• Terça-feira, 30 de dezembro de 2025

Leia a cronologia sobre o caso do Banco Master

PF colhe depoimentos de Vorcaro, BRB e Banco Central nesta 3ª feira (30.dez) para decidir se mantém acareação.

A delegada da Polícia Federal Janaína Palazzo colherá nesta 3ª feira (30.dez.2025) os depoimentos de Daniel Vorcaro, fundador do Banco Master, Paulo Henrique Costa, ex-presidente do BRB (Banco de Brasília), e Ailton de Aquino Santos, diretor de Fiscalização do BC (Banco Central). Depois das declarações, a autoridade policial decidirá se realiza a acareação determinada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli.

A informação foi divulgada pela assessoria da Corte na 2ª feira (29.dez.2025). Segundo o comunicado, depois da coleta dos depoimentos, a delegada avaliará a necessidade de proceder à acareação. Um juiz auxiliar do gabinete de Toffoli e um representante do Ministério Público acompanharão o procedimento. Os nomes não foram informados, e a imprensa não terá acesso aos relatos.

As declarações começarão às 14h. O STF informou que enviou um link de videoconferência para os participantes. Vorcaro pediu para prestar o depoimento presencialmente na Corte.

Conforme antecipado pelo Poder360, o mais provável é que Toffoli deixe a acareação para 2026. O magistrado pretendia fazer o quanto antes a acareação e, ainda, ouvir os envolvidos separadamente para, em seguida, confrontar as versões sobre o processo de liquidação extrajudicial do Banco Master. Mas foi alertado pela PF (Polícia Federal) que o volume das informações que foram obtidas na operação Compliance Zero (de 3 de setembro de 2025) era muito grande. A eficácia da acareação seria menor do que desejava Toffoli.

Com isso, o ministro disse à Polícia Federal que tomasse depoimentos separadamente dos 3 que seriam acareados. Essas inquirições serão feitas pela delegada Palazzo. O mais provável, segundo apurou o Poder360, é que na 3ª feira (30.dez) sejam só tomados os depoimentos de cada 1 dos 3 que seriam acareados. A PF fará perguntas para esclarecer alguns detalhes das informações encontradas em equipamentos apreendidos pela Compliance Zero.

A coleta de depoimentos pela PF é mais um capítulo na história do escândalo do Banco Master.

Relembre, a seguir, a linha do tempo do caso com explicações abaixo:

Daniel Vorcaro, proprietário do Banco Master, é preso no Aeroporto de Guarulhos, quando embarcava para os Emirados Árabes Unidos. Ele foi alvo de uma operação da Polícia Federal que suspeitava de risco de fuga

Por determinação da Justiça Federal, ou seja, decisão da juíza federal Solange Salgado, do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), Vorcaro é solto e cumpre com medidas cautelares, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica.

No mesmo dia, Toffoli, relator do caso de Vorcaro no STF, vai de jatinho a Lima, Peru, para ver a final da Libertadores entre Palmeiras e Flamengo. O dono do avião é o empresário Luiz Osvaldo Pastore, que convidou também o ex-deputado e ex-ministro Aldo Rebelo e o advogado Augusto Arruda Botelho, todos palmeirenses.

Botelho é advogado de Luiz Antonio Bull, que foi diretor de Compliance do Banco Master e preso na operação Compliance Zero. A divulgação do fato provocou pressão pela implementação de um código de conduta no poder Judiciário.

Em 18 de dezembro, o advogado criminalista afirmou que estava no jatinho apenas como “torcedor do Palmeiras, sem relação com interesses profissionais ou institucionais. “Sou um profissional liberal. Advogado criminalista. Trabalho no escritório de advocacia que fundei, o Arruda Botelho Sociedade de Advogados. Não sou funcionário público, não sou concursado, não tenho cargo público ou eletivo. Não trabalho para governos ou autarquias”, escreveu nas redes sociais.

Dias Toffoli decreta sigilo sobre o pedido da defesa do banqueiro Daniel Vorcaro para reconhecer a Justiça Federal como incompetente para lidar com o seu caso. O magistrado determinou o nível máximo de restrição após a divulgação de que a Corte havia recebido o pedido. 

Dias Toffoli determina que todas as novas diligências da Operação Compliance Zero contra o Banco Master sejam previamente autorizadas pelo STF. Ele entendeu que a investigação pode envolver pessoas com foro privilegiado e, por isso, não pode mais ser conduzida exclusivamente pela Justiça Federal. Eis a íntegra do despacho (PDF – 136 kB).

