• Sábado, 4 de outubro de 2025

Deputado do PT será relator de PL contra adulteração de bebidas

Hugo Motta escolheu Kiko Celeguim (SP); a urgência do texto foi aprovada na esteira dos casos de intoxicação por metanol.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou nesta 6ª feira (3.out.2025), em suas redes sociais, que indicou o deputado federal Kiko Celeguim (PT-SP) para ser o relator do PL (projeto de lei) 2.307 de 2007, que classifica como crime hediondo a adulteração e falsificação de bebidas e alimentos.

A urgência do texto foi aprovada na 5ª feira (2.out) na esteira dos casos de intoxicação por metanol registrados no Brasil. Com isso, a proposta poderá ser analisada diretamente em plenário, sem passar pelas comissões temáticas. Segundo Motta, o projeto busca proteger a indústria, o comércio e a vida da população.

Em seu perfil no X (ex-Twitter), Kiko Celeguim afirmou que já ter iniciado “um trabalho firme, ouvindo todos os setores envolvidos, para construir uma proposta que garanta segurança aos consumidores e também aos produtores e empresários que atuam de forma correta”.

“Estou totalmente à disposição para receber sugestões e contribuições. Nosso relatório será resultado de um processo de escuta ampla, marcado pela responsabilidade e, principalmente, pelo compromisso com a vida e com a população brasileira”, escreveu.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, confirmou na 5ª feira (2.out) que 59 casos estão sob investigação por suspeita de intoxicação por metanol no país. De acordo com o ministério, já há 12 casos confirmados.

Antes da onda registrada em agosto e setembro de 2025, a média de casos ficava em torno de 20 por ano, segundo dados do Ministério da Saúde.

As intoxicações resultam do consumo de bebidas alcoólicas adulteradas como gin, vodca e uísque. O metanol é misturado nas bebidas por criminosos para aumentar as quantidades e elevar os lucros na venda.

O metanol, também conhecido como álcool metílico (CH₃OH), é uma substância química altamente tóxica, volátil e inflamável. Trata-se de um álcool simples, incolor, de odor semelhante ao da bebida alcoólica comum. No passado, era chamado de “álcool da madeira” por ser obtido da destilação de toras. Hoje, é produzido em escala industrial, sobretudo a partir do gás natural.

O líquido é usado como matéria-prima para a produção de formaldeído, ácido acético, resinas, solventes e tintas. Também está presente em anticongelantes, limpa-vidros e removedores de tinta. No Brasil, uma das principais aplicações é na produção de biodiesel, por meio da transesterificação.

A ingestão de 4 mL a 10 mL de metanol pode causar danos irreversíveis, como a cegueira, segundo o CFQ (Conselho Federal de Química). O conselho alerta que pequenas doses já representam uma ameaça real à vida. Estima que 30 mL de metanol puro podem ser letais

O perigo maior da ingestão de metanol aparece nos efeitos tardios, afirma o Conselho Federal de Química. O metanol é metabolizado no organismo em formaldeído e ácido fórmico, este último responsável por causar acidose metabólica —um grave desequilíbrio do pH sanguíneo. Os sintomas incluem:

De acordo com a Abno (Associação Brasileira de Neuro-oftalmologia), o diagnóstico deve ser feito a partir da história clínica do paciente e por exames de sangue e de imagem.

Em caso de suspeita de ingestão ou contato prolongado com metanol, não induza o vômito e encaminhe a pessoa com urgência para o hospital. Quanto mais cedo forem realizados o diagnóstico e o tratamento, menor é o risco de morte ou de sequelas graves.

O tratamento é feito com medicamentos intravenosos (fomepizol) que, assim como o etanol, podem inibir o metabolismo do metanol, evitando a formação do ácido fórmico, causador das sequelas mais graves. O paciente pode ser submetido à lavagem gástrica e hemodiálise.

Segundo o Conselho Federal de Química, o problema surge quando o metanol é usado de forma criminosa na adulteração de bebidas alcoólicas.

A ingestão, inalação ou contato prolongado com o metanol pode provocar sintomas imediatos, como náusea, tontura, vômito e depressão do sistema nervoso central.

Para evitar intoxicações, recomenda-se:

A fiscalização rigorosa de órgãos governamentais e as análises laboratoriais periódicas feitas por profissionais da química são essenciais para prevenir tragédias. Eles têm o papel de identificar contaminantes, garantir a qualidade dos produtos e conscientizar a população sobre os riscos do consumo de bebidas adulteradas.

Por: Poder360

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