O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retornou ao Brasil na noite da 3ª feira (28.out.2025) depois de 8 dias na Indonésia e na Malásia. Com a viagem, o petista acumula 45 dias fora do país em 2025, distribuídos em 14 deslocamentos internacionais. Ao todo, visitou 16 países desde o início do ano.

A agenda na Ásia foi marcada pela 1ª reunião bilateral entre Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), realizada em Kuala Lumpur no domingo (26.out). O encontro durou 45 minutos e tratou das tarifas impostas pelos norte-americanos sobre produtos brasileiros. Trump aceitou discutir uma revisão das taxas, mas não anunciou revogação imediata.
“E nós queremos negociar, queremos negociar o fim das punições aos nossos ministros da Suprema Corte. Nós queremos negociar o fim das punições ao ministro [da Saúde, Alexandre] Padilha, e a sua filha. Nós queremos negociar as taxações”, afirmou Lula a jornalistas na segunda-feira (27.out).
Na Indonésia, Lula anunciou que disputará a reeleição em 2026. A declaração foi feita na 5ª feira (23.out), antes de completar 80 anos na 2ª feira (27.out). Depois, o presidente ganhou bolo e comemorou o aniversário durante a viagem.
“Vou completar 80 anos, mas pode ter certeza de que estou com a mesma energia de quando eu tinha 30 anos de idade. E vou disputar um quarto mandato no Brasil“, declarou durante cerimônia no Palácio Merdeka, em Jacarta, ao lado do presidente indonésio Prabowo Subianto.
O petista também defendeu o comércio bilateral usando real e rúpia indonésia, sem dependência do dólar. “Tanto Indonésia quanto Brasil têm interesse em discutir a possibilidade de comercialização entre nós com as nossas moedas“, disse. A declaração confronta a posição de Trump, que já ameaçou punir países que “brincarem com o dólar” com novas tarifas.
Brasil e Indonésia assinaram acordos em áreas como ciência, tecnologia e semicondutores. Com a Malásia, foram 7 atos em setores como tecnologia da informação e cooperação espacial.
Lula foi o 1º presidente brasileiro convidado para uma cúpula da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático). Participou da 47ª edição do encontro em Kuala Lumpur, onde também esteve presente na Cúpula Empresarial e na Cúpula da Ásia do Leste.
A aproximação com o Sudeste Asiático é estratégica para o governo. O bloco importou US$ 26,3 bilhões de bens brasileiros em 2024, segundo o ComexStats. O Brasil importou US$ 10,8 bilhões da Asean, gerando superávit comercial.
Durante a viagem, Lula também se reuniu com os primeiros-ministros de Singapura, Lawrence Wong, e do Vietnã, Pham Minh Chinh. Recebeu o título de doutor honoris causa em Desenvolvimento Internacional e Sul Global pela Universidade Nacional da Malásia.
Nos bastidores, Lula ofereceu a Trump ajuda para mediar a tensão com a Venezuela e disse achar possível encontrar uma solução dentro do comando de Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, esquerda).
O governo Trump realiza operações militares no mar do Caribe, nas proximidades da Venezuela, sob o argumento de combater o narcotráfico. Até o momento, 10 embarcações foram atingidas e 43 pessoas morreram.
“O Brasil tem interesse de que não haja guerra na América do Sul. A nossa guerra é contra a pobreza, é contra a fome“, disse o petista. Afirmou
No acumulado dos 3 mandatos atuais, Lula soma 133 dias fora do país, em 38 viagens que passaram por 38 países.

A viagem à Ásia foi a 6ª do presidente ao continente desde o início do mandato. Os destinos mais frequentes foram nas Américas, com viagens para cúpulas do Mercosul, Celac e Assembleia Geral da ONU.
Entre as viagens de 2025, destaca-se a ida à Assembleia Geral da ONU em Nova York, em setembro. Foi lá que Lula e Trump se encontraram pela primeira vez, ainda que brevemente. A conversa durou menos de 1 minuto nos bastidores, mas criou a aproximação que viabilizou a reunião bilateral na Malásia.
Outras viagens relevantes foram a ida à Rússia e China em maio, para celebração dos 80 anos do Dia da Vitória em Moscou e a visita de Estado em Pequim. Lula também foi ao enterro do papa Francisco no Vaticano em abril e o velório de Pepe Mujica, no Uruguai, em maio.
A primeira-dama Janja Lula da Silva acompanhou o presidente na maior parte das viagens, mas também realizou deslocamentos solo para eventos oficiais. Ela soma 54 dias fora do Brasil em 2025, 9 dias a mais que Lula.
O retorno de Lula ao Brasil é marcado por uma agenda política intensa. Na 4ª feira (29.out), o presidente participa da posse de Guilherme Boulos (Psol-SP) como ministro da secretaria-geral da presidência, aliado importante para o projeto de reeleição em 2026. O presidente também deve se reunir com ministros para discutir a megaoperação realizada na 3ª feira no Rio contra o Comando Vermelho. A ação terminou com 64 mortos e 81 presos.
Além disso, a indicação de um nome para a vaga de Luís Roberto Barroso no STF (Supremo Tribunal Federa) deve ser oficializada nos próximos dias. O advogado-geral da União, Jorge Messias, é o favorito. Lula sinalizou que faria o anúncio após o retorno da Ásia.





