O Brasil cumpriu apenas 12% da meta de restauração florestal planejada até 2030, segundo a Avaliação da Declaração Florestal de 2025, publicada na 2ª feira (13.out.2025). O país se comprometeu, no Acordo de Paris, a restaurar 12 milhões de hectares de florestas, mas somente 1,47 milhão foi recuperado até o fim de 2024.
Segundo o relatório, o ritmo atual de restauração é de 250 mil hectares por ano. Precisaria triplicar para que o compromisso seja cumprido dentro do prazo. Eis a íntegra do relatório em inglês (PDF – 28 MB).
Globalmente, o relatório mostra que o mundo está 63% fora da trajetória necessária para atingir o desmatamento zero até 2030. Em 2024, cerca de 8,1 milhões de hectares de florestas foram desmatados, enquanto 8,8 milhões de hectares de florestas tropicais úmidas sofreram degradação.
Nos últimos 10 anos, 86% do desmatamento global foi causado pela agricultura permanente, principal motor da expansão sobre áreas naturais. Fatores indiretos, como corrupção, especulação fundiária, baixa fiscalização e pressões de mercado, também contribuem para o avanço da perda florestal.
Em relação à recuperação ambiental, o mundo contabiliza cerca de 10,6 milhões de hectares restaurados até setembro de 2025, uma fração pequena do potencial necessário para reverter a degradação acumulada.
O documento destaca a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, criada em 2024 pelo governo brasileiro. A norma institui uma organização responsável por coordenar ações de prevenção e controle de incêndios e um Sistema Nacional de Informações sobre Incêndios.
O programa é elogiado por reconhecer o papel ecológico do fogo e por valorizar as práticas tradicionais de manejo realizadas por comunidades indígenas e povos tradicionais, que participaram da elaboração da política. Segundo o relatório, a medida representa avanço no reconhecimento da contribuição dos povos originários para a gestão sustentável das florestas.
A publicação também cita o Fundo Floresta Tropical para Sempre (Tropical Forest Forever Facility), iniciativa de financiamento florestal liderada pelo Brasil, que será apresentada oficialmente na COP30, em Belém (PA), em 2026.
O fundo pretende mobilizar até US$ 125 bilhões para projetos climáticos e sustentáveis em países elegíveis, com 20% dos recursos destinados a povos indígenas e comunidades locais, apoiando ações de proteção e restauração florestal.
A Avaliação da Declaração Florestal é produzida por um consórcio internacional de organizações e monitora o cumprimento dos compromissos assumidos na Declaração de Glasgow sobre Florestas e Uso da Terra (2021).
O texto afirma que o Brasil ainda está “off track” (em tradução livre: fora dos trilhos), mas possui potencial para reverter a tendência global de perda florestal se preservar políticas consistentes e garantir financiamento sustentável para o setor.