Eutanásia no mundo
Intitulada Morte Digna, a lei coloca o Uruguai no grupo restrito de países que permitem a morte medicamente assistida, incluindo Canadá, Países Baixos e Espanha. Na América Latina, a Colômbia descriminalizou a eutanásia em 1997, e o Equador aderiu ao movimento em 2024.Lei no Uruguai
Entre os requisitos, a legislação aprovada no Uruguai prevê que é necessário ser maior de idade, cidadão ou residente no Uruguai, estar em plena saúde mental e em fase terminal de doença incurável ou que cause sofrimento insuportável, com grave deterioração da qualidade de vida. Serão necessários passos preliminares antes que o paciente formalize por escrito a vontade de pôr fim à vida. Beatriz Gelós, de 71 anos, que sofre há quase 20 anos de Esclerose Lateral Amiotrófica, uma doença neurodegenerativa que provoca paralisia muscular progressiva, disse à agência France-Presse (AFP), antes da votação, que era "chegada a hora" de encerrar o debate no país. "Não fazem ideia do que é viver assim", disse Gelós aos que se opõem à eutanásia. A idosa afirmou que gostaria de ter "a opção" de colocar um fim ao sofrimento. Pablo Cánepa, de 39 anos, outro doente emblemático da causa, sofre de uma doença rara e incurável que provoca espasmos que são acalmados com sedativos. Lucidamente, pediu o fim de um calvário que começou há quatro anos. "Pablo está morrendo faz anos", disse o irmão, Eduardo Cánepa, à AFP. "O Pablo não está vivo. O que ele tem não é uma vida", acrescentou a mãe, Monica. Mais de 60% dos uruguaios apoiam a legalização da eutanásia e apenas 24% se opõem, segundo uma sondagem apresentada em maio pela empresa de sondagens de opinião Cifra. A Ordem dos Médicos do Uruguai não se posicionou oficial sobre o assunto, mas atuou como consultora durante todo o processo legislativo "para assegurar o máximo de garantias aos doentes e aos médicos", disse o presidente da entidade, Álvaro Niggemeyer, à AFP. A Igreja Católica manifestou tristeza após a votação na Câmara dos Deputados. A resistência ao projeto de lei foi além das esferas religiosas. Mais de uma dezena de associações rejeitaram o projeto, descrevendo-o como "deficiente e perigoso". É proibida a reprodução deste conteúdo Relacionadas
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