O que é o mapa do boi e como identificar de onde vem cada corteA Costa do Marfim, maior produtor mundial, ainda enfrenta instabilidade climática. A safra 2024/25 encerrou com entregas 3,6% menores, totalizando 1.690 mil toneladas, afetada pela seca e pela deterioração da qualidade das amêndoas. Embora as chuvas no primeiro semestre de 2025 tenham ficado 30% acima do ano anterior, o trimestre seguinte registrou redução de 40% em relação à média histórica, comprometendo a saúde da vegetação e elevando a mortalidade dos brotos de cacau. A expectativa para 2025/26 foi revisada para 1.760 mil toneladas, mas a irregularidade climática segue como o principal risco para a região. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'});Em Gana, o cenário é semelhante, ainda que um pouco menos severo. O país iniciou a nova safra mais cedo, em agosto, beneficiado por um aumento de 4,2% no preço pago ao produtor, o que pode estimular a entrega de grãos. No entanto, o desafio climático persiste. Após um semestre inicial com chuvas 18% acima da média, o período entre julho e setembro apresentou queda de 40% nos volumes, o que pode limitar o avanço produtivo. Além disso, Gana enfrenta os efeitos contínuos do patógeno CSSVD, doença causada pelo vírus do broto inchado do cacau, que atinge cerca de 30% das áreas cacaueiras. Outro desafio é a mineração ilegal de ouro, que causa perdas estimadas em 10 mil toneladas por ano. Enquanto o Oeste Africano lida com adversidades, países de outras regiões vêm se beneficiando de condições mais estáveis. O Equador, impulsionado por dois anos consecutivos de clima úmido e investimentos em manejo, deve encerrar a safra 2024/25 com alta de 38%, chegando a 580 mil toneladas, com a capacidade de alcançar 610 mil toneladas já em 2026/27. “O país tem contado com um regime de chuvas consistente e variedades híbridas mais resistentes a doenças. A atenção agora se volta para o risco do fenômeno La Niña, que tende a reduzir as precipitações e pode limitar o ritmo de expansão”, observa o analista de Inteligência de Mercado da StoneX, Lucca Bezzon. No Brasil, o cenário climático também tem sido favorável. Segundo a AIPC (Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau) e a CEPLAC/Mapa, as chuvas regulares em 2024 e 2025 contribuíram para a recuperação das lavouras na Bahia e para o avanço no Pará, onde a área plantada cresce cerca de 4,4% ao ano. A produção nacional deve atingir 215 mil toneladas em 2025/26, um salto frente às 180,8 mil toneladas da temporada anterior. “O clima tem colaborado com o desenvolvimento das lavouras, especialmente no Norte, e o uso de variedades híbridas mais adaptados vem impulsionando a produtividade”, explica Bezzon. Outros produtores também contribuem para o equilíbrio global, como Camarões, que deve colher 310 mil toneladas, ainda sob risco de aumento da podridão-preta. Na Nigéria, apesar do país enfrentar seca persistente e níveis de umidade do solo nas mínimas em cinco anos, a produção deve se encerrar próxima a 360 mil toneladas; já a Indonésia mantém dois anos consecutivos de clima positivo, o que sustenta o crescimento da produção com projeção de 210 mil toneladas. Do lado da demanda, a retração é evidente, com as moagens registrando queda de 8,9% no segundo trimestre e 12,9% no terceiro trimestre de 2025, refletindo margens industriais comprimidas e substituições de ingredientes nas receitas. “O processo de destruição da demanda, que já vinha sendo antecipado desde 2023, se consolidou este ano. O custo elevado do cacau forçou a indústria a reformular produtos e reduzir volumes”, explica Borges. A combinação de oferta crescente e consumo mais fraco deve elevar os estoques globais a 1.660 mil toneladas até 2026/27, com a relação estoque/demanda em 35,4%, próxima à média dos últimos dez anos. Mesmo com a tendência de normalização, o mercado ainda está sujeito a picos de volatilidade. “O comportamento climático continua sendo o grande ponto de inflexão. Caso o clima permaneça seco na África Ocidental entre outubro e novembro, os preços podem voltar a subir no curto prazo. Mas, estruturalmente, o mercado caminha para um novo equilíbrio, com fundamentos mais sólidos e uma recomposição gradual dos estoques”, conclui Bezzon. Sobre a StoneX A StoneX é uma empresa global e centenária de serviços financeiros, com presença em mais de 70 escritórios pelo mundo, conectando mais de 300 mil clientes em 180 países. No Brasil, é especialista em estratégias de gestão de riscos, banco de câmbio, inteligência de mercado, corretagem, mercado de capitais de dívida, fusões e aquisições, investimentos, trading e ESG – consultoria de soluções sustentáveis. VEJA MAIS:
Clima segue como fator-chave, mas produção fora da África impulsiona recuperação do mercado global de cacau
Com safras mais favoráveis no Equador, Brasil e Indonésia e menor ritmo de moagem industrial, StoneX projeta superávit global de 287 mil toneladas em 2025/26; clima na África Ocidental ainda é o principal ponto de atenção
Com safras mais favoráveis no Equador, Brasil e Indonésia e menor ritmo de moagem industrial, StoneX projeta superávit global de 287 mil toneladas em 2025/26; clima na África Ocidental ainda é o principal ponto de atenção O mercado global de cacau dá sinais consistentes de recuperação após anos de forte desequilíbrio entre oferta e demanda. Segundo a StoneX, empresa global de serviços financeiros, o saldo global da commodity deve atingir superávit de 287 mil toneladas em 2025/26, resultado da retomada produtiva em países fora da África Ocidental e da queda na demanda industrial. Apesar da melhora, o cenário climático continua sendo um dos fatores mais determinantes para o comportamento dos preços e o desempenho das próximas safras. De acordo com o analista de Inteligência de Mercado da StoneX, Rafael Borges, o movimento de recomposição global é reflexo direto de um conjunto de fatores. “A oferta começa a responder aos preços historicamente elevados desde 2023, ao mesmo tempo em que as condições climáticas mais favoráveis em parte das regiões produtoras têm sustentado ganhos de produtividade”, explica. Clique aqui para seguir o canal do CompreRural no Whatsapp
Sorgo avança no Brasil e já ocupa quase metade da área do milho, mas produtividade preocupa Doenças, umidade e parasitas: os desafios da chuva para a saúde dos cavalos ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias
Por: Redação





