• Domingo, 26 de outubro de 2025

Sob pressão, Milei enfrenta eleição que definirá o futuro do governo

Em meio a crise política e econômica, argentinos vão às urnas neste domingo (26/10) para julgar a gestão de Javier Milei e o rumo do país

Os voltam às urnas neste domingo (26/10) para uma eleição que ultrapassa a rotina parlamentar. A disputa legislativa se transformou em um verdadeiro plebiscito sobre o presidente da Argentina, , que em menos de dois anos após chegar ao poder com promessas de “refundar o país”, encara queda de popularidade, denúncias de corrupção e uma economia ainda em turbulência. O resultado das eleições legislativas poderá determinar não apenas o futuro do Congresso, mas a sobrevivência política do governo de Milei até 2027. Com metade da Câmara dos Deputados (127 de 257 assentos) e um terço do Senado (24 de 72 cadeiras) em jogo, o líder argentino busca garantir sustentação para seguir com o plano econômico ultraliberal. A derrota significaria um bloqueio quase total à agenda de Milei, que depende da aprovação de reformas fiscais e trabalhistas. Campanha sob tensão Na quinta-feira (23/10), Milei encerrou a campanha em Rosário, em um ato marcado por símbolos grandiosos e pela retórica de confronto. Vestindo a clássica jaqueta de couro preta, Milei voltou a se autoproclamar líder do “primeiro governo libertário do mundo” e pediu tempo para “completar a reconstrução nacional”. “. A partir de domingo, a Argentina mudará radicalmente”, afirmou. Mas a euforia do evento contrastou com o cenário político real: o governo chega às urnas enfraquecido por demissões em série, derrotas legislativas e escândalos envolvendo figuras próximas, como o ex-candidato José Luis Espert, acusado de ligações com o narcotráfico. Leia também Pesquisas escancaram desgaste de Milei Pesquisas indicam um ambiente desfavorável. É a maior diferença negativa já registrada pelo instituto desde o início do mandato. Os números refletem a insatisfação com o custo de vida, o desemprego e a percepção de corrupção no governo. Entre os entrevistados, 68% acreditam que a economia “vai mal” e 70% afirmam que o mercado de trabalho piorou. Apesar disso, a La Libertad Avanza, de Milei, ainda lidera ligeiramente as intenções de voto nacionais, com 41,1% — seguida pela coalizão peronista Fuerza Patria, com 37,2%. Em terceiro lugar aparece o bloco Provincias Unidas, formado por governadores de diferentes províncias, com 5,8%. Fator Trump e o peso da economia O presidente norte-americano ofereceu apoio financeiro e político à Argentina, mas com uma condição explícita: a vitória de Milei nas urnas. “Se perder, não contará conosco. Não seremos generosos”, declarou Trump durante encontro bilateral. O governo norte-americano realizou a compra de US$ 20 bilhões em pesos argentinos em um acordo de swap cambial, garantindo fôlego temporário ao Banco Central e tentando conter a volatilidade do câmbio. Luis Caputo, ministro da Economia da Argentina, classificou a votação de domingo como “mais importante do que a presidencial de 2027”. Para ele, o resultado será “um sinal ao mundo” sobre a continuidade das políticas de ajuste e o compromisso da Argentina com o equilíbrio fiscal. 5 imagens Presidente da Argentina, Javier Milei Milei critica kirchnerismo, após vazamento de escândalo de corrupçãoJavier MileiFechar modal. 1 de 5 Tomas Cuesta/Getty Images 2 de 5 Presidente da Argentina, Javier Milei Gabriel Luengas/Europa Press via Getty Images 3 de 5 Kevin Dietsch/Getty Images 4 de 5 Milei critica kirchnerismo, após vazamento de escândalo de corrupção Foto: reprodução/redes sociais 5 de 5 Javier Milei Mario De Fina/NurPhoto via Getty Images Novo sistema de votação e incertezas Além da tensão política, esta será a primeira eleição nacional com o novo sistema de cédula única de papel (BUP), aprovado em 2024, e sem as primárias obrigatórias conhecidas como PASO. Para evitar confusões, candidatos e governadores lançaram vídeos explicativos — e até o governador de Buenos Aires, Axel Kicillof, alertou: “Faça um X, não seja criativo.” A aposta e o risco O objetivo do governo é alcançar ao menos um terço das cadeiras no Congresso, suficiente para aprovar medidas e barrar ações da oposição. Atualmente, a coalizão de Milei tem 79 deputados e 14 senadores, somando os aliados. Uma vitória expressiva poderia desbloquear reformas, fortalecer o peso político do presidente e, sobretudo, reverter a narrativa de desgaste.
Por: Metrópoles

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