• Terça-feira, 23 de dezembro de 2025

Brasil mede carbono no campo e mostra caminhos para agro de baixo carbono

Embrapa e Plano ABC+ mostram como práticas sustentáveis reduzem emissões, aumentam produtividade e transformam o agro brasileiro em aliado do clima.

Programas da Embrapa e o Plano ABC+ avançam na quantificação de emissões e no uso de práticas sustentáveis que transformam a agropecuária em aliada da mitigação climática. Durante a COP30, conferência do clima das Nações Unidas sediada em Belém (PA), em 2025, o governo brasileiro lançou o livro Ciência para o clima e soluções da agricultura brasileira, uma síntese das principais contribuições da ciência nacional para enfrentar a crise climática. Organizada pela Embrapa, a publicação reúne décadas de pesquisa sobre tecnologias, métricas e estratégias que mostram como a agricultura tropical pode reduzir emissões e sequestrar carbono, mantendo alta produtividade. O balanço de carbono — que calcula a diferença entre o carbono emitido e o capturado nos sistemas produtivos — tornou-se um dos principais indicadores da sustentabilidade agropecuária. Segundo a pesquisadora Beata Madari, da Embrapa Arroz e Feijão, mensurar o carbono com precisão é essencial para orientar políticas públicas e certificar cadeias produtivas de baixo impacto. “A avaliação de ciclo de vida e o balanço de carbono permitem comprovar que a agricultura tropical pode ser produtiva e contribuir para mitigar as mudanças climáticas”, explica.
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    A agropecuária brasileira já é uma das que mais aplicam práticas conservacionistas no mundo. O Plano ABC+ (2020–2030), principal política nacional de mitigação de gases de efeito estufa (GEE) no setor, prevê a ampliação do uso de tecnologias sustentáveis em 72 milhões de hectares, evitando a emissão de mais de 1 bilhão de toneladas de CO₂ equivalente até 2030. Entre as ações estão a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), a recuperação de pastagens degradadas, o plantio direto, o uso racional de bioinsumos e irrigação e a fixação biológica de nitrogênio, práticas que aumentam o sequestro de carbono no solo e a eficiência produtiva. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'});Nos sistemas agrícolas, as plantas capturam CO₂ pela fotossíntese, e parte desse carbono é armazenada no solo na forma de matéria orgânica, que pode conter até 58% de carbono. Boas práticas de manejo aumentam esse estoque, melhoram a fertilidade e reduzem o uso de insumos sintéticos. Já o desmatamento e o mau uso do solo liberam carbono e agravam o efeito estufa. Para medir e comparar os fluxos de gases, a Embrapa adota parâmetros do IPCC, que expressa os resultados em CO₂ equivalente. O metano (CH₄) tem potencial de aquecimento 27 vezes maior que o dióxido de carbono, e o óxido nitroso (N₂O), 273 vezes mais potente. A precisão das medições depende da qualidade dos laboratórios, explica Celso Manzatto, da Embrapa Meio Ambiente. A Embrapa coordena o Programa de Análise de Qualidade de Laboratórios de Fertilidade do Solo (PAQLF), que avalia 176 unidades em todo o país, e o Ensaio de Proficiência em Análise de Carbono do Solo (EPCS), primeiro programa interlaboratorial do mundo voltado à harmonização de resultados de carbono, garantindo confiabilidade dos dados usados em inventários e mercados de carbono. Essas iniciativas já geraram resultados expressivos: o primeiro Plano ABC (2010–2020) evitou a emissão de 194 milhões de toneladas de CO₂ equivalente, com práticas sustentáveis adotadas em 54 milhões de hectares. A combinação entre ciência, política pública e inovação tecnológica consolidou o Brasil como referência internacional em agricultura de baixa emissão. A recuperação de pastagens e a integração entre lavoura, pecuária e floresta estão entre os pilares dessa transformação. Hoje, 197 milhões de cabeças de gado ocupam 161 milhões de hectares, 11% a menos do que há 20 anos, enquanto a produtividade quase dobrou. Pastagens bem manejadas sequestram carbono, reduzem o desmatamento e melhoram o bem-estar animal. Sistemas com leguminosas diminuem as emissões de metano entérico e aumentam a fertilidade do solo. Outros avanços vêm de tecnologias agrícolas de baixo carbono, como fertilizantes de ureia tratada com inibidores, que reduzem em até 50% as emissões de N₂O; bioinsumos microbianos, que evitam cerca de 300 kg de CO₂eq por hectare ao ano; e o biochar, que melhora a fertilidade do solo e armazena carbono por séculos. A redução do metano na pecuária é outro foco das pesquisas. Estratégias nutricionais podem reduzir as emissões entéricas em até 48%, com uso de óleos vegetais, leguminosas, algas e aditivos, sem comprometer a produtividade. Para garantir transparência, o país desenvolve ferramentas digitais de mensuração, relato e verificação (MRV), como Sacir, AgroTag MRV, SatVeg e a calculadora GHG Protocol para Agricultura e Pecuária, fortalecendo a rastreabilidade ambiental e o acesso a mercados de créditos de carbono. Com sistemas cada vez mais monitorados e eficientes, a agricultura brasileira mostra que é possível produzir, conservar e mitigar ao mesmo tempo, consolidando um modelo de agropecuária de baixo carbono, competitivo e alinhado ao clima global. Fonte: Embrapa VEJA MAIS:
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  • ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias
    Por: Redação

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