• Quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Setores do agro que estão na mira de um possível ‘tarifaço’ de Trump contra o Brasil

Mesmo em meio às tensões provocadas pelas políticas protecionistas e debates sobre imigração durante o governo de Donald Trump, o país ampliou sua lista de importações de produtos brasileiros, incluindo feno, erva-mate e flor seca de cravo-da-índia

Mesmo em meio às tensões provocadas pelas políticas protecionistas e debates sobre imigração durante o governo de Donald Trump, o país ampliou sua lista de importações de produtos brasileiros, incluindo feno, erva-mate e flor seca de cravo-da-índia Desde que assumiu a presidência dos Estados Unidos, Donald Trump tem adotado uma política comercial mais rígida, intensificando disputas com diversos parceiros internacionais. Em poucas semanas, determinou a aplicação de tarifas sobre produtos importados do México, Canadá e China, e já considera ampliar essas medidas para a União Europeia. Esse novo cenário global desperta tanto preocupações quanto possibilidades para a economia brasileira, especialmente no agronegócio. No comércio agrícola, Brasil e Estados Unidos competem diretamente em produtos como soja e algodão, mas também mantêm uma relação comercial significativa. Os norte-americanos figuram entre os principais compradores do agronegócio brasileiro, de acordo com o Ministério da Agricultura. Em 2024, as exportações para os EUA somaram 9,43 milhões de toneladas, gerando um faturamento de US$ 12,09 bilhões.
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    Os Estados Unidos se consolidaram como o segundo maior destino das exportações do agronegócio brasileiro, ficando atrás apenas da China. Em 2024, a fatia americana no valor total das vendas do setor subiu de 5,9% para 7,4%, reforçando a importância dessa parceria comercial. Mesmo em meio às tensões provocadas pelas políticas protecionistas e debates sobre imigração durante o governo de Donald Trump, o país ampliou sua lista de importações de produtos brasileiros, incluindo feno, erva-mate e flor seca de cravo-da-índia. Principais exportações do agro brasileiro para os EUA em 2024:
    SetorReceita (US$)Volume (mil t)% do valor total% do volume total
    Produtos florestais3,73 bilhões4.90730,88%52,02%
    Café2,07 bilhões471,5317,16%5,00%
    Carnes1,40 bilhões248,5111,65%2,63%
    Sucos1,19 bilhões1.3269,87%14,06%
    Complexo sucroalcooleiro794,28 milhões1.3826,57%14,65%
    Total12,09 bilhões9.433100%100%
    Fonte: Agrostat/Mapa
    Até o momento, as medidas tarifárias impostas pelo governo Trump não atingiram diretamente o Brasil. No entanto, esse cenário pode mudar, e especialistas alertam que o país deve se manter atento. O deputado Pedro Lupion (PP-PR), presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), acredita que novas tarifas podem ser aplicadas ao agronegócio brasileiro. “O protecionismo faz parte da estratégia americana, e é provável que o Brasil enfrente barreiras comerciais. Precisamos estar preparados para lidar com isso”, afirmou. Caso as políticas comerciais dos EUA endureçam, setores estratégicos da agroindústria brasileira podem ser impactados. Confira os segmentos que mais dependem desse mercado e que podem sentir os efeitos de eventuais restrições. Exportações de Produtos Florestais do Brasil para os EUA em 2024 O setor de produtos florestais, abrangendo madeira, celulose e papel, teve o maior desempenho entre as exportações brasileiras para os Estados Unidos em 2024. De acordo com dados do Agrostat, do Ministério da Agricultura, a categoria movimentou US$ 3,73 bilhões, representando 30,88% da receita total do agro com os norte-americanos. O volume enviado foi expressivo, alcançando 4,9 milhões de toneladas, o que corresponde a 52,02% do total exportado pelo setor agropecuário brasileiro para os EUA. A celulose foi o carro-chefe desse