• Quinta-feira, 31 de julho de 2025

"Eficácia" de programas sociais tirou Brasil do Mapa da Fome, diz ONU

Máximo Torero, economista-chefe da organização, destaca o impacto de auxílios, como o Bolsa Família, na redução da subnutrição.

Programas sociais, especialmente os de transferência de renda, foram fundamentais para que o Brasil saísse do Mapa da Fome, afirmou Máximo Torero, economista-chefe da FAO/ONU (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), em entrevista à FAO Newsroom publicada na 4ª feira (28.jul.2025).

Torero citou especificamente Brasil e México como exemplos de “sucesso” na implementação de políticas sociais que reduziram a insegurança alimentar. O economista classificou a América do Sul como a “boa notícia” do relatório SOFI (Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo) 2025.

“Na América do Sul, 2 fatores primários sustentam esse sucesso. Primeiramente, houve um forte foco em apoiar as populações mais vulneráveis. Países como Brasil e México implementaram programas sociais impactantes, incluindo transferências de renda, transferências condicionadas de renda e iniciativas de alimentação escolar”, afirmou Torero. “Esses programas provaram ser altamente eficazes na prevenção de indivíduos vulneráveis de cair mais profundamente na pobreza através da melhoria na distribuição de renda”, acrescentou.

O 2º fator destacado por Torero são os investimentos substanciais feitos pelos países sul-americanos para aumentar a produção e a eficiência agrícola.“Brasil, Uruguai e Paraguai são líderes exportadores globais de cereais, melhorando significativamente a disponibilidade de alimentos local e internacionalmente”, afirmou.

O economista disse que países como Chile, Peru, Equador e Colômbia se destacaram na produção de commodities de alto valor. “Esta combinação de medidas robustas de proteção social e produtividade agrícola aprimorada desempenhou um papel crucial no sucesso desses países”, disse. Torero afirmou, entretanto, que o cenário é diferente em outras regiões: “A América Central e o Caribe foram desproporcionalmente impactados pela pandemia de covid-19 e permanecem altamente vulneráveis a eventos relacionados ao clima”.

A FAO retirou nesta 2ª feira (28.jul.2025) o Brasil do Mapa da Fome depois de o país reduzir a insegurança alimentar grave para menos de 2,5% da população. O anúncio foi feito durante a 2ª Cúpula de Sistemas Alimentares, em Adis Abeba, Etiópia.

O resultado considera a média do triênio 2022/2023/2024, conforme dados do relatório SOFI 2025. Eis a íntegra (PDF, em inglês – 10 MB).

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 24 milhões de brasileiros deixaram a situação de insegurança alimentar grave até o fim de 2023. É a 2ª vez que o Brasil deixa o mapa da fome durante um governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que já havia alcançado o feito em 2014. O país retornou ao índice no triênio 2018/2019/2020, com a redução de programas sociais.

Os indicadores sociais mostram avanços. A pobreza extrema caiu para 4,4% em 2023, menor nível da história. A taxa de desemprego recuou para 6,6% em 2024, e a renda domiciliar per capita atingiu R$ 2.020, recorde da série. Dados do Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) indicam que 98,8% das 1,7 milhão de vagas criadas com carteira assinada criadas em 2024 foram ocupadas por inscritos no CadÚnico (Cadastro Único para Programas Sociais), sendo 75,5% beneficiários do Bolsa Família.

Em seu perfil no X, o presidente Lula celebrou a marca e afirmou que “com políticas públicas sérias e compromisso com o povo é possível combater a fome”.

Já o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, falou sobre o impacto de programas sociais do governo como o Plano Brasil Sem Fome, que reúne ações como Bolsa Família, o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), e o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar). Também destacou o reforço da alimentação nas escolas e os incentivos à qualificação profissional, ao emprego e ao empreendedorismo.

“Essa vitória é fruto de políticas públicas eficazes”, declarou o ministro. “Todas as políticas sociais trabalhando juntas para ter um Brasil sem fome e soberano”, afirmou.

De acordo com a Ebia (Escala Brasileira de Insegurança Alimentar), usada pela Rede Penssan e pelo IBGE, insegurança alimentar é quando a pessoa não tem acesso regular a alimentos. É dividida em 3 níveis: leve, moderada e grave.

O Mapa da Fome da FAO é um indicador que identifica países onde mais de 2,5% da população vive com subalimentação grave. Estar no mapa significa que uma parcela relevante da população não tem acesso regular a alimentos suficientes.

Para calcular o indicador, a FAO usa o indicador PoU (Prevalência de Subnutrição), baseado em:

Com esses dados, calcula-se o percentual sem acesso a calorias mínimas diárias. Se for maior que 2,5%, o país entra no Mapa da Fome. Os números são divulgados como médias trienais.

A FAO publica relatórios anuais, mas usa médias móveis de 3 anos para evitar distorções por crises temporárias.

Eis os dados que o Brasil usa para políticas públicas:

Por: Poder360

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