• Domingo, 26 de outubro de 2025

Bolsonaro é “página virada” para Trump, diz diplomata dos EUA

Thomas Shannon afirmou que o norte-americano reconheceu que não conseguirá interferir no processo judicial do brasileiro.

Thomas Shannon, diplomata dos EUA que foi embaixador do país no Brasil, disse que o presidente Donald Trump (republicano) reconheceu que não conseguirá interferir no processo judicial de Jair Bolsonaro (PL) e que a tentativa de assegurar a participação do ex-chefe do Executivo brasileiro nas próximas eleições “fracassou”.

Questionado se o assunto é “página virada” para o republicano, Shannon respondeu: “Sim. Por que ele vai fracassar de novo quando já fracassou uma vez? Trump é astuto nesse ponto. Ele sabe quando não pode avançar em uma frente e procura outra”. A fala foi em entrevista à BBC News Brasil.

Segundo Shannon, essa foi uma das razões para a recente aproximação de Trump com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A trégua entre os 2 começou em setembro na Assembleia Geral da ONU, quando eles se encontraram, se abraçaram, e Trump disse ter gostado de Lula.

Agora, ambos estão na Malásia e um possível encontro no domingo (26.out.2025) entre os 2 deve ser realizado às margens da cúpula da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático).

A aproximação marca uma guinada na postura de Trump, que em julho impôs uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e condicionou a normalização das relações à suspensão do julgamento de Bolsonaro no STF (Supremo Tribunal Federal).

O julgamento não foi suspenso e Bolsonaro foi condenado pela 1ª Turma da Corte a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado.

Segundo o diplomata Thomas Shannon, outra razão para a aproximação de Trump e Lula foi que o republicano foi convencido de que as tarifas sobre produtos brasileiros prejudicariam empresas e consumidores norte-americanos.

“Acho que o presidente [Trump] foi exposto, por meio do setor privado norte-americano, a uma espécie de curso intensivo sobre o impacto que essas tarifas teriam no dia a dia de muitos norte-americanos”, disse Shannon.

Segundo o diplomata, Trump sentiu que estava mal-informado ou foi induzido ao erro ao impor sanções ao Brasil, e assumiu para si a responsabilidade de reverter o quadro.

“O que ele fez, ao estilo Trump, foi transformar um problema bilateral entre dois países em um encontro pessoal positivo, e usou esse encontro para mudar o tom da conversa entre os dois países”, afirmou Shannon.

“No mundo da diplomacia, isso é um movimento muito inteligente”, declarou o embaixador.

Por: Poder360

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