A PF (Polícia Federal) divulgou na 4ª feira (20.ago.2025) áudios de junho a agosto de 2025 obtidos pela corporação do celular do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que foi apreendido. O conteúdo foi divulgado quando a polícia indiciou Bolsonaro, o pastor Silas Malafaia e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por coação na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado.
Segundo a PF, a troca de mensagens entre Bolsonaro e o pastor indicam que eles atuaram para coagir a Justiça no curso do processo sobre a tentativa de golpe de Estado.
Ouça abaixo os áudios encontrados em celular de Bolsonaro que foi apreendido pela PF.
Em áudio, Bolsonaro disse a Malafaia que a negociação do tarifaço de Donald Trump (Partido Republicano) com o Brasil depende da aprovação da anistia. Diálogos registrados no WhatsApp mostram que Bolsonaro afirmou que “se não começar votando anistia, não tem negociação de tarifa”.
Ouça (56s):
Malafaia xingou o deputado federal Eduardo Bolsonaro em mensagem enviada a seu pai, Jair Bolsonaro. “Esse seu filho Eduardo é um babaca”, afirmou Malafaia em 11 de julho, 2 dias depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou o tarifaço de 50% ao Brasil, em meio a uma articulação de Eduardo nos EUA.
Ouça (1min33s):
O pastor disse, em áudio enviado ao ex-presidente, que “só quem pode parar Lula é o STF”. Segundo o líder religioso, o ex-chefe do Executivo deveria “trazer à tona a questão da anistia” e se posicionar sobre o Supremo Tribunal Federal “sem arrumar briga”. Na conversa, Malafaia avaliou que a carta de Trump direcionada ao governo brasileiro que tratava do tarifaço era sobre Bolsonaro.
Ouça (2min51s):
Bolsonaro solicitou ajuda ao advogado Martin de Luca para elaborar uma nota sobre as tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, contra produtos brasileiros. Martin trabalha para as empresas Rumble e Trump Media & Technology Group.
As mensagens reveladas pela PF indicam que Bolsonaro pretendia publicar, em suas redes sociais, um agradecimento a Trump depois do anúncio da tarifa de 50% sobre produtos do Brasil. O ex-presidente brasileiro queria destacar em seu texto que “a questão da liberdade está acima da questão econômica”.
Ouça (45s):
O pastor Silas Malafaia defendeu que Bolsonaro deveria proteger o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), mas, principalmente, pediu para não atacar Eduardo Bolsonaro, seu filho. “Você batendo o teu filho que está fazendo um trabalho junto a autoridades, falando com os principais assessores de Donald Trump, conseguindo produzir isso tudo aí que o Trump está fazendo, aí você errou, mas errou feio”, criticou Malafaia.
Ouça (3min39s):
A PF (Polícia Federal) informou na 4ª feira (20.ago.2025) que indiciou Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por coação no curso do processo na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado, na qual Bolsonaro é o principal réu.
O indiciamento se dá no inquérito que apura a atuação de Eduardo nos Estados Unidos, onde ele teria articulado medidas de pressão e sanções contra autoridades brasileiras. O documento de 170 mostra conversas entre Eduardo e o pai.
Em uma delas, o congressista xinga o ex-presidente. Há também no relatório uma minuta que seria um pedido de asilo de Bolsonaro ao presidente da Argentina, Javier Milei (La Libertad Avanza, direita).
A investigação foi aberta em maio por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). O relatório final da PF conclui que Bolsonaro e Eduardo, com apoio do jornalista Paulo Figueiredo e do pastor Silas Malafaia, atuaram para interferir na Ação Penal 2.668, que investiga a trama para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo a PF, as ações de Eduardo e dos demais investigados têm como alvo direto instituições democráticas, principalmente o STF e o Congresso Nacional, para submetê-las a interesses pessoais. O relatório detalha que o grupo buscou coagir integrantes do Poder Judiciário e, mais recentemente, da Câmara e do Senado, mirando influenciar decisões em benefício próprio.
Entre as condutas apontadas estão tentativas de pressionar congressistas para aprovar propostas de anistia e destituir ministros do Supremo por supostos crimes de responsabilidade. As ameaças incluíram também imposição de sanções aos presidentes da Câmara e do Senado, configurando tentativa de restringir o livre exercício do Poder Legislativo e interferir nas funções do Judiciário.
O relatório foi encaminhado a Moraes e deve agora seguir para a PGR (Procuradoria Geral da República). Caberá ao procurador-geral, Paulo Gonet, decidir se apresenta denúncia, requisita novas diligências ou solicita o arquivamento do caso.
Depois do indiciamento, o ministro ainda deu 48h para Bolsonaro apresentar esclarecimentos sobre o descumprimento reiterado de medidas cautelares impostas pela Corte.
Além disso, Malafaia foi alvo de uma operação de busca e apreensão da PF na 4ª feira (20.ago). O pastor foi abordado por agentes federais no aeroporto do Galeão (RJ) logo depois de retornar de uma viagem a Lisboa (Portugal). Foi conduzido para as dependências da PF no local.
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