De acordo com Toffoli, as decisões que estavam sendo tomadas pela 10ª Vara Federal de Brasília –como oitivas, análises de materiais apreendidos e compartilhamento de informações com o Ministério Público Federal– passam a depender de autorização do Supremo. “Qualquer medida judicial há de ser avaliada previamente por esta Corte e não mais pela instância inferior”, determinou.

Rumores do possível envolvimento da mulher de Moraes, a advogada Viviane Barci de Moraes, na venda do Master ao BRB ganharam força em razão da sua contratação pelo banco. Seus honorários eram de R$ 3.646.529,77 por mês, por 36 meses O total somado é de R$ 131.275.071,72 ao final da prestação de serviços. Essas informações foram divulgadas pela jornalista Malu Gaspar.

O contrato entre Viviane Barci e o Master nunca foi divulgado na íntegra. Tampouco é conhecido quanto do acordo foi honrado, quais serviços exatamente foram prestados nem quantos pagamentos foram feitos. Viviane e o Master nunca contestaram os dados parciais já publicados.

Os rumores passam a incluir Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central. Moraes teria procurado o economista ao menos 4 vezes. As informações também foram divulgadas pela jornalista Malu Gaspar. 

Ainda em outubro de 2025, o Poder360 ouviu de 2 banqueiros da Faria Lima (onde se concentram os operadores financeiros e bancários) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) relatava saber que Moraes havia telefonado para Galípolo 5 vezes num único dia. Esses contatos, além de um encontro pessoal, teriam coincidido com a propagação da notícia sobre o iminente veto do Banco Central à operação de venda do Master para o BRB.

Os relatos ouvidos pelo Poder360 na Faria Lima indicam que teria sido o próprio presidente do Banco Central quem avisou ao presidente da República sobre as conversas. Na Faria Lima e dentro do STF, o boato ganhou corpo. Lula teria relatado esse episódio, em ocasiões diferentes, a vários interlocutores: banqueiros, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e ministros do STF. 

O petista expressaria que Galípolo teria se sentido incomodado e que o chefe da autoridade monetária até teria mostrado uma mensagem de texto que recebera em seu celular do ministro do Supremo. O Poder360 apurou, entretanto, que Galípolo tem negado veementemente a todos que o abordam sobre a veracidade dessa narrativa a respeito de ter sofrido pressão por parte de Moraes.

Moraes e o BC (Banco Central) publicam notas à imprensa negando que falaram sobre o Banco Master, mas confirmando que 2 encontros foram realizados para falar sobre a Lei Magnitsky. O ministro também declarou que o escritório de advogados da sua mulher, Viviane Barci de Moraes, nunca atuou na operação da venda do Master para o BRB (Banco de Brasília). A confirmação de que as autoridades se manifestariam apenas sobre assuntos relacionados às sanções dos EUA já havia sido antecipado pelo Poder360.

“O Ministro Alexandre de Moraes esclarece que realizou, em seu gabinete, duas reuniões com o Presidente do Banco Central para tratar dos efeitos da aplicação da Lei Magnitsky. A primeira no dia 14/08, após a primeira aplicação da lei, em 30/07; e a segunda no dia 30/09, após a referida lei ter sido aplicada em sua esposa, no dia 22/09. Em nenhuma das reuniões foi tratado qualquer assunto ou realizada qualquer pressão referente à aquisição do BRB pelo Banco Master. Esclarece, ainda, que jamais esteve no Banco Central e que inexistiu qualquer ligação telefônica entre ambos, para esse ou qualquer”, escreveu o gabinete de Moraes. 

O BC também confirmou o encontro, mas sem mencionar o Master. “O Banco Central confirma que manteve reuniões com o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, para tratar dos efeitos da aplicação da Lei Magnitsky”, declarou a instituição.

Ainda em 23 de dezembro, o Poder360 publicou uma reportagem investigativa sobre créditos falsos no sistema financeiro, mostrou que há muitos indícios de que uma indústria de criação de créditos falsos foi usada para aumentar o valor dos ativos do Master –algo que a instituição nega.

O texto foi resultado de semanas de apuração. Este jornal digital analisou documentos internos do Banco Central enviados ao Ministério Público Federal, despachos da Controladoria Geral da União e materiais produzidos pela CPI do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e entrevistou formalmente a autoridade monetária, que respondeu por escrito a 3 rodadas de perguntas. O produto final desse material descreve um sistema desenhado para acreditar em arquivos –e uma indústria paralela que aprendeu a fabricar esses arquivos em escala industrial. Leia a reportagem aqui.

