Carlos Marighella
Registros do Memorial da Resistência, entidade da capital que preserva a memória de pessoas que contestaram as forças repressivas do período, lembram que Marighella chegou a ser considerado o inimigo número um da ditadura. Em 1946, o baiano havia conquistado o cargo de deputado federal, com um dos mais expressivos eleitorados, mas teve seu mandato cassado por decisão do então presidente Eurico Gaspar Dutra. A ordem se estendia a todos os filiados a partidos de vertente comunista, como era o caso de Marighella, do Partido Comunista Brasleiro (PCB). Em 1952, passou a integrar a Comissão Executiva do Comitê Central do PCB e, no ano seguinte, foi enviado à China. A primeira vez que torturaram Marighella, que resistiu a duas fases de autoritarismo, a de Getúlio Vargas e a da ditadura instaurada com o golpe que depôs o presidente João Goulart, foi em 1936, quando tinha 24 anos de idade e teve seus pés queimados por maçarico. Permaneceu um ano preso, até que recebeu anistia. Sua primeira detenção ocorreu 4 anos antes, ocasião em que incomodou os poderosos por criticar Juracy Magalhães, interventor de Getúlio e o primeiro presidente da Petrobras. Viveu na clandestinidade, sendo localizado por policiais, em 1964, em um cinema no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Os agentes atiraram contra ele, à queima-roupa. Em julho de 1968, anunciou a Ação Libertadora Nacional (ALN), de resistência armada contra a ditadura. Em 1969, Marighella foi assassinado por policiais do DOPS/SP, que armaram uma emboscada, após descobrirem sua ligação com a ordem religiosa dos dominicanos. Ele morreu indefeso, com pelo menos quatro balas.Censura
O governo de Jair Bolsonaro, alinhado à extrema-direita, impôs censura ao filme Marighella, dirigido por Wagner Moura e estrelado por Seu Jorge. O longa-metragem entrou no circuito brasileiro somente na data de aniversário do revolucionário, em 2021, bem depois de já ter sido exibido em festivais importantes, como o de Berlim. Naquele ano, a equipe de produção afirmou à imprensa que a diretoria da Agência Nacional de Cinema (Ancine), que havia sido nomeada por Bolsonaro e substituído a anterior, de fato foi responsável por atrasar a exibição da obra nas salas de cinema brasileiras. Relacionadas
Ativista e viúva de Marighella, Clara Charf morre aos 100 anos
Casa onde Marighella viveu em Salvador será transformada em instituto





