• Sábado, 2 de agosto de 2025

ONGs internacionais veem uso político da Lei Magnitsky

Entidades como a Transparência Internacional defendem Alexandre de Moraes após sanção dos EUA.

Organizações como a HRW (Human Rights Watch), Transparência Internacional e IVH (Instituto Vladimir Herzog) se manifestaram contra a decisão do governo de Donald Trump (republicano) de sancionar o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.

O ministro se tornou o 1º e único brasileiro incluído na SDN List (Lista de Cidadãos Especialmente Designados e Pessoas Bloqueadas) dos Estados Unidos com base na Lei Magnitsky.

A Magnitsky é aplicada contra autoridades acusadas de repressão a liberdades civis ou fraudes eleitorais.  A inclusão do ministro pelo governo dos EUA acontece em meio a tensão diplomática e comercial entre os presidentes Lula e Donald Trump.  Eis a íntegra da sanção (PDF – 207 kB, em inglês).

A Human Rights Watch, com sede em Nova Iorque, afirmou que a sanção aplicada “viola a independência judicial”, um dos pilares da democracia.

Segundo a entidade, discordâncias com decisões judiciais devem ser tratadas por vias legais e não com “punições a ministros e ao país”.

A Transparência Internacional –sediada em Haia, nos Países Baixos– classificou o uso da Magnitsky como “alarmante e inaceitável”.

Para a entidade, trata-se de uma aplicação seletiva do instrumento legal com fins políticos e econômicos.

A ONG comparou o caso de Moraes ao tratamento dado pelo governo Trump a líderes como Nayib Bukele, de El Salvador, e Antal Rogán, da Hungria –ambos apontados por violações de direitos humanos ou corrupção, mas poupados de sanções.

“Esse duplo padrão revela a instrumentalização do discurso de direitos humanos para fins geopolíticos”, disse a entidade.

O IVH, que fica em São Paulo, também se manifestou em defesa do ministro do STF.

Para a entidade, a medida dos EUA é “política e seletiva” e “retoma práticas intervencionistas que marcaram momentos sombrios da história latino-americana”.

A organização afirmou que governantes estrangeiros não têm legitimidade para punir magistrados brasileiros e que críticas a integrantes do Judiciário devem ser realizadas “por vias legais e internas, jamais por pressões externas ou represálias políticas”.

A Human Rights First, com sede em Washington, considerou que a decisão de Trump mostra uma inversão de valores. “Até esta semana, o governo atual não havia usado a Lei Magnitsky. E esta primeira ação parece mais voltada a derrotar a responsabilização do que promovê-la”, afirmou Adam Keith, diretor da ONG.

Para a entidade, faltou no anúncio dos EUA qualquer menção à responsabilização pelo ataque às instituições brasileiras no 8 de janeiro.

Segundo a ONG, a medida marca o uso da diplomacia americana para blindar aliados políticos do presidente –uma referência a Jair Bolsonaro (PL).

Por: Poder360

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