O presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), Roberto Perosa, disse nesta 4ª feira (30.jul.2025) que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve oferecer uma linha de crédito voltada ao setor por causa do tarifaço dos Estados Unidos.
Perosa tinha um encontro marcado com o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin (PSB), para tratar o assunto. O compromisso foi cancelado porque poucas horas antes os EUA confirmaram a taxa de 50% contra os produtos brasileiros, mas com uma série de isenções –que não incluíam as carnes.
“Temos a necessidade para financiar as exportações, isso ainda está sendo avaliado pela equipe do governo. Estará possivelmente dentro das medidas a serem anunciadas, ele [Alckmin] me disse isso e a gente aguarda essa decisão para poder comentar se a linha é suficiente”, declarou o presidente da Abiec a jornalistas em Brasília.
Roberto Perosa afirmou que o prejuízo das empresas exportadoras de carne será próximo de US$ 1 bilhão durante a vigência da tarifa só em 2025.
Segundo ele, será difícil encontrar um outro país para destinar a proteína animal. Os Estados Unidos atualmente são o 2º maior destino do produto. Perdem só para a China.
“Uma parte foca no mercado interno, outra parte fica em outros destinos, mas com dificuldade de preços e de logística”, disse.
O chefe da associação defendeu que as negociações com o governo do presidente Donald Trump (Partido Republicano) devem continuar mesmo depois do início da tarifa. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defende um comportamento similar.
Haddad havia dito na 3ª feira (30.jul) que a maior oferta de alimentos no mercado interno ajudaria a reduzir o preço dos alimentos em geral, ao menos a curto prazo.
Roberto Perosa concordou, mas, na sua avaliação, isso seria feito às custas de um prejuízo das cadeias antes exportadoras.
“Essa é uma coisa que pode acontecer, a queda de preço. Mas que pode ser muito prejudicial à cadeia como um todo. Pode causar um desarranjo na cadeia, a perda de rentabilidade aos pecuaristas, aos frigoríficos, e pode diminuir a produção de carne”, declarou.