• Quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Petista que presidirá CPI do crime organizado quer evitar "pirotecnia"

Ele critica fala de Lula sobre traficante, defende penas maiores e diz que esquerda precisa assumir debate da segurança.

O senador Fabiano Contarato (PT-SE), eleito na 3ª feira (4.nov.2025) para presidir a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Crime Organizado, disse que o colegiado não será usado como “palanque” político e vai buscar resultados concretos para a segurança pública.

“Não estamos ali para fazer discurso de palanque nem atender a A, B ou C. O que for necessário, eu farei com rigor. Aquilo ali não é palco para pirotecnia nem para discurso eleitoral”, declarou em entrevista ao O Globo publicada nesta 4ª feira (5.nov). “A CPI precisa agir de forma proativa. Se evitarmos abusos e pirotecnia e focarmos no que importa, o resultado será positivo”, afirmou.

O colegiado formado por 11 integrantes titulares terá 120 dias para investigar o avanço de facções criminosas, o envolvimento de agentes públicos e as falhas nas políticas de segurança. A megaoperação realizada no Rio em 28 de outubro, com 121 mortos, deve conduzir parte dos debates, assim como as propostas pelo governo, como o PL (projeto de lei) Antifacção e a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Segurança Pública.

Segundo Contarato, o objetivo da CPI é “jogar luz sobre a segurança pública, ver quem tem responsabilidade e o que é necessário fazer para reduzir a criminalidade”. Ele afirmou que o país segue “alarmado –com razão– diante de operações que vitimam dezenas de pessoas” sem que haja respostas efetivas. Disse que a comissão também deve discutir a responsabilização de agentes públicos. “Como funcionam as corregedorias, as ouvidorias? Quantos policiais respondem por desvio de conduta? Precisamos rever isso”, declarou.

Uma das linhas centrais da investigação será o rastreamento de recursos financeiros de facções. Ele afirmou que o Senado “tem, sim” estrutura para essa apuração. “Costumo dizer que ‘não há nada mais poderoso do que uma ideia quando o seu tempo chega’ […] O rastreamento de fluxos financeiros é um desafio, mas hoje temos tecnologia e sistemas de informação que permitem essa rastreabilidade. Não vejo dificuldade nisso.”

Perguntado sobre a convocação do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), disse que o convite já foi aprovado.

Ao comentar a declaração em 24 de outubro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que traficantes seriam “vítimas dos usuários”, Fabiano Contarato afirmou que o chefe do Executivo foi “infeliz na colocação”. O congressista defendeu que “passou da hora de o campo progressista assumir” a pauta da segurança pública “porque ela é apartidária”.

“Temos que entender que o traficante é o que há de mais pernicioso dentro da sociedade brasileira […] Se for necessário alterar a legislação, seja para aumentar a pena do tráfico, seja para restituir a paz nas comunidades, eu vou apoiar”, disse o senador.

Horas depois da fala, quando estava em viagem à Malásia, Lula se retratou pela declaração sobre traficantes. “Fiz uma frase mal colocada nesta quinta e quero dizer que meu posicionamento é muito claro contra os traficantes e o crime organizado”, escreveu Lula em seu perfil no X. O presidente citou como exemplos de sua atuação a PEC da Segurança Pública e os “recordes na apreensão de drogas no país”.

Por: Poder360

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