O ex-assessor do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Eduardo Tagliaferro afirmou que foi procurado pelos Estados Unidos para “levar” o “material” que tem sobre o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. Ele não especificou o cargo do representante que entrou em contato com ele nem o período da tentativa. Também não informou se enviou as informações aos EUA.
Tagliaferro é ouvido como testemunha de defesa da deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP) pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania) da Câmara dos Deputados nesta 4ª feira (17.set.2025). O processo analisa a cassação da deputada, que está presa na Itália, onde aguarda o julgamento de pedido de extradição para o Brasil.
Ele falou sobre a aproximação dos EUA ao responder os questionamentos do deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS). O congressista havia perguntado se Tagliaferro iria acionar autoridades externas, já que está na Itália. Também questionou por que o ex-assessor não divulgou as informações que afirma ter. Em resposta, disse que a imprensa não quis ouvi-lo.
Assista ao depoimento de Tagliaferro (2h09min):
Ainda segundo o ex-assessor, ele era orientado a monitorar os perfis de Zambelli semanalmente enquanto integrava o gabinete de Moraes, então presidente do TSE.
“Era pedido que tudo que ela postasse fosse monitorado e fizéssemos relatórios”, disse. “Os relatórios eram pedidos, e, no meu entender, eram encaminhados ao gabinete do ministro no TSE e no STF (Supremo Tribunal Federal).”
Tagliaferro chefiava a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação no TSE. Ele foi exonerado em 2023, após ter sido detido por violência doméstica. À época, o presidente do TSE era o ministro Alexandre de Moraes.
Atualmente, assim como Zambelli, Tagliaferro vive na Itália e é alvo de pedido de extradição feito por Moraes, após denúncia da PGR (Procuradoria Geral da República) por suposto vazamento de conversas de WhatsApp entre servidores do STF (Supremo Tribunal Federal) e do TSE.
Zambelli e o hacker Walter Delgatti Neto foram condenados por invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica. A deputada também foi condenada à perda do mandato parlamentar, decisão que está em análise na Câmara. O processo tramita na CCJ e, posteriormente, será analisado pelo plenário da Câmara.
Na última 4ª feira (10.set), a CCJ começou a ouvir as testemunhas indicadas pela defesa de Zambelli.
Walter Delgatti foi o 1º a depor. Ele reafirmou que Zambelli o orientou a invadir o sistema do CNJ e inserir um falso mandado de prisão contra Moraes. Zambelli classificou o hacker como “mitomaníaco“.
Em 2 de setembro, Tagliaferro prestou depoimento à Comissão de Segurança Pública do Senado. Na ocasião, ele afirmou ter provas contra Moraes e sua equipe relacionadas à atuação durante a presidência do TSE nas eleições de 2022.
Segundo Tagliaferro, Moraes teria “direcionado investigações” em processos sobre os atos de 8 de Janeiro. O ministro nega o conteúdo das declarações feitas por seu antigo subordinado.