• Quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Bolsonaro pediu para advogado de Trump orientar nota sobre tarifaço

Em mensagem a Martin de Luca, disse que iria elogiar aliado norte-americano e demonstrou estar "muito feliz" pelo apoio. Ouça no Poder360.

A PF (Polícia Federal) divulgou na 4ª feira (20.ago.2025) mensagens que mostram o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pedindo orientações ao advogado Martin de Luca para elaborar uma nota pública sobre o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), a produtos brasileiros. Martin de Luca trabalha para as empresas Rumble e Trump Media & Technology Group no Brasil. 

As mensagens mostram que Bolsonaro pede desculpas prévias ao advogado por estar fazendo a demanda. Também adianta que vai elogiar Trump na nota. Afirma ainda estar “muito feliz” pelo apoio recebido do presidente norte-americano, que impôs sobretaxas e aplicou sanções a autoridades do Brasil sob a justificativa de que Bolsonaro é “perseguido” pelos adversários.

No áudio, Bolsonaro explica ao advogado sua intenção de destacar que “a questão da liberdade está acima da questão econômica” no que se refere ao tarifaço anunciado em 9 de julho por Trump. A mensagem do ex-presidente foi enviada a Martin de Luca 5 dias depois, em 14 de julho.

Ouça o áudio (44s):

Leia a íntegra da fala de Bolsonaro:

Martin, peço que você me oriente também, me desculpa aqui tá, minha modéstia, como proceder. Eu fiz uma nota, acho que eu te mandei. Tá certo? Com quatro pequenos parágrafos, boa, elogiando o Trump, falando que a questão de liberdade tá muito acima da questão econômica. A perseguição a meu nome também, coisa que me sinto muito… pô fiquei muito feliz com o Trump, muita gratidão a ele. Me orienta uma nota pequena da tua parte, que eu possa fazer aqui, botar nas minhas mídias, pra chegar a vocês de volta aí. Obrigado aí. Valeu, Martin”.

Em resposta ao pedido do ex-presidente, o advogado respondeu que enviaria um “resumo” para “melhorar a comunicação em relação ao tarifaço”.

O tom de como falar em público sobre o tarifaço também foi discutido com o pastor Silas Malafaia, aliado próximo do ex-presidente. No relatório (PDF – 9,3 MB), a PF diz que o líder religioso atua “de forma livre e consciente, em liame subjetivo com os demais investigados, na definição de estratégias de coação e difusão de narrativas inverídicas, bem como no direcionamento de ações coordenadas que, em última instância, visam coagir os membros da cúpula do Poder Judiciário”.

Malafaia foi alvo de uma operação de busca e apreensão da PF na 4ª feira (20.ago). O pastor foi abordado por agentes federais no aeroporto do Galeão (RJ) logo depois de retornar de uma viagem a Lisboa (Portugal). Foi conduzido para as dependências da PF no local.

A PF indiciou Bolsonaro e seu filho 03, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por coação no curso do processo na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado, na qual Bolsonaro é o principal réu. O indiciamento se dá no inquérito que apura a atuação de Eduardo nos Estados Unidos, onde ele teria articulado medidas de pressão e sanções contra autoridades brasileiras.

Por: Poder360

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