O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou na 2