Após diálogos amistosos entre e , que revelaram boa sintonia e abriram canais de negociação, o chanceler brasileiro Mauro Vieira desembarcou em Washington no início desta semana. A missão de Vieira é dar continuidade às conversas diplomáticas sobre as tensões recentes entre Brasil e Estados Unidos.
Encontro com Marco Rubio, previsto para ocorrer até o fim da semana, gera expectativas sobre como serão tratados os impasses comerciais e as tarifas que impactam a relação bilateral.
“Boa química” entre Trump e Lula sustenta diálogo
A interlocução entre e Rubio ocorre após uma série de contatos positivos entre os líderes dos dois países.
Na última semana, Lula e Trump conversaram por telefone por cerca de 30 minutos, abordando tarifas sobre exportações brasileiras e sanções contra autoridades nacionais.
O presidente brasileiro pediu a revogação da sobretaxa e a suspensão das medidas restritivas, incluindo cassação de vistos e sanções financeiras contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Lula destacou o clima cordial da ligação: “Ele me ligou da forma mais gentil que um ser humano pode lidar com o outro. Eu o tratando de ‘forma civilizada e ele me tratando de forma civilizada’”.
Trump também o elogiou, afirmando que o brasileiro é um “bom homem” e que a conversa havia sido ótima.
, durante a Assembleia-Geral da ONU, ocasião em que confirmaram a disposição para futuras negociações.
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Expectativas para o encontro
O governo brasileiro avalia que o encontro entre Vieira e Rubio será decisivo para definir como tratar as tarifas de forma abrangente, incluindo produtos como café, carnes e castanhas, mas também outros setores industriais e agrícolas que enfrentam dificuldades.
Com as negociações em curso, a viagem de Mauro Vieira acontece em meio a esforços para mitigar os efeitos do tarifaço de 50% aplicado por Donald Trump a produtos brasileiros, além das sanções impostas a autoridades do país.
Rubio, designado pelo presidente americano para conduzir as negociações, já manteve contato telefônico com o chanceler brasileiro, recentemente definindo que equipes de ambos os países se reunirão em Washington em data a ser confirmada, para tratar das prioridades econômicas e comerciais.
Segundo comunicado do Departamento de Estado, “o secretário Rubio e o ministro Vieira concordaram em se reunir em breve e estabelecer um mecanismo bilateral para promover interesses econômicos mútuos e outras prioridades regionais importantes”.
Cenas dos capítulos recentes
Com a videoconferência, Planalto e Casa Branca deram início às tratativas para um possível encontro entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, abrindo caminho para uma retomada do diálogo direto entre os líderes de Brasil e Estados Unidos.
Atualmente, os dois países enfrentam um impasse nas relações comerciais e políticas, marcado pelas sanções e tarifas impostas por Washington sobre produtos brasileiros.
Tais medidas que têm provocado impactos econômicos bilaterais e se inserem em um contexto de tensões políticas internas nos EUA.
Além disso, Trump mantém aliança com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e tem buscado pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) a rever processos contra o ex-mandatário, ao mesmo tempo, em que critica as políticas de regulação das big techs em curso no Brasil.

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1 de 8 Donald Trump (EUA) assiste ao discurso de Lula na abertura da Assembleia Geral da ONU, em Nova York Divulgação / ONU
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2 de 8 Lara Abreu / Arte Metrópoles
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3 de 8 Presidente Lula na ONU Alexi J. Rosenfeld/Getty Images
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4 de 8 Presidente Lula discursa na ONU
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5 de 8 Secretário Marco Rubio vai conduzir negociações dos EUA com o Brasil Reprodução
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6 de 8 Marco Rubio PAUL SANCYA/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
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7 de 8 Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores Hugo Barreto/Metrópoles
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8 de 8 Hugo Barreto/Metrópoles
@hugobarretophoto
Caminho para Lula e Trump
O encontro de Vieira com Rubio também prepara terreno para um futuro encontro presencial entre Lula e Trump, que ainda não tem data definida, mas pode ocorrer durante a cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), na Malásia, no final de outubro.
A expectativa é que o diálogo facilite a revisão das tarifas, crie condições para negociações de isenções e restabeleça canais de cooperação econômica e política, garantindo previsibilidade para empresas e comércio bilateral.
Logo quando encontrou com o republicano, o petista deixou claro que não era contra a possibilidade de um novo encontro presencial com Trump.
Segundo fontes do governo brasileiro, a interlocução direta com Rubio, indicado por Trump, aumenta a probabilidade de avanços rápidos, evitando intermediários sem acesso direto ao presidente norte-americano. Lula ressaltou a importância de que as conversas sejam conduzidas “sem preconceito”, para a realidade brasileira ser plenamente compreendida.
O Planalto acredita que o diálogo poderá reduzir tensões e abrir caminho para soluções concretas, beneficiando a economia brasileira e fortalecendo a cooperação entre os dois países. Com a expectativa de avanços nas negociações sobre tarifas e sanções, o encontro de Vieira e Rubio representa um momento crucial para redefinir o rumo das relações bilaterais e preparar o terreno para decisões estratégicas ao nível presidencial.