“A pecuária foi construída para dar errado”: Você é fazendeiro ou dono de fazenda?

Em debate, consultor aponta como a cultura histórica de tratar a fazenda como “depósito” ainda ameaça o produtor que insiste no amadorismo Há verdades no agronegócio que incomodam porque tocam em feridas geracionais. Durante o episódio 133 do MF Cast, uma dessas verdades foi dita com todas as letras, lançando um desafio direto a todo produtor que ainda opera no piloto automático. “A pecuária foi construída para dar errado”. A frase, dura e provocativa, não veio de um observador externo, mas do coração do setor. Em debate com os hosts Roberto Fabrizzi Lucas e Walter Celani, o consultor Antonio Pacheco (Pacheco Consultoria Agropecuária) dissecou a anatomia do fracasso histórico de muitas propriedades no Brasil. Não se trata de um pessimismo vazio, mas de um diagnóstico preciso sobre a cultura da marginalização do campo.

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A raiz do problema: A fazenda como “Depósito” Aprofundando a discussão, Pacheco explicou que a estrutura inicial da pecuária em muitas famílias não foi desenhada com dolo, mas com descaso. A fazenda era historicamente o “plano B”, o refúgio para o que sobrava na cidade. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'});“Ela não foi feita com o intuito de dar errado, mas começou com o móvel velho indo pra fazenda, o carro velho indo pra fazenda, o filho que não quer estudar vai pra fazenda”, detalhou o consultor. Essa “herança cultural” criou uma distorção perigosa: a ideia de que a atividade rural aceita qualquer nível de gestão. Ao enviar mão de obra desqualificada (muitas vezes familiar) para gerir patrimônios multimilionários em terras e rebanhos, o setor criou, nas palavras dos participantes, uma marginalização da própria atividade. A falácia do “Dono de Terra” versus o “Empresário Rural” O debate no MF Cast tocou em um ponto nevrálgico: a complexidade ignorada. Nenhuma outra indústria permite um nível de entrada tão amador quanto a pecuária historicamente permitiu. A analogia utilizada no episódio é irrefutável: ninguém abre um hospital sem médicos ou sem entender de saúde. Ninguém assume uma indústria química sem engenheiros. Mas, na pecuária, ainda existe a figura do “dono de terra” que acredita que, por ter a escritura, é automaticamente um pecuarista capaz. Essa mentalidade ignora que a pecuária moderna é uma indústria a céu aberto, sujeita a volatilidade cambial, riscos climáticos, pressões ambientais e exigências sanitárias globais. Tratar isso como “fazenda de fim de semana” não é mais apenas um erro; é uma sentença de morte financeira para a propriedade. O Negócio é bom, mas exige construção Apesar do diagnóstico severo sobre o passado, a mensagem final do debate é de um otimismo realista. A pecuária é, sim, um negócio extraordinário e rentável — “dá dinheiro”, como reforçado na conversa. No entanto, essa rentabilidade não é mais automática. O lucro hoje não aceita desaforo. Ele exige que o produtor pare de “tirar” da fazenda e comece a “construir” o negócio. Isso significa leitura fria de números, estratégia de manejo baseada em dados, e não em “achismos”, e a profissionalização da equipe, seja ela familiar ou contratada. O ultimato dado por Antonio Pacheco, Roberto Lucas e Walter Celani é claro: o ciclo histórico da pecuária “feita para dar errado” precisa ser rompido pela atual geração. Resta saber quem terá a coragem de fazer essa transição de forma definitiva. Escrito por Compre Rural com informações do MF Cast. VEJA MAIS:

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias