• Domingo, 17 de agosto de 2025

Eleição na Bolívia pode tirar esquerda do poder após quase 20 anos

Bolivianos vão às urnas para definir o novo presidente do país, que pode ser de direita após quase 20 anos de hegemonia da esquerda

A população da define o destino do país neste domingo (15/8), e pode acabar com a hegemonia da esquerda após quase duas décadas seguidas de governo. Segundo a última pesquisa de intenção de voto divulgada antes do pleito, a previsão é de um segundo turno entre candidatos da direita. Eleições na Bolívia A esquerda governa a Bolívia, liderada pelo partido Movimento ao Socialismo (MAS), por quase duas décadas seguidas. Tal hegemonia só foi quebrada entre 2019 e 2020, quando Jeanine Ãnez liderou a Bolívia após se autoproclamar presidente. Nas eleições deste ano, as últimas pesquisas indicam nomes de direita à frente de candidatos do MAS, e outros espectros da esquerda boliviana. da aliança Liberdade e Democracia, é o favorito na disputa. O ex-presidente da Bolívia entre 2001 e 2002 surge com 23% na pesquisa de intenção de voto. Ele é seguido pelo empresário Samuel Doria Medina, do Unidade Nacional, que alcançou a marca de 18%. Os dois políticos são alinhados ao espectro político de direita, e podem disputar um inédito segundo turno nas eleições bolivianas, caso os números se confirmem. 5 imagens Samuel DoriaAndrónico Rodríguez e o atual presidente da Bolívia, Luis ArceLuis Arce e Evo MoralesPresidente da Bolívia, Luis Alberto Arce CatacoraFechar modal. 1 de 5 Jorge "Tuto" Quiroga Lucas Aguayo/Getty Images 2 de 5 Samuel Doria Radoslaw Czajkowski/picture alliance via Getty Images 3 de 5 Andrónico Rodríguez e o atual presidente da Bolívia, Luis Arce Javier Mamani/Getty Images 4 de 5 Luis Arce e Evo Morales Gaston Brito Miserocchi/Getty Images 5 de 5 Presidente da Bolívia, Luis Alberto Arce Catacora Reprodução/X Crise na esquerda Andrónico Rodríguez, atual presidente do Senado boliviano, é o nome da esquerda mais bem posicionado nesta eleição. Ainda assim, ele aparece apenas na quarta colocação na pesquisa divulgada antes da votação, com 11,4%. Ainda que continue ligado ao partido Movimento ao Socialismo (MAS) — mas afastado politicamente —, o parlamentar de 36 anos disputa a eleição pela coligação Aliança Popular. MAS enfraquecido No poder há quase vinte anos, o MAS é o partido do atual presidente da Bolívia, e também já teve em suas fileiras o ex-líder boliviano Evo Morales. Arce e Morales eram aliados até 2021, quando as rusgas entre os dois começaram a surgir por discordâncias quanto ao futuro do partido, e a definição de quem seria o candidato deste ano. Apesar de Evo ter sido expulso do MAS, Arce decidiu não tentar a reeleição, e lançou Edaurdo del Castillo na disputa.  O ex-ministro do governo Arce, porém, aparece apenas na sexta colocação na pesquisa divulgada antes do pleito. Leia também Com 8,1%, o nome do partido governista está atrás até mesmo da porcentagem de votos bracos e nulos, assim como eleitores que não sabem em quem votar, que representam 14,6% e 8,4% respectivamente. Além dos problemas internos no MAS, o enfraquecimento da esquerda também tem ligações com a crise enfrentada pela Bolívia. De acordo com a pesquisa AtlasIntel, o eleitorado do país considera a corrupção, hiperinflação e a crise energética os principais problemas da Bolívia nos últimos anos. O cenário fez com que a desaprovação de Arce chegassem a impressionante casa dos 75%. Evo tenta manobra Envolvido com problemas na Justiça, e deste ano, lançou um “protesto” e tem orientado apoiadores a anularem seus votos. A tática do ex-presidente não possui bases legais, já que uma maioria de votos nulos ou brancos não anula a eleição, ou provoca a convocação de um novo pleito. Segundo analistas ouvidos pelo Metrópoles, Evo busca mostrar que ainda possui força de mobilização popular com a medida, e tenta usa-lá para se reinserir no jogo político boliviano. “A esperança do Evo é conseguir voltar ao jogo político, mostrando que ainda tem poder de mobilização e apoio da população, e tentar negociar com isso apesar da situação com a Justiça”, explica Ana Lúcia Lacerda, do Observatório Político Sul-Americano da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Por: Metrópoles

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