O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela anunciou na 4ª feira (15.out.2025) que vai apresentar uma queixa contra os Estados Unidos no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) e ao secretário-geral, António Guterres, por tentativa de golpe no país. Exigem a adoção de medidas urgentes para impedir uma escalada militar no Caribe.
Em comunicado oficial, a chancelaria venezuelana disse rejeitar as declarações “belicosas e extravagantes” do presidente dos EUA, Donald Trump (Partido Republicano), “nas quais ele admite publicamente ter autorizado operações para agir contra a paz e a estabilidade da Venezuela”. Leia a íntegra da nota, em espanhol (PDF – 191 kB).
Na 4ª feira (15.out), Trump confirmou ter autorizado operações por terra na Venezuela, depois de uma série de ataques a embarcações do país sul-americano no mar do Caribe. A justificativa é o combate ao narcotráfico internacional. Segundo reportagem publicada pelo New York Times, o governo norte-americano também autorizou a CIA (Agência Central de Inteligência) a derrubar o presidente venezuelano, Nicolás Maduro (PSUV, esquerda).
“Esta declaração sem precedentes constitui uma grave violação do direito internacional e da Carta das Nações Unidas, e obriga a comunidade internacional a denunciar essas afirmações claramente imoderadas e inconcebíveis”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela.
Lê-se ainda no comunicado: “Observamos com extremo alarme o uso da CIA, bem como os anunciados deslocamentos militares para o Caribe, que constituem uma política de agressão, ameaças e assédio contra a Venezuela. É evidente que tais manobras buscam legitimar uma operação de ‘mudança de regime’ com o objetivo final de apreender os recursos petrolíferos venezuelanos. Além disso, as declarações do presidente dos EUA buscam estigmatizar a migração venezuelana e latino-americana, alimentando uma retórica perigosa e xenófoba”.
Em discurso na 4ª feira (15.out), Maduro repudiou a fala de Trump e fez referência a intervenções norte-americanas em outros países. Ele associou as ações da agência norte-americana a episódios históricos de repressão na América Latina, citando, indiretamente, a ditadura argentina e o golpe de 1973 no Chile.
Na 3ª feira (14.out), os EUA realizaram mais um ataque a um barco próximo à costa da Venezuela. Trump afirmou que a ofensiva matou 6 pessoas.
O governo norte-americano opera no mar do Caribe desde agosto. Há 8 navios de guerra e 1 submarino nuclear dos EUA na região. Até agora, foram 5 ataques dos EUA a barcos venezuelanos sob justificativa de combate ao narcotráfico.
No início de outubro, o Pentágono disse ao Congresso que os EUA estão envolvidos em um “conflito armado não internacional” com cartéis de drogas. A Casa Branca oferece US$ 50 milhões por informações que levem à captura de Maduro, que nega acusações de vínculos com cartéis de drogas.
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