• Sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

Vale a pena misturar milho moído na silagem? Confira as melhores dicas

Especialista explica os benefícios e cuidados ao misturar milho moído na silagem, mostrando como essa prática pode aumentar a energia do alimento do gado e quando realmente vale a pena adotar a mistura.

Especialista explica os benefícios e cuidados ao misturar milho moído na silagem, mostrando como essa prática pode aumentar a energia do alimento do gado e quando realmente vale a pena adotar a mistura. Misturar milho moído na silagem é uma dúvida comum entre pecuaristas, especialmente aqueles que buscam aumentar a densidade energética da alimentação do gado. A silagem convencional (seja de milho planta inteira, capim como o BRS Capiaçu ou sorgo) muitas vezes possui teor limitado de grãos e amido. O milho em grão moído, por sua vez, é riquíssimo em amido – fonte de energia fácil de fermentar. Adicionar esse milho moído à silagem pode elevar o teor de amido do volumoso, tornando a dieta mais energética. Na prática, isso significa potencial para ganhos de peso mais rápidos nos animais ou manutenção do desempenho mesmo em períodos de escassez de pasto. Segundo o zootecnista Luís Kodel, consultor em pecuária, é totalmente possível e não há problema em adicionar milho moído à silagem durante o processo de ensilagem, seja qual for o tipo de silagem base (milho, capim ou sorgo). Essa mistura busca enriquecer a silagem com carboidratos de alta qualidade.
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    No entanto, Kodel ressalta que a proporção ideal de milho moído a ser misturada depende da categoria do animal e da meta de ganho de peso ou produção almejada. Ou seja, não existe uma receita fixa válida para todos os casos – é preciso ajustar a estratégia conforme o objetivo de cada pecuarista. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'});Por que misturar milho moído na silagem? Benefícios em energia e desempenho A principal motivação para incorporar milho moído na silagem está no ganho nutritivo e energético. O grão de milho contém altos níveis de amido, que elevam significativamente o valor calórico do volumoso. Pesquisas mostram que quanto maior o teor de amido na silagem, maior será sua densidade energética, o que permite reduzir a necessidade de suplementar a dieta com concentrados externos. Em outras palavras, uma silagem mais rica em amido fornece mais energia por quilo de alimento, diminuindo a quantidade de ração ou farelo de milho adicional que seria necessário para atingir o mesmo nível nutricional. Essa energia extra se traduz em melhor desempenho do rebanho. No caso de bovinos de corte em terminação intensiva, por exemplo, uma silagem “turbinada” com milho moído pode proporcionar ganhos de peso diário superiores em comparação à silagem sem adição de grão. Já em vacas leiteiras de alta produção, o amido extra favorece a produção de leite ao fornecer mais substrato para fermentação ruminal e síntese de proteína microbiana – base da nutrição das vacas. Estudos indicam que o processo de fermentação do milho dentro do silo aumenta a digestibilidade do amido, tornando-o mais acessível aos microrganismos do rúmen e permitindo que o animal produza o mesmo (carne ou leite) com menor custo alimentar. Ou seja, além de fornecer mais energia, ensilar o milho moído junto com a forragem pode melhorar o aproveitamento desse grão pelo gado, potencializando os ganhos financeiros da atividade. Proporção ideal: depende do gado e da meta de produção Definir quanto milho moído misturar na silagem é um ponto crítico – e varia caso a caso. Se o objetivo for engorda rápida de bois em confinamento ou semi-confinamento, e os animais tenham alto potencial de ganho, pode-se trabalhar com proporções maiores de milho na silagem. Por outro lado, para rebanhos de manutenção ou categorias que não demandam tanta energia (como matrizes de corte no período seco, por exemplo), talvez não seja necessário adicionar milho, ou bastaria uma quantidade menor, apenas para compensar alguma deficiência da forragem. Especialistas recomendam avaliar a condição da silagem e a exigência nutricional dos animais. Em termos práticos, adições moderadas de milho moído – na faixa de 5% a 10% do peso da forragem – já mostram efeitos benéficos, elevando a qualidade e o valor nutritivo do alimento ensilado. Isso equivale, aproximadamente, a misturar de 45 a 90 kg de milho moído por