Estrangeiros que chegaram a Portugal na 3ª feira (14.out) pelo aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, esperaram em filas de mais de 90 minutos para passar pela imigração. O motivo foi o sistema eletrônico de controle de entrada e saída de estrangeiros no Espaço Schengen, que entrou em vigor no domingo (12.out.2025).
A PSP (Polícia de Segurança Pública) de Portugal reconheceu os atrasos para passageiros de fora da UE (União Europeia) e afirmou que a 3ª feira (14.out) foi “sem sombra de dúvida, um dia crítico”. O diretor nacional-adjunto João Ribeiro, responsável pela Unef (Unidade Nacional de Estrangeiros e Fronteiras), disse que as 3ª feiras costumam ser mais movimentadas pelo volume de voos, mas que desta vez a situação foi pior.
“Olhando para o período em que estou nestas funções, há mais de 1 ano, foi o [dia] mais desafiante até agora pelo volume de passageiros nas partidas e chegadas, o que está exigindo grande esforço e empenho de recursos”, declarou Ribeiro à agência Lusa.
“Há desafios tecnológicos, o tempo de processamento de fronteira aumentou substancialmente e nós não conseguimos responder”, disse.
O diretor afirmou que todos os recursos do aeroporto estavam sendo usados e que seria preciso “duplicar as posições que existem” para a PSP atuar de forma adequada, mas disse que não há espaço físico para isso.
Na véspera, a PSP havia divulgado uma nota exaltando o sucesso do 1º dia do EES (Entry/Exit System), ferramenta que substitui o carimbo no passaporte por um registro digital com dados biométricos de cidadãos de países que não integram o bloco, incluindo brasileiros.
No comunicado, a PSP classificou o EES como “um marco histórico” na gestão das fronteiras externas da UE.
De acordo com a Lusa, a ANA, que gerencia o aeroporto em Lisboa, afirmou que o sistema apresentou problemas e que está colaborando com as autoridades para apoiar os passageiros “dentro do seu alcance”.
Relatos de passageiros que desembarcaram em Lisboa nesta 4ª feira (15.out) indicam que o tempo de espera para passar pela imigração está menor que o registrado na 3ª feira (14.out).
Com o EES, cada viajante de fora da UE que não tenha visto de longa duração terá seus dados pessoais e biométricos registrados ao cruzar a fronteira, incluindo foto facial e impressões digitais. O sistema armazenará essas informações por 3 anos e calculará automaticamente o tempo de permanência autorizado, que continua sendo, para brasileiros, de até 90 dias a cada 180 dias.
A coleta será feita no 1º acesso ao território Schengen, em aeroportos, portos, terminais ferroviários e postos rodoviários. Nas viagens seguintes, bastará a identificação facial, sem necessidade de repetir o procedimento completo.
O Espaço Schengen é formado por 27 países da União Europeia (Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polônia, Portugal, República Tcheca, Romênia e Suécia) e 4 países associados: Islândia, Noruega, Suíça e Liechtenstein. O Reino Unido não integra o sistema.
O EES faz parte do programa europeu que busca modernizar o controle migratório e preparar o lançamento do Etias, autorização eletrônica que futuramente será exigida de estrangeiros isentos de visto, incluindo brasileiros.
