• Sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Texas terá fábrica milionária de moscas estéreis contra a bicheira

Nova instalação no Texas busca proteger pecuária e indústria de carne diante de ameaça que pode gerar prejuízos bilionários, a bicheira-do-Novo Mundo.

Nova instalação no Texas busca proteger pecuária e indústria de carne diante de ameaça que pode gerar prejuízos bilionários, a bicheira-do-Novo Mundo. O governo dos Estados Unidos anunciou a construção de uma fábrica de moscas estéreis no Texas como parte de um esforço emergencial para conter o avanço da bicheira-do-Novo Mundo — praga parasitária que ameaça devastar a pecuária e a vida selvagem do país. A medida foi apresentada pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) em conjunto com autoridades estaduais, em resposta à proximidade da praga, já detectada a apenas 600 quilômetros da fronteira com o México. A bicheira é causada por moscas que depositam larvas em feridas de animais de sangue quente, provocando lesões graves, perda de produtividade e até a morte. Considerada um risco de segurança nacional, a infestação pode gerar perdas estimadas em US$ 2,1 bilhões para a pecuária e US$ 9 bilhões para a caça e a vida selvagem, caso atinja território norte-americano.
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    A secretária de Agricultura, Brooke Rollins, anunciou que a instalação será construída em Edinburg, no Texas, com investimento de US$ 750 milhões. A unidade terá capacidade para produzir cerca de 300 milhões de moscas estéreis por semana, que serão soltas no meio ambiente com o objetivo de neutralizar a reprodução da praga. Ao copular com fêmeas, os machos estéreis produzem ovos inviáveis, levando ao colapso populacional do parasita. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'});Segundo Rollins, a fábrica deve começar a operar em até um ano e será a primeira do tipo nos EUA, reduzindo a dependência de instalações já existentes no Panamá e no México. A secretária destacou ainda que a iniciativa é fundamental para proteger tanto os produtores quanto os consumidores. “ A mosca coloca em risco nossa indústria pecuária e ameaça a estabilidade dos preços da carne bovina em toda a América”, afirmou. Paralelamente, o USDA anunciou a construção de uma unidade de dispersão de moscas estéreis na Base Aérea de Moore, também em Edinburg, avaliada em US$ 8,5 milhões. Essa estrutura receberá larvas produzidas no Panamá e no México para posterior liberação nos pontos de maior risco. Enquanto a fábrica não entra em operação, o governo federal garantiu investimentos de até US$ 100 milhões em tecnologias emergenciais, como novas armadilhas, unidades móveis de esterilização e sistemas de monitoramento avançado. Também serão ampliadas as patrulhas de fronteira, com reforço de equipes montadas — conhecidas como “tick riders” — que, além de combater o carrapato da febre, agora terão a missão de inspecionar gado e outros animais na região. O governador Greg Abbott já havia determinado a criação de uma Equipe de Resposta à Bicheira do Novo Mundo no estado, envolvendo a Comissão de Saúde Animal e o Departamento de Parques e Vida Selvagem. A força-tarefa busca coordenar ações de vigilância e resposta rápida. Cães treinados também serão incorporados ao trabalho de detecção. No âmbito internacional, o USDA está fortalecendo a parceria com autoridades mexicanas para monitorar em tempo real o avanço da praga. O objetivo é conter o parasita ainda em território mexicano, evitando que ultrapasse a fronteira. O anúncio foi bem recebido pelo setor agropecuário. O presidente do Texas Farm Bureau, Russell Boening, destacou a urgência do projeto: “ Esta ameaça é real e urgente, e não podemos nos dar ao luxo de atrasos. A construção imediata desta instalação é essencial para evitar danos irreversíveis à economia agrícola e ao sistema alimentar do nosso país”. O Texas não enfrenta um surto de bicheira desde a década de 1960, quando programas de controle com moscas estéreis ajudaram a erradicar a praga. Contudo, em 2023, o parasita começou a avançar para o norte do Canal do Panamá e, em 2024, chegou ao México, levando os EUA a suspender temporariamente a importação de gado mexicano. O risco atual é considerado um dos maiores das últimas décadas para a pecuária norte-americana, que concentra no Texas parte significativa de seu rebanho bovino. Caso a infestação não seja contida, além do impacto econômico direto, haverá repercussões para a produção de carne, a exportação de gado e até para a segurança alimentar dos consumidores.
    Por: Redação

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