Baixa notificação
A presidente da ABRAESCA, Tifanny Barbara Cotta Pinheiro Pires, alertou que há subnotificação de casos, em parte, por causa do medo de tutores revelarem a doença em seus animais e eles serem levados a eutanásia.Para a médica veterinária, falta um alerta sobre a leishmaniose uma vez que muitas pessoas acham que a doença não existe de fato, enquanto os registros aumentam.“É uma zoonose que acomete mamíferos. Tem um desconhecimento muito grande em relação à doença e uma falta de notificação nos animais. A gente vê que cada vez mais tem um crescimento da doença em animais e não são só em cães e gatos, tem todo um ciclo silvestre já envolvido com preguiça, gambá, que também agem como reservatórios, não é só o cão nessa transmissão que acontece pelo mosquito”, disse em entrevista à Agência Brasil.
Segundo a médica, o animal tratado para de transmitir a leishmaniose.“Como tem um medo muito grande em cima da doença normalmente o tutor não conversa com outras pessoas se o seu animal tem a doença e se está tratando. Na maioria das vezes, com uma falta de informação muito grande sobre a doença, esses animais acabam também indo para a eutanásia, mas hoje já existem coleiras com ação repelente que protege do mosquito”, chamou atenção, acrescentando que a coleira pode ser usada preventivamente ou durante o tratamento do animal.
O fórum recebe representantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Ivisa-RJ, das secretarias de saúde, do Ministério Público, médicos veterinários e pesquisadores, que vão debater os “caminhos mais eficazes, inclusivos e éticos no enfrentamento à doença, com ênfase no direito ao tratamento e à vida dos animais acometidos”. Protocolos terapêuticos atualizados, estratégias de prevenção e os principais desafios no diagnóstico e tratamento da doença também estão incluídos nos debates com especialistas de todo o Brasil.“Tem animal que ia para a eutanásia e conversando com o tutor está há anos com carga parasitária zero. No início ele precisa de medicamento um pouco mais caro, mas são só 28 dias, mas depois é um tratamento viável”, contou, destacando que no município de Florianópolis, em Santa Catarina, o tratamento é gratuito.
Infecção
De acordo com os organizadores, alguns fatores contribuem para a infecção pela doença, como “a presença do vetor Lutzomyia longipalpis, a urbanização do ciclo de transmissão, as novas evidências de transmissão vertical sexual entre animais de vida livre, a ausência de dados oficiais sobre a população de cães e gatos de vida livre e os impactos das mudanças climáticas”. Essas situações estão entre outros fatores associados a áreas de vulnerabilidade socioeconômica ambiental, que tornam o cenário ainda mais preocupante. Para a presidente da ABRAESCA, Tifanny Barbara Cotta Pinheiro Pires, o encontro é uma mobilização histórica pela valorização da ciência, da empatia e da saúde única, que considera o ser humano, os animais e o meio ambiente como partes interdependentes.Quem quiser mais informações sobre a programação completa e como fazer a inscrição gratuita, pode acessar o link simposio.abraesca.com.br.“Não adianta a gente só cuidar da gente, Tem cuidar do meio ambiente, dos animais e de todas as zoonoses”, explicou, defendendo a criação de políticas públicas para o combate, divulgação e tratamento da doença.
ABRAESCA
Conforme a Associação Brasileira de Saúde e Causa Animal, a entidade é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, “que atua nacionalmente promovendo ações voltadas à saúde única, ao bem-estar animal, à inclusão social e ao controle de zoonoses, por meio de projetos, parcerias e articulação política, buscando soluções sustentáveis e de impacto coletivo que conectem sociedade, poder público e setor privado em prol da vida e da saúde coletiva”.SMS
A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS Rio) informou à Agência Brasil que “mantém o monitoramento da situação epidemiológica da cidade do Rio de Janeiro e investe permanentemente na qualificação da rede de atenção à saúde para a notificação oportuna e atenção qualificada das doenças e agravos de notificação compulsória”. Conforme a SMS, a leishmaniose visceral tem apresentando alterações importantes no seu padrão de transmissão. “Mais recentemente, casos da doença estão sendo identificados em áreas urbanas de médio e grande porte”, acrescentou. De acordo com a secretaria, a principal fonte de infecção é o cão, por isso o diagnóstico precoce da doença no animal é uma medida essencial. A pasta esclareceu que em cães, os principais sintomas da doença são emagrecimento, aumento do abdômen e linfonodos (íngua), queda de pelos e crescimento exagerado das unhas. Já em humanos, o quadro clínico se caracteriza por febre de longa duração, perda de peso, fraqueza, adinamia, hepatoesplenomegalia e anemia, sendo as crianças e idosos os mais suscetíveis ao desenvolvimento da doença.Relacionadas“O tratamento é realizado na suspeita da doença com medicamentos fornecidos pelo Ministério da Saúde. Na presença dos sinais e sintomas descritos, buscar atendimento na unidade de saúde mais próxima da residência”, recomendou.