tonelada de silagem preparada. Dentro desse intervalo, é possível ajustar: uma inclusão em torno de 5% (cerca de 50 kg/ton) pode ser indicada para melhorar silagens de capim de menor valor nutricional, fornecendo um boost de energia sem descaracterizar o volumoso. Já proporções próximas a 8% ou 10% (80 a 100 kg/ton) poderiam ser empregadas em programas de acabamento intensivo, em que se busca maximizar o ganho de peso diário do boi. Vale reforçar que exagerar na quantidade de milho moído não traz benefícios proporcionais e pode até ser prejudicial. Se adicionar milho em excesso, a mistura pode ficar desequilibrada, com amido além do necessário e fibra insuficiente, aumentando risco de problemas digestivos (acidose ruminal subaguda, por exemplo, devido ao excesso de grão) e dificultando a fermentação adequada no silo. Portanto, a inclusão deve ser bem planejada e parcimoniosa, focando no ponto ótimo em que o amido melhora a dieta sem comprometer a saúde ruminal nem a conservação da silagem. Cuidados e melhores dicas para misturar milho moído na silagem Se você decidiu que vale a pena tentar essa estratégia na sua propriedade, é fundamental observar boas práticas na preparação da silagem com milho moído. Confira as melhores dicas dos especialistas para obter sucesso nessa mistura:
  • Planeje a mistura de acordo com seu rebanho: Antes de mais nada, defina claramente o objetivo da inclusão do milho moído. Como enfatizado, cada categoria animal exige um nível diferente de energia. Para novilhos em engorda, pode-se mirar uma proporção mais alta dentro do recomendado, enquanto para vacas secas ou animais em manutenção, a adição pode ser mínima ou dispensável. Ajuste a receita ao que seu gado realmente precisa em termos de ganho de peso ou produção de leite esperada.
  • Garanta umidade adequada e hidratação do milho: O milho seco moído tem umidade muito baixa e, se for incorporado em grande quantidade, pode reduzir a umidade total da massa ensilada, dificultando a fermentação. A fermentação ideal da silagem ocorre com teor de matéria seca ao redor de 30% a 35% (ou 65-70% de umidade). Se a forragem estiver muito seca ou se a proporção de milho for elevada, é recomendável reidratar o milho moído antes de misturar. Técnicos orientam usar cerca de 35 litros de água para cada 100 kg de milho moído. Essa hidratação do fubá de milho ajuda a alcançar a umidade ótima e permite que o grão passe pelo processo fermentativo dentro do silo. Além disso, a aplicação de inoculantes específicos na hora da ensilagem é uma dica valiosa – os aditivos microbianos auxiliam na fermentação e reduzem perdas, garantindo uma silagem de melhor qualidade.
  • Mistura homogênea e de forma rápida: Ao incorporar o milho moído, procure espalhá-lo de maneira uniforme por toda a massa de forragem. Uma dica prática é realizar a mistura em camadas dentro do silo – coloca-se uma camada de forragem picada, distribui-se uma quantidade proporcional de milho moído por cima, depois outra camada de forragem, e assim por diante. Dessa forma, evita-se a formação de “bolsões” de concentrado. Se dispor de uma máquina misturadora ou implemento similar, também pode utilizá-lo para homogeneizar bem antes da compactação. O importante é que cada porção de silagem tenha milho distribuído por igual, garantindo que todos os animais consumam a dieta balanceada e que nenhuma parte do silo fique com excesso de amido (o que poderia fermentar de forma inadequada).
  • Compactação e vedação caprichadas: O processo de enchimento do silo requer atenção redobrada quando há ingredientes adicionais como o milho moído. Apesar de fino, o fubá de milho ocupa espaço entre as partículas da forragem; por isso, compacte muito bem cada camada para expulsar todo o ar. A presença de ar é inimiga da silagem de qualidade, podendo causar mofo e aquecimento. Utilize tratores ou pisoteio manual em camadas finas de 20-30 cm, inclusive nas porções com milho, assegurando que a mistura fique bem densa. Após encher, vede imediatamente o silo com lona de boa qualidade, evitando entrada de oxigênio ou água. Todos os cuidados usuais de silagem (cobrir com material pesado, checar eventuais furos na lona, vedar laterais) continuam valendo e fazem a diferença para conservar tanto a forragem quanto o milho adicionados. Lembre-se de que o milho moído é altamente fermentescível; se houver entrada de ar, ele será um dos primeiros a estragar, causando perdas significativas.
