• Domingo, 7 de setembro de 2025

Uso de boné "Brasil é dos Brasileiros" por governistas impulsiona vendas

Altas na comercialização do item vieram depois de introdução do mote por Padilha (4.fev) e 1ª aparição pública de Lula pós-tarifaço (11.jul).

As vendas do boné usado por governistas com a frase “O Brasil é dos brasileiros” tiveram pico em fevereiro e julho, quando integrantes do governo vestiram o item para demonstrar nacionalismo frente ao que consideraram ataques à soberania nacional. As vendas cresceram, em especial, após a aplicação da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), em 1º de agosto.

A criação do acessório, apropriado pelos governistas como símbolo nacionalista, é atribuída ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, como resposta ao slogan “Make America Great Again” (Faça a América grande novamente) de Trump. Aliados de Lula começaram a usar o boné durante a eleição do Senado, em 1º de fevereiro. Justamente o 1º pico de vendas da Lojinha Reflexiva do empresário de Ribeirão Preto, Hanke Hudson.

Hanke contou ao Poder360 que passou a receber pedidos de clientes quando os ministros Carlos Fávaro (Agricultura), Camilo Santana (Educação), o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) e o então secretário das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, apareceram com o boné, em fevereiro.

No mesmo dia, passei a receber dezenas de mensagens no direct, nos comentários da loja pedindo o boné. No dia seguinte, consegui com o nosso fornecedor e a gente vendeu 300 unidades, praticamente todas“, afirmou Hanke.

O proprietário da Reflexiva conta que percebe a correlação dos acontecimentos políticos com as suas vendas. Hanke diz que vendeu intensamente nas 2 semanas depois do 1º de fevereiro, em especial para o carnaval. Mas a procura caiu logo em seguida.

Em março, abril e maio não teve procura. E não vendemos mais. A gente não fez a compra de um novo lote, então o boné saiu de linha“, contou o proprietário da loja de Ribeirão Preto.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou o item pela 1ª vez em 4 de fevereiro em um vídeo em que aparece colocando e tirando o boné de cor azul, com as letras brancas. Além do vídeo, a publicação é acompanhada de uma mensagem do petista: “Bom dia. O Brasil é dos Brasileiros“.

Assista ao vídeo (25s):

O retorno do boné às cabeças de governistas ocorreu em 11 de julho, quando o presidente Lula apareceu com o acessório na 1ª agenda pública após Trump anunciar a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.

Pouco mais de 1 mês depois, em 26 de agosto, a cena se repetiu: grande parte dos ministros de Lula usou o boné azul durante a 2ª reunião ministerial de 2025. Segundo apurou o Poder360, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, comprou os bonés para a reunião com dinheiro próprio. Sua assessoria não quis revelar de qual loja os comprou, apenas que foi ele quem encomendou e pagou.

Desde a imposição das tarifas, o Planalto adotou “soberania” como palavra-chave na comunicação sobre o tema comercial. A expectativa era que Lula aproveitasse encontros como o ministerial para reforçar a comunicação. O discurso contribuiu para uma melhora parcial da popularidade do petista, segundo pesquisas de opinião.

A adesão governista teve reflexo direto no comércio. O uso do boné em eventos públicos resultou em nova onda de procura pelo acessório na loja de Hanke Hudson.

Depois de um período sem vendas, a curva tornou a crescer em julho. E foi nesse cenário que Hanke sentiu a virada. “A partir de julho vendemos de novo. Quando saíram as notícias das tarifas do Trump e dos ataques do Eduardo Bolsonaro, lá dos Estados Unidos, ao Brasil, nós sentimos na loja e na página [da web da Reflexiva], nos comentários, no engajamento, uma vontade de expressar nacionalismo“, contou o empresário a este jornal digital.

Segundo o ribeirão-pretano, a procura disparou de um dia para o outro: “Por conta dessas notícias, todo mundo passou a querer o boné de novo. Nós tivemos que comprar novos lotes. Desde então, a gente tem vendido direto. Mas o boom mesmo foi em julho, junto com as notícias das tarifas. Então está tudo muito, muito ligado: a política com as vendas“.

O comportamento identificado por Hanke Hudson também aparece nos dados do Google Trends, ferramenta do Google que mede o interesse de usuários em determinados termos de busca ao longo do tempo. O indicador não revela números absolutos, mas atribui uma pontuação relativa de 0 a 100, sendo 100 o pico de popularidade em um período.

Levantamento feito pelo Poder360 mostra que as pesquisas pelo termo “boné o brasil é dos brasileiros comprar” oscilaram de janeiro até 5 de setembro de 2025 (data do levantamento dos dados) em sintonia com os momentos de maior exposição do acessório por governistas.

O 1º pico ocorreu entre 2 e 8 de fevereiro, quando os governistas usaram o boné azul. A procura atingiu o índice máximo de 100 pontos.

Um 2º movimento aconteceu em julho. Na semana de 13 a 19 de julho, as pesquisas pontuaram 40 pontos, quando Lula usou o acessório em 11 de julho.

Em seguida, na semana de 31 de agosto, a busca voltou a crescer, alcançando 44 pontos.

Os dados corroboram a percepção de Hanke: cada vez que o boné aparece em eventos oficiais ou é associado a disputas políticas pela soberania do Brasil, cresce tanto o interesse no Google quanto as vendas em sua loja.

Por: Poder360

Artigos Relacionados: