• Quinta-feira, 28 de agosto de 2025

1º navio de nova rota entre China e Amazônia chega no sábado no Amapá

Ministro Waldez Góes diz que medida deve ampliar exportações e fortalecer pequenos produtores com apoio de crédito e cooperativismo.

O ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, afirmou nesta 5ª feira (28.ago.2025) que o 1º navio da nova rota entre o Brasil e a China chegará no Amapá no sábado (30.ago.2025). Trata-se da estreia de uma rota marítima direta entre a região da Grande Baía Guangdong–Hong Kong–Macau e o Porto de Santana das Docas, no Amapá.

Essa informação foi divulgada no programa “Bom dia, Ministro”.

Segundo Góes, o navio virá de Zhuhai, carregado de mercadoria e partirá com produtos brasileiros. “O Brasil continua exportando muita soja, café e ferro para a China, mas a ideia é ampliar essa relação de produtos”, declarou no programa “Bom dia, Ministro”

O ministro afirmou que a medida trará ganhos de produtividade e de renda para os produtores. Segundo ele, a nova conexão vai reduzir drasticamente o tempo de transporte entre a Amazônia e a China, fortalecendo o comércio internacional com foco no desenvolvimento regional, bioeconomia e integração produtiva.

“Se você sair hoje com um produto do Centro-Oeste por Santana ou pelo Arco Norte para a Europa, comparado com o Porto de Santos, você diminui, por exemplo, a soja, o custo de 14 dólares por tonelada. E, se for para a China, 7,8 dólares por tonelada, além do tempo de viagem que diminui. Então isso agrega muito no trabalho, lucro, recompensa do produtor, seja ele da Amazônia ou do Centro-Oeste. E reorganiza melhor a logística no Brasil”, disse o ministro.

“Tem um mercado gigante de 1 bilhão e 400 milhões de pessoas. Para você ter uma ideia, o café entra muito forte na China. O consumo per capita é um café por mês. Se dobrar, dois cafés por mês, imagina o tamanho do mercado que o Brasil tem na China. Isso é para o café, é para o agro de um modo geral, a soja. E eles têm muito interesse pelo mel, açaí, chocolate, cacau. Os produtos da biodiversidade têm uma abertura muito grande na China”, acrescentou.

Em agosto, Waldez Góes integrou a comitiva brasileira para viabilizar a nova rota marítima. Atualmente, o ministério desenvolve com a China importantes iniciativas no campo da infraestrutura, logística e integração regional. Em novembro de 2024, as nações assinaram um acordo para iniciar estudos conjuntos sobre o corredor ferroviário que ligará os oceanos Atlântico e Pacífico, integrando as ferrovias de Integração Oeste-Leste (Fiol), Centro-Oeste (Fico) e Norte-Sul (FNS) ao recém-inaugurado Porto de Chancay, no Peru.

O ministro falou sobre a expansão programa do apoio financeiro Agroamigo para as regiões Norte e Centro-Oeste, com o objetivo de facilitar o acesso a microcrédito e orientação técnica para pequenos agricultores. Disse que a cooperação entre o governo federal, Estados e municípios será fundamental para implementar a iniciativa.

Ao responder sobre como a produção e o mercado internacional serão introduzidos aos pequenos produtores, o ministro disse: “Os grandes se unem para comercializar, para vender, para comprar, e os pequenos não podem fazer diferente. Então, a cultura associativista, a cultura cooperativista, ela tem de vir junto com essa estratégia, porque se não nós vamos só garantir a subsistência. Você vai produzir para subsistir e você não vai conseguir crescer. E tem chance de crescer, e crescer muito, cada região, cada atividade vocacionada que nós tivermos”.

O Agroamigo, programa de microcrédito rural criado em 2005 pelo Banco do Nordeste, é considerado o maior da América do Sul. Voltado para agricultores familiares enquadrados no Pronaf B, Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar grupo ‘B’, oferece financiamento orientado para investimentos produtivos acompanhado de assistência técnica.

Na entrevista, Góes também falou sobre o acordo de cooperação técnica assinado na 4ª feira (27.ago.2025) entre o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional e a ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), presidida por Ricardo Capelli. Segundo ele, a iniciativa foi orientada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e tem como foco a estratégia de industrialização das regiões historicamente menos desenvolvidas.

De acordo com o ministro, a proposta é agregar valor à produção da Amazônia e de outras regiões, reduzindo desigualdades e gerando emprego e renda. “Não faz sentido a Amazônia apenas fornecer matéria-prima. Precisamos industrializar o açaí, o cacau, a castanha, o pescado, até o setor de fármacos. Cada região tem direito de participar dessa cadeia de valor, e é por aí que se combate a fome e se diminui as desigualdades”, afirmou.

Por: Poder360

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