• Domingo, 17 de agosto de 2025

Bolivianos vão às urnas para eleições presidencial e legislativa

Pleito é realizado neste domingo (17.ago); candidatos de direita lideram pesquisas tanto para o Executivo quanto para o Congresso depois de 20 anos.

Bolivianos vão às urnas neste domingo (17.ago.2025) para as eleições presidencial e legislativa do país. Segundo pesquisas de intenção de voto, o pleito deve marcar o fim do domínio da esquerda e abrir espaço para uma virada política inédita desde 2006. 

O cenário se dá por causa da crise econômica no país, com inflação elevada –24,86% em julho–, reservas cambiais baixas e escassez de combustíveis e produtos básicos, o que culminou na baixa popularidade do atual presidente Luis Arce (independente, esquerda). 

 

De acordo com dados oficiais do governo da Bolívia, cerca de 7,9 milhões de eleitores estão habilitados a participar do pleito, incluindo cerca de 370 mil no exterior. A população total da Bolívia está estimada em cerca de 11,3 milhões de habitantes. 

Para evitar um 2º turno à Presidência em 19 de outubro, o candidato precisaria de mais de 50% dos votos, ou 40%, com 10 pontos percentuais a mais do que o 2º colocado. Os mandatos do Executivo e do Legislativo têm duração de 5 anos, com posse marcada para 8 de novembro. 

Na corrida presidencial, nenhum candidato alcançou mais de 25% nas pesquisas. Lideram o empresário de centro-direita Samuel Doria Medina, ex-ministro de Planejamento e candidato da coalizão Aliança Unidade, e o ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga (Aliança Livre, centro-direita). Ambos oscilam entre 20 % e 25 % nas intenções de voto. Ambos concorreram contra o ex-presidente Evo Morales (Evo Pueblo, esquerda) em 2006 e em 2014.

As principais propostas de campanha dos candidatos focam na recuperação econômica. Medina promete um “plano de choque” para estabilizar a economia em 100 dias. Já Quiroga propõe políticas de segurança e ordem, aproveitando sua experiência anterior à frente do Executivo (2001-2002). 

No campo partidário tradicional, o MAS (Movimento ao Socialismo), que foi hegemônico desde 2005, está fragmentado. Luis Arce, que foi expulso do partido em 2023, desistiu da reeleição. Evo Morales, líder histórico do MAS, foi barrado judicialmente de concorrer, o que resultou em protestos e conflitos que deixaram mortos e feridos no início do ano. Morales incentivou uma campanha simbólica de votos nulos como forma de protesto.

Eduardo del Castillo, ex-ministro de Governo de Arce e representante da sigla que governou o país de 2006 a 2025, ficou em 7º lugar na última pesquisa, com menos de 2% das intenções de voto.

Na esquerda, destaca-se Andrónico Rodríguez, presidente do Senado desde 2020 e ex-aliado de Morales, que tenta se posicionar como alternativa de renovação do campo político. No entanto, suas chances são reduzidas, já que a base tradicional de apoio do MAS têm demonstrado crescente descontentamento, migrando para pautas econômicas mais pragmáticas. Na última pesquisa, aparece em 5º lugar, com menos de 9% das intenções de voto.

O pleito deste domingo (17.ago) representa a 1ª eleição desde 2006 em que a direita tem chances reais de conquistar não só a Presidência, mas também a maioria no Congresso. Se o cenário se concretizar, marcará uma guinada política de grandes proporções no país.

A eleição também inclui a renovação de 130 cadeiras da Câmara dos Deputados e 36 no Senado, sendo necessárias 66 cadeiras na Casa Baixa e 19 na Casa Alta para formar maioria absoluta. 

Diferentemente de outros países sul-americanos que utilizam urnas eletrônicas, a Bolívia adota o sistema de votação em papel, com contagem manual dos votos.

Por: Poder360

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