Na outra ponta, 36% dizem achar a decisão “certa”. Os percentuais empatam na margem de erro, que é de 2 pontos percentuais.
Há ainda outros 25% que não souberam responder.
O ministro do STF Alexandre de Moraes decidiu em 18 de julho proibir Jair Bolsonaro, que é réu em ação penal na Corte por tentativa de golpe de Estado, de usar redes sociais, falar com embaixadores, diplomatas estrangeiros ou com outros réus do Supremo. Também mandou por tornozeleira eletrônica no ex-presidente.
Por causa da decisão, o ex-presidente tem evitado falar com os jornalistas e discursar em atos. A proibição do ministro inclui a reprodução de áudios, vídeos, transcrições, conceder entrevistas, retransmissões e qualquer conteúdo nas plataformas digitais, mesmo que não sejam postados por ele, o que, na prática, impede sua participação em entrevistas públicas.
Em 21 de julho, Moraes reforçou as condições dessa medida cautelar. Disse na nova decisão que o ex-presidente não pode se valer dos meios digitais para burlar a medida, sob pena de imediata decretação da prisão preventiva.
A decisão despertou opiniões diversas entre especialistas. Há quem critique, por considerar a medida confusa ou censura indireta, além de abrir margem para insegurança jurídica. O ministro aposentado do Supremo Marco Aurélio Mello chamou a decisão de “ambígua”.
O advogado e articulista deste Poder360 André Marsiglia declara que a decisão cria um “efeito inibidor, quando não há uma proibição direta, mas um desestímulo ao exercício da liberdade de expressão”.
Na 4ª feira (30.jul.2025), o presidente dos EUA, Donald Trump (Partido Republicano), aliado de Bolsonaro e crítico de Moraes, incluiu o ministro na Lei Magnitsky, utilizada para impor sanções a autoridades estrangeiras acusadas de violações de direitos humanos.
Segundo o texto do decreto norte-americano, Moraes “usou seu cargo para autorizar detenções arbitrárias preventivas e suprimir a liberdade de expressão”. Antes, o Departamento de Estado dos EUA já havia revogado o visto de Moraes e seus familiares.
Por outro lado, o advogado Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do grupo de Prerrogativas, avaliou que a decisão de Moraes “pretende evitar que Bolsonaro utilize as redes sociais para atiçar as hordas bolsonaristas ávidas por uma saída que não seja democrática para uma crise que eles próprios criaram”.
O Prerrogativas é formado por operadores do direito simpáticos ao presidente Lula e críticos da operação Lava Jato.
A pesquisa foi realizada pelo PoderData, empresa do grupo Poder360 Jornalismo, com recursos próprios. Os dados foram coletados de 26 a 28 de julho de 2025, por meio de ligações para celulares e telefones fixos. Ao todo, foram realizadas 2.500 entrevistas em 182 municípios distribuídos pelas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais. O intervalo de confiança é de 95%.
Para chegar a 2.500 entrevistas que preencham proporcionalmente (conforme aparecem na sociedade) os grupos por sexo, idade, renda, escolaridade e localização geográfica, o PoderData faz dezenas de milhares de telefonemas. Muitas vezes, são mais de 100 mil ligações até que sejam encontrados os entrevistados que representem de forma fiel o conjunto da população. Saiba mais sobre a metodologia lendo este texto.
O Poder360 estratifica os dados por recortes demográficos (sexo, idade, escolaridade, região e renda). Eis os resultados:
O levantamento cruzou as respostas da opinião sobre a decisão de Moraes com a declaração de voto para presidente no 2º turno das eleições de 2022. Para metade (50%) dos eleitores que dizem ter votado em Jair Bolsonaro (PL), a decisão do ministro do Supremo está “errada”, enquanto 27% deste grupo consideram a decisão “certa”.
Já entre os que afirmam ter votado no atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 44% consideram que a decisão do ministro está correta, ante 32% que acham errada.
O conteúdo do PoderData pode ser lido nas redes sociais, onde são compartilhados os infográficos e as notícias. Siga os perfis da divisão de pesquisas do Poder360 no X, no Facebook, no Instagram e no LinkedIn.
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O Poder360 mantém acervo com milhares de levantamentos com metodologias conhecidas e sobre os quais foi possível verificar a origem das informações. Há estudos realizados desde as eleições municipais de 2000. Trata-se do maior e mais longevo levantamento de pesquisas eleitorais disponível na internet brasileira.
O banco de dados é interativo e permite acompanhar a evolução de cada candidato. Acesse o Agregador de Pesquisas clicando aqui.
As informações de pesquisa começaram a ser compiladas pelo jornalista Fernando Rodrigues, diretor de Redação do Poder360, em seu site, no ano 2000. Para acessar a página antiga com os levantamentos, clique aqui.
A pesquisa PoderData foi realizada de 26 a 28 de julho de 2025. Foram entrevistadas 2.500 pessoas com 16 anos de idade ou mais em 182 municípios nas 27 unidades da Federação. Foi aplicada uma ponderação paramétrica para compensar desproporcionalidades nas variáveis de sexo, idade, grau de instrução, região e renda. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
As entrevistas foram realizadas por telefone (para linhas fixas e de celulares), por meio do sistema URA (Unidade de Resposta Audível), em que o entrevistado ouve perguntas gravadas e responde por meio do teclado do aparelho. O intervalo de confiança do estudo é de 95%.
Para facilitar a leitura, os resultados da pesquisa foram arredondados. Por causa desse processo, é possível que o somatório de algum dos resultados seja diferente de 100. Diferenças entre as frequências totais e os percentuais em tabelas de cruzamento de variáveis podem aparecer por conta de ocorrências de não resposta. Este estudo foi realizado com recursos próprios do PoderData, empresa de pesquisas que faz parte do grupo de mídia Poder360 Jornalismo.