• Sexta-feira, 7 de novembro de 2025

O Brasil vai alimentar o mundo e a pecuária é o caminho

Em entrevista, o pecuarista Carlos Martins revela como a intensificação, o uso da tecnologia e o foco na eficiência transformam a pecuária nacional em pilar estratégico para alimentar o planeta

Em entrevista, o pecuarista Carlos Martins revela como a intensificação, o uso da tecnologia e o foco na eficiência transformam a pecuária nacional em pilar estratégico para alimentar o planeta Em um cenário global marcado pelo aumento da demanda por alimentos e pela exigência de práticas mais sustentáveis,  a pecuária brasileira surge como protagonista na missão de alimentar o mundo. Essa é a visão de  Carlos Alberto Cunha Martins Júnior, sócio-proprietário do  Boitel Martins 3 Agro, que concedeu uma entrevista reveladora à  Scot Consultoria, destacando os desafios, avanços e oportunidades da pecuária intensiva no Brasil. Da tradição à tecnificação: a virada em 2019 Segundo Martins,  a transição da pecuária tradicional para o modelo intensivo começou em 2019, com a decisão estratégica de investir em confinamento próprio. “A pecuária sempre esteve presente na minha vida — desde a minha família, com meu pai, até o que fazemos hoje. A intensificação começou em 2019, quando decidimos investir em confinamento próprio. Começamos com poucos bovinos e hoje trabalhamos com cerca de 5 mil cabeças estáticas”, afirmou.
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    O motivo por trás dessa mudança? A necessidade de  aumentar produtividade e competitividade, já que “ as margens da pecuária tradicional diminuíram muito”. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'}); “Acredito que quem não se tecnificar vai naturalmente sair da atividade. A pecuária atual exige gestão, informação e eficiência. O produtor precisa dominar tecnologia, conhecer custos e garantir margens — e não apenas se preocupar com o preço da arroba.” Sustentabilidade, gestão e inovação no campo Carlos reforça que a modernização da pecuária não é mais opcional, mas  uma questão de sobrevivência econômica e ambiental. Entre as medidas adotadas pelo Boitel Martins 3 Agro, destacam-se  a produção de silagem de sorgo, menos suscetível a intempéries climáticas e ao ataque de javalis — um problema recorrente com o milho —, e o investimento em  lavouras sustentáveis sem uso de defensivos agrícolas. “É isso que o mercado exige: pecuária de precisão, sustentável e financeiramente equilibrada.” Além da tecnologia, o pecuarista acredita que o  compartilhamento de conhecimento é essencial para acelerar a evolução do setor. “A troca de conhecimento é fundamental. O produtor que não buscar informação e tecnologia acabará saindo da atividade”, alerta. Especialização e foco na eficiência Outro ponto forte da entrevista é o destaque para a  necessidade de especialização dentro da cadeia produtiva. Para ele,  cada etapa — cria, recria e engorda — deve ser profissionalizada ao máximo: “Quem faz cria, que a faça bem-feita; quem recria, que invista em genética e nutrição; quem engorda, que busque conversão alimentar e rentabilidade. Essa especialização já é realidade em países como Estados Unidos e Austrália, e o Brasil está trilhando o mesmo caminho.” Segundo Martins, a  pecuária está vivendo agora o mesmo processo de tecnificação que a agricultura passou há 10 ou 15 anos, com foco em produtividade por área e controle de indicadores zootécnicos. Ele enfatiza que  “o brasileiro é competitivo e inovador”, e que o crescimento dos confinamentos é prova disso. Brasil como potência global da carne bovina e da pecuária Carlos Martins acredita que o Brasil tem todas as condições de  se consolidar como o principal fornecedor global de proteína bovina. Segundo ele,  o caminho passa pelo melhor uso da genética, da inseminação artificial e da integração com o setor leiteiro — com destaque para o avanço do modelo beef on dairy. “O rebanho leiteiro brasileiro é grande e tecnificado, com excelente taxa de prenhez, uma oportunidade enorme para produzir bezerros de qualidade, com genética definida e carne superior.” Martins também destaca que  não é preciso abrir novas áreas para aumentar a produção, pois há espaço para crescer com produtividade. “Em estados como Minas Gerais, apenas 30% da área é ocupada com pecuária”, observou. “O futuro da alimentação mundial passa pelo Brasil. Temos clima, tecnologia e capacidade produtiva para dobrar nossa produção e continuar sendo o maior exportador e, em breve, o maior produtor de carne do planeta.” A entrevista com Carlos Martins é  uma síntese do novo espírito que impulsiona a pecuária brasileira: profissionalismo, foco em resultados, sustentabilidade e visão de futuro. Para ele, o Brasil pode — e deve — assumir a responsabilidade de  alimentar o mundo com carne de qualidade, produzida com respeito ao meio ambiente e à rentabilidade do produtor. “O brasileiro tem esse espírito: é desafiador, inovador e determinado. É isso que vai sustentar o crescimento da nossa pecuária e consolidar o país como o grande fornecedor de proteína do mundo.” Entrevista completa disponível no YouTube da Scot Consultoria. O conteúdo faz parte da série de entrevistas realizadas com produtores durante o projeto  Confina Brasil, que visitou 185 propriedades em 15 estados brasileiros em 2025, mapeando tendências e indicadores da pecuária intensiva nacional.
    Por: Redação

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