segmento, com embarques de 3,02 milhões de toneladas, respondendo por 32,1% do volume total exportado pelo Brasil para os EUA. O faturamento desse produto chegou a US$ 1,68 bilhão, o que equivale a 13,94% da receita geral do agronegócio com o mercado americano. Outro item de destaque foi a madeira perfilada, com 252,59 mil toneladas enviadas, totalizando US$ 480,94 milhões em receita. Esse montante corresponde a 2,68% do volume total e 3,98% do faturamento geral. Já o papel figurou entre os principais produtos do setor, somando 203,91 mil toneladas exportadas, gerando um faturamento de US$ 267,03 milhões. Esses números representam 2,16% do volume total e 2,21% da receita global das exportações agropecuárias brasileiras para os EUA. Desempenho dos Produtos Florestais Exportados para os EUA em 2024:
    ProdutoReceita (US$)Volume (mil t)% da receita total% do volume total
    Celulose1,68 bilhões3.02013,94%32,1%
    Madeira perfilada480,94 milhões252,593,98%2,68%
    Papel267,03 milhões203,912,21%2,16%
    Total do setor3,73 bilhões4.90730,88%52,02%
    Exportações do Brasil para os Estados Unidos: Carne, Suco e Açúcar se Destacam No ranking das exportações agropecuárias brasileiras para os Estados Unidos, o setor de carnes ocupa o terceiro lugar, com 248,5 mil toneladas exportadas, o que representa 2,63% do volume total enviado ao mercado americano. Em termos financeiros, o valor alcançado foi de US$ 1,4 bilhão, correspondendo a 11,65% da receita total registrada no ano passado. Os cinco setores do agro que estão na mira de um possível 'tarifaço' de Trump contra o Brasil
    Foto: Divulgação
    Carne Bovina Dentro do setor de carnes, a carne bovina in natura é o produto que mais se destaca. O Brasil enviou 189,24 mil toneladas dessa carne para os EUA, resultando em US$ 942,73 milhões em receita. Em seguida, as exportações de carne bovina industrializada somaram 38,08 mil toneladas, gerando US$ 393,55 milhões. A carne suína in natura completou o quadro de exportações com 18,43 mil toneladas enviadas e US$ 59,4 milhões em faturamento. Suco de Laranja Apesar de os Estados Unidos também produzirem suco de laranja, o Brasil mantém-se como seu principal fornecedor. No total, as exportações de suco de frutas representaram 14,06% do volume total exportado pelo Brasil, com 1,32 milhão de toneladas enviadas, gerando uma receita de US$ 1,19 bilhão (9,87% do total). O suco de laranja brasileiro tem um papel central nesse mercado, especialmente diante da dificuldade enfrentada pelos EUA, cujos pomares têm sofrido com doenças como o greening, que afeta os laranjais da Flórida. O Brasil enviou, no ano passado, 1,21 milhão de toneladas de suco, correspondendo a 12,9% das exportações agropecuárias brasileiras para os EUA, e gerou US$ 1,04 bilhão em receita (8,65% do total). Açúcar e Etanol O complexo sucroalcooleiro, composto por açúcar e etanol, ocupa a quinta posição entre as exportações agropecuárias brasileiras para os Estados Unidos. Em 2024, o volume exportado foi de 1,38 milhão de toneladas, representando 14,65% do total enviado, com US$ 794,28 milhões em receita (6,57% do total). O açúcar bruto foi o maior responsável por essa performance, com 883,36 mil toneladas exportadas e uma receita de US$ 442,02 milhões. O etanol foi o segundo item mais exportado, com 247,77 mil toneladas e US$ 181,82 milhões em faturamento. O açúcar refinado também teve participação importante, com 283,58 mil toneladas exportadas, gerando US$ 164,25 milhões. Esses números reforçam a posição do Brasil como um fornecedor essencial de produtos agrícolas para os Estados Unidos, destacando-se em setores estratégicos como carnes, sucos e açúcar. Escrito por Compre Rural VEJA MAIS:
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  • ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias
    Por: Redação

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