  • Abertura e fornecimento adequados: Depois de feito, dê tempo para a silagem fermentar adequadamente antes de oferecê-la ao gado. O período mínimo tradicional é ao menos 21 dias de fermentação; com a inclusão de milho moído hidratado, algumas fontes recomendam prazos até mais longos para máximo aproveitamento (no caso de silagem de grão reidratado puro, estudos apontam melhora após alguns meses de armazenamento, mas na mistura com forragem esse tempo todo geralmente não é necessário). Ao abrir o silo, proceda com a retirada de silagem de forma uniforme na face, evitando desmoronamentos e contato prolongado da parte exposta com o ar. Mantenha o cocho limpo, pois sobras com alto teor de amido podem azedar ou atrair fungos rapidamente no clima quente. Essas práticas asseguram que a silagem enriquecida com milho mantenha sua qualidade até o consumo pelo animal.
  • Custo-benefício: afinal, vale a pena mesmo? A resposta curta é: vale a pena misturar milho moído na silagem quando há necessidade de elevar o valor nutritivo da dieta e isso se alinha aos objetivos produtivos da propriedade. Em sistemas intensivos – como confinamentos, semiconfinamentos ou mesmo a Terminação Intensiva a Pasto (TIP) – em que se busca alta performance, a estratégia de incrementar a silagem com milho moído pode trazer ótimo retorno. Os animais irão consumir um volumoso com energia quase de ração concentrada, resultando em conversão alimentar mais eficiente e ganhos de peso mais acelerados, encurtando o ciclo de engorda. Nesses casos, o investimento no milho geralmente se paga com a maior produtividade: o boi atinge o peso de abate mais cedo ou a vaca mantém a produção de leite sem precisar de tanto farelo adicional. Além disso, do ponto de vista do manejo e logística, incorporar o milho ao volumoso pode simplificar a alimentação. O produtor que não possui mixer ou estrutura para fornecer ração concentrada diariamente, por exemplo, pode optar por ensilar parte do milho junto com a forragem, garantindo que ele já esteja “misturado” na comida do gado. Essa prática também permite aproveitar oportunidades de mercado – muitos aproveitam para comprar milho em grão quando o preço está baixo na safra, moer e ensilar, armazenando esse recurso energético na fazenda de forma segura. Assim, evita-se gastar com armazenamento em silos-graneleiros ou correr riscos de perda com pragas de grãos, ao mesmo tempo em que se tem alimento de alto teor energético disponível o ano todo. Por outro lado, é importante frisar que a viabilidade econômica deve ser calculada. Misturar milho moído implica usar um insumo que tem custo significativo. Se o objetivo nutricional puder ser alcançado de forma mais barata (por exemplo, com silagem de milho bem feita, já rica em espigas, ou com pasto de alta qualidade e suplementação estratégica), talvez a adição de milho moído não seja necessária. O pecuarista deve avaliar o custo do milho em comparação ao ganho de desempenho obtido. Em cenários de milho caro, colocar muito grão na silagem pode encarecer demais a dieta – às vezes pode ser mais sensato fornecer esse milho separadamente no cocho, controlando as quantidades conforme o preço. Já se o milho estiver com preço favorável e a necessidade de energia extra for evidente, a mistura na silagem surge como uma ótima solução. Em resumo, vale a pena, sim, misturar milho moído na silagem quando feito com critério. A prática entrega o prometido: aumenta o valor nutritivo do volumoso, melhora a condição energética da dieta e pode resultar em melhor performance do rebanho, atendendo ao que se propõe na manchete. No entanto, é uma ferramenta que deve ser usada de forma planejada e técnica, respeitando as proporções ideais e os cuidados no preparo.
    Por: Redação

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