Toffoli marca uma acareação entre Vorcaro, o diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton de Aquino Santos, e o ex-presidente do BRB (banco estatal de Brasília), Paulo Henrique Costa, conforme antecipado pelo Poder360. A data pré-agendada para a audiência é 30 de dezembro às 14h.

O BC (Banco Central) envia um pedido para que o ministro Dias Toffoli esclareça a acareação entre os investigados no caso do Banco Master. O BC queria saber se o diretor de Fiscalização, Ailton de Aquino Santos, seria ouvido como acusado ou como testemunha.

No documento, o Poder360 apurou que o BC teria dito que seria uma “armadilha processual” e “constrangimento” de entidades públicas. A autoridade monetária encaminhou 4 pontos centrais de dúvidas:

A autoridade monetária fez o pedido por meio de embargos de declaração, um tipo de recurso usado para questionar uma decisão quando houver omissão, contradição, obscuridade ou erro material no texto.

Associações do sistema financeiro publicam uma nota em defesa do BC no caso do Banco Master. Os signatários defendem que a autoridade monetária faz uma supervisão bancária atenta e independente, de forma exclusivamente técnica, prudente e vigilante. Leia a íntegra do comunicado (PDF – 215 kB).

A nota é assinada pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos), ABBC (Associação Brasileira de Bancos), pela Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento) e Zetta (associação que representa empresas do setor financeiro e de meios de pagamentos).

No mesmo dia, Toffoli nega o recurso apresentado pelo BC contrário à acareação do inquérito do Banco Master.O ministro do STF disse que Aquino Santos não é investigado. Afirmou que a autoridade monetária também não é tratada assim no inquérito. Leia a íntegra (PDF – 79 kB).

O magistrado defendeu a urgência da acareação. “Diante da significativa interferência dos fatos em apuração no sistema financeiro brasileiro, justificada está a urgência da realização das oitivas, em cotejo com os documentos já adunados aos autos”, argumentou o ministro do STF.

Segundo Toffoli, a participação do BC na acareação é “salutar” para o inquérito. “Tendo em vista que o objeto da investigação tange a atuação da autoridade reguladora nacional, sua participação nos depoimentos e acareações entre os investigados é de especial relevância para o esclarecimento dos fatos”, escreveu.

A assessoria do STF informa que a Polícia Federal colherá os depoimentos de Vorcaro, Henrique Costa e Ailton para depois avaliar a necessidade de proceder à acareação determinada por Toffoli. Segundo o comunicado, um juiz auxiliar do gabinete de Toffoli e um representante do Ministério Público acompanharão o procedimento. Os nomes não foram informados, e a imprensa não terá acesso aos relatos.

No mesmo dia, o Poder360 antecipa que a delegada Janaína Palazzo colherá os depoimentos e que o ministro decidiu deixar o confronto entre versões para janeiro de 2026. Ele foi alertado pela PF que o volume de informações obtidas na operação Compliance Zero (de 3 de setembro de 2025) era muito grande.

O ministro, então, aquiesceu e disse à Polícia Federal que tomasse depoimentos separadamente dos 3 que seriam acareados. Essas inquirições serão feitas pela delegada Palazzo. O processo começa às 14h e possivelmente não haverá condições para organizar o roteiro da acareação para o mesmo dia.

Em 28 de março, o BRB havia anunciado que compraria o Master e que a operação daria mais competitividade ao mercado bancário e solidez à instituição financeira estatal do governo de Brasília. O BRB pretendia comprar R$ 50 bilhões de ativos do Master (49% do capital votante e 58% do capital total). 

A operação foi vetada pelo Banco Central em 3 de setembro de 2025. Em 18 de novembro, o BC liquidou o Master. A decisão se deu no mesmo dia em que a PF deflagrou a operação Compliance Zero e prendeu o fundador do Master, Daniel Vorcaro, e outros dirigentes da instituição.

A investigação teve início em 2024, quando o BC identificou irregularidades nas operações do Banco Master e comunicou o caso ao MPF. A fraude chegou a R$ 12 bilhões, segundo afirmou Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF, durante a CPI do crime organizado em 18 de novembro.

Segundo a PF, o Banco Master emitia CDBs (Certificado de Depósito Bancário) com a promessa irreal de pagar 40% acima das taxas praticadas pelo mercado. O BC (Banco Central) decidiu colocar o Banco Master sob administração especial temporária por 120 dias e decretar a liquidação do conglomerado.

Por: Poder360

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