• Terça-feira, 17 de junho de 2025

O outro lado da pecuária: por que o mercado do couro ganha cada vez mais destaque

Da moda aos automóveis, passando por estofados e acessórios de luxo, o couro brasileiro segue como um dos principais pilares da economia nacional e do comércio exterior

Da moda aos automóveis, passando por estofados e acessórios de luxo, o couro brasileiro segue como um dos principais pilares da economia nacional e do comércio exterior Em 2025, o setor mostra sua força com crescimento nas exportações, avanço em certificações ambientais e estratégias para conquistar novos mercados globais. A jornada do couro começa nas fazendas brasileiras, principalmente na região Centro-Oeste, onde está concentrado o maior rebanho bovino do país. Logo após o abate, a pele dos animais precisa ser processada rapidamente para evitar a deterioração. Esse processo, chamado de curtimento, transforma um material perecível em um produto com alto valor agregado.
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    Hoje, o Brasil conta com cerca de 244 curtumes em operação, além de um parque industrial com 2.800 fábricas de componentes para couro e calçados, e 120 indústrias de máquinas e equipamentos dedicadas ao setor. Essa estrutura robusta gera aproximadamente 30 mil empregos diretos, movimentando cerca de US$ 2 bilhões por ano, de acordo com o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB). window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'});Exportações em alta: Brasil expande presença no mercado global O mercado externo é o principal destino do couro brasileiro. Em 2024, o setor exportou US$ 1,26 bilhão, um crescimento expressivo de 12,5% em comparação a 2023. Também houve um salto de 22,3% na área exportada e 38,8% no volume total de couro embarcado. Os números mensais reforçam o ritmo acelerado: apenas entre janeiro e agosto de 2024, as exportações renderam US$ 851,7 milhões. Os meses de março, abril e maio registraram os maiores volumes, com mais de US$ 100 milhões cada um. Principais destinos do couro brasileiro:
  • China e Hong Kong: Juntos, continuam sendo os maiores compradores, respondendo por cerca de US$ 425 milhões no último ano, com crescimento acima de 20%.
  • Estados Unidos: Ocupam o segundo lugar, com US$ 178 milhões em importações, sendo 92,8% em couro acabado, o que mostra uma preferência por produtos com maior valor agregado.
  • Itália: Terceiro destino, reconhecida mundialmente pelo design de moda e qualidade no acabamento de couros.
  • Vietnã e México: Ganharam destaque em 2024, com crescimentos de 69,8% e 26,3%, respectivamente.
  • Outros mercados em expansão são Espanha, Índia e Coreia do Sul, onde o Brasil busca ampliar sua participação. Participação em feiras internacionais fortalece negócios A estratégia de internacionalização passa também pela presença em feiras globais. Em 2024, o Brasil participou de eventos como a Shoes and Leather Vietnam e a Lineapelle New York, onde 14 curtumes brasileiros fecharam negócios com projeção de US$ 25,45 milhões em vendas futuras. Segmentos de aplicação: do sofá ao volante O couro brasileiro abastece diferentes setores. Segundo o CICB, o destino da produção em 2024 ficou assim distribuído: No mercado interno:
  • Calçados: 36,8%
  • Estofados: 29%
  • Equipamentos de proteção individual (EPIs): 14%
  • Automóveis: 6,4%
  • Vestuário: 0,3%
  • No mercado externo:
  • Estofados: 42,1%
  • Setor automotivo: 36,5%
  • Calçados: 14,4%
  • Artefatos diversos: 4,7%
  • EPIs: 1,2%
  • Vestuário: 0,2%
  • Esse perfil demonstra que o Brasil não é apenas um exportador de matéria-prima bruta, mas também de produtos com maior valor agregado, especialmente no mercado automotivo e de móveis. Sustentabilidade: um compromisso cada vez mais visível A pressão global por práticas ambientais responsáveis fez o setor investir pesado em rastreabilidade e certificações. Hoje, grande parte dos curtumes exportadores brasileiros já possui os mais altos níveis de certificação no Leather Working Group (LWG), além de seguir as normas da Certificação de Sustentabilidade do Couro Brasileiro (CSCB). Dados de uma pesquisa feita pela Unisinos em 2023 mostraram que 86,7% dos curtumes brasileiros já tinham certificações ambientais, um crescimento significativo em relação aos 78% registrados em 2021. Entre as ações implementadas pelas indústrias estão:
  • 90% com sistemas de tratamento de efluentes
  • 85% com programas de redução do consumo de água
  • 90% com coleta seletiva de resíduos
  • Outro avanço importante foi a criação do Guia CICB de Matéria-Prima, além de medidas como o Plano Nacional de Identificação Individual de Bovinos, que ajudam na rastreabilidade da cadeia. O debate sobre o “couro vegano” Apesar do crescimento das alternativas ao couro animal, como os materiais sintéticos e vegetais, especialistas chamam a atenção para um ponto crítico: grande parte do chamado “couro vegano” é feita de plástico derivado do petróleo, o que levanta questões sobre sua verdadeira sustentabilidade. O couro de origem animal, por outro lado, é um subproduto da indústria da carne, o que significa que seu aproveitamento evita o descarte de milhares de toneladas de resíduos por ano. O setor defende que, quando produzido dentro das normas ambientais, o couro é uma solução mais circular e com menor impacto ambiental ao longo de seu ciclo de vida. Olhando para frente: desafios e oportunidades para 2025 e além Mesmo com todos os avanços, a indústria do couro brasileira enfrenta desafios importantes:
  • Concorrência de materiais sintéticos e vegetais
  • Mudança de comportamento do consumidor, com preferência crescente por produtos casuais e esportivos
  • Exigências internacionais cada vez mais rígidas em termos de sustentabilidade, rastreabilidade e direitos trabalhistas
  • Por outro lado, as oportunidades são claras:
  • Aumento da exportação de couros acabados, com maior valor agregado
  • Expansão em mercados como México, Vietnã e Espanha
  • Fortalecimento da imagem de sustentabilidade junto aos consumidores internacionais
  • A expectativa do setor é que 2025 feche com novo crescimento nas exportações, superando a marca dos US$ 1,3 bilhão, consolidando o Brasil como um dos grandes protagonistas do mercado global de couro. Escrito por Compre Rural VEJA MAIS:
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  • ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
    Por: Redação

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