Gado Nelore surpreende com alto marmoreio e mostra sua força na era da carne premium

Avanço genético da raça zebuína impulsiona a produção de carne de qualidade no Brasil, desafiando paradigmas e elevando o valor agregado do rebanho nacional; Lote de Novilhas Nelore da Fazenda Santa Nice, alcança 58% de rendimento de carcaça e nota 9 de marmoreio; vídeo O Brasil possui o maior rebanho bovino comercial do planeta, com cerca de 234 milhões de cabeças segundo dados do IBGE, e lidera o ranking global de exportação de carne bovina, responsável por mais de 25% da carne embarcada no mundo. Essa potência pecuária, que por muito tempo foi associada a volume, vem cada vez mais se consolidando também pela qualidade — e um dos grandes protagonistas dessa transformação atende pelo nome de Nelore. Confira os detalhes do melhoramento que produziu gado Nelore com marmoreio de nota 9. Tradicionalmente reconhecida por sua rusticidade, eficiência alimentar e adaptabilidade ao clima tropical, a raça zebuína mais representativa do país — presente em mais de 80% dos rebanhos comerciais — vem conquistando espaço no segmento premium da carne bovina, antes dominado por cruzamentos com raças taurinas europeias. A mudança tem base sólida: melhoramento genético focado em características de carcaça, rendimento e, principalmente, marmoreio.

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O sonho de duas décadas que virou realidade na Fazenda Santa Nice Um exemplo emblemático desse avanço vem da Fazenda Santa Nice, localizada em Amaporã, no noroeste do Paraná. Com uma história de tradição desde 1944, a propriedade é referência na seleção de Nelore Puro de Origem (PO) e vem colhendo frutos impressionantes após quase 20 anos de trabalho contínuo em melhoramento genético voltado à qualidade de carne. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'});Segundo publicação recente da fazenda, os primeiros passos desse projeto foram dados em 2005/2006, com apoio técnico de instituições e profissionais como a DGT Brasil, Embrapa, Luiz Otávio e Amadeu Teixeira. O foco foi a seleção de indivíduos superiores para características como Área de Olho de Lombo (AOL), Espessura de Gordura Subcutânea (EGS), Ratio e Marmoreio, tudo dentro de um sistema de produção a pasto, com mínima suplementação. Os resultados falam por si: na última safra, quase 50% das fêmeas apresentaram marmoreio acima de 3,5 pontos aos 15/16 meses, com média geral de 3,30, todas criadas exclusivamente em regime extensivo. Do campo ao açougue: padrão de excelência surpreende com Nelore de carne com alto marmoreio Recentemente, um lote de novilhas PO da Santa Nice, terminado na Agropecuária Biocanto e abatido pela Padrão Beef, destacou-se pela alta conversão em carcaça (com média de 58,01% e casos passando de 61%) e marmoreio expressivo, com animais atingindo nota 9 de marmoreio no dianteiro, algo até então raro para zebuínos. Essas imagens (como as que ilustram esta reportagem) impactam pela semelhança com padrões visuais de raças taurinas, especialmente quando se analisa a intensa presença de gordura intramuscular, atributo diretamente relacionado ao sabor, suculência e maciez da carne. Como funciona a classificação de marmoreio no Brasil? A classificação do marmoreio no Brasil segue um padrão visual que atribui notas de 1 a 9, baseadas na quantidade e distribuição da gordura entre as fibras musculares. A medição geralmente ocorre na região do contrafilé (Longissimus dorsi) e é fundamental na valorização de cortes nobres, principalmente no mercado de carne premium. Segundo a Padrão Beef, frigorífico especializado na valorização de carcaças de qualidade, carcaças zebuínas que atingem nota 7 ou mais de marmoreio são excepcionais e representam um novo patamar dentro da genética brasileira voltada à qualidade. Valor agregado, mercado e identidade zebuína Além do reconhecimento visual, o Nelore marmorizado representa um ganho econômico direto para o pecuarista, com carcaças que podem atingir valores até 30% superiores aos tradicionais. Isso ocorre por conta da demanda crescente por carne gourmet, tanto no mercado interno quanto nas exportações para países exigentes como Japão, Estados Unidos e Emirados Árabes. Mais do que isso, o avanço representa uma revolução silenciosa na pecuária tropical: produzir carne de excelência mantendo a rusticidade e a eficiência do Nelore, sem recorrer a cruzamentos ou sistemas de confinamento intensivo. Como destaca a própria Fazenda Santa Nice: “O Nelore vem rompendo paradigmas e demonstrando sua extraordinária plasticidade. A raça segue evoluindo em direção aos padrões de qualidade das europeias, sem abrir mão de sua adaptabilidade, eficiência e do sabor inconfundível da carne zebuína.” Uma nova era para o Nelore e para o Brasil O trabalho de propriedades como a Santa Nice, em parceria com empresas como a DGT Brasil e Padrão Beef, mostra que o Brasil está unindo quantidade e qualidade de forma consistente. O Nelore, raça símbolo do país, não é mais apenas sinônimo de produtividade a pasto — é também um ícone da carne premium tropical. Neste novo ciclo, genética, tecnologia, manejo e respeito à natureza caminham juntos para transformar a pecuária brasileira e elevar a identidade zebuína a um novo patamar de excelência global.