• Segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Quem é Doca, líder do CV com recompensa de R$ 100 mil

Procurado por mais de 100 homicídios, ele é o principal alvo da Operação Contenção e o criminoso mais procurado do Rio.

O traficante Edgard Alves Andrade, conhecido como Doca da Penha ou Urso, é considerado o principal nome do CV (Comando Vermelho) em liberdade. Abaixo só de Fernandinho Beira-Mar e Marcinho VP —ambos presos—, ele era o principal alvo da operação Contenção, deflagrada na 3ª feira (28.out.2025) nos Complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro. Segundo o secretário estadual de Polícia Civil, Felipe Curi, Doca escapou do cerco ao usar suspeitos armados como barreira humana.

O Disque Denúncia oferece recompensa de R$ 100 mil por informações que levem à captura do líder da facção criminosa, o maior valor oferecido desde 2000, quando a mesma quantia foi prometida por Fernandinho Beira-Mar. Aos 55 anos, Doca tem mais de 20 mandados de prisão expedidos e é investigado por mais de 100 homicídios.

Criado na Vila Cruzeiro, na zona norte do Rio, o traficante chegou a se esconder no morro do São Simão, em Queimados, na Baixada Fluminense. É fugitivo do sistema carcerário e, segundo a polícia, exerce forte influência nas decisões estratégicas da facção.

Doca foi apontado como mandante do assassinato de 3 médicos na Barra da Tijuca, em outubro de 2023. As vítimas participavam de um congresso e foram confundidas com milicianos. Depois do crime, o líder do CV ordenou a execução dos assassinos, ao descobrir o erro de identificação.

Ele também é investigado por envolvimento no caso dos 3 meninos desaparecidos em Belford Roxo, em dezembro de 2020. Segundo as investigações, o grupo teria torturado e matado as crianças por um desentendimento banal e Doca mandou executar os próprios subordinados responsáveis pelas mortes. Os corpos dos garotos e dos executores nunca foram encontrados.

Doca nasceu em 1970, possivelmente em Caiçara —segundo a BBC, há divergências sobre se o município fica na Paraíba ou no Rio Grande do Sul. Ele entrou para o crime há cerca de 20 anos e foi preso em flagrante em 2007 por porte de arma e tráfico de drogas na Vila da Penha. À época, afirmou ser militar. Depois de progredir para o regime semiaberto, fugiu e passou a ocupar posição de comando no CV.

Com papel central na estrutura da facção, Doca controlava recursos e coordenava ataques em áreas da zona norte. É considerado um dos principais responsáveis pela expansão do CV, que, de 2022 a 2023, ampliou em 8,4% as áreas dominadas e passou a controlar 51,9% dos territórios sob influência de grupos armados na região metropolitana do Rio.

Segundo reportagem da BBC, Doca também foi citado em investigações da Polícia Federal sobre o deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos (MDB-RJ), o TH Joias, preso em setembro. O deputado é acusado de intermediar armas e lavar dinheiro do tráfico por meio da venda de joias e bens de luxo. TH Joias teria relatado encontros com Doca e outros líderes da facção.

Durante a operação Contenção, forças de segurança do Rio afirmaram que Doca conseguiu escapar da Vila Cruzeiro ao usar criminosos armados como escudo contra a aproximação da polícia.

“O Doca, nós não conseguimos pegar nesse 1º momento porque é uma estratégia que eles fazem. Essa liderança, principalmente a liderança do Doca, o que eles fazem? Ele bota os ‘soldados’ como mais uma barreira, a gente tem toda essa dificuldade”, disse Victor Santos, secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro em entrevista à GloboNews.

A megaoperação contra o CV realizada na última 3ª feira (28.out) prendeu 113 pessoas e resultou na morte de 117 criminosos e de 4 policiais, sendo a mais letal da história do país.

Eis um balanço da operação Contenção, de acordo com dados da Secretaria de Polícia Civil do Rio de Janeiro:

Em relação aos 113 presos durante a operação, cerca de 40% não são do Rio de Janeiro. A Secretaria de Polícia Civil do Rio de Janeiro informou que há suspeitos de 8 Estados fora do Rio, incluindo Pará, Amazonas, Bahia, Ceará, Paraíba, Goiás, Mato Grosso e Espírito Santo.

O secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Felipe Curi, detalhou, nesta 6ª feira (31.out), citando os apelidos, que entre os mortos na operação estavam chefes do tráfico de diferentes Estados:

Entre os 117 que morreram, 39 são de outros Estados:

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Por: Poder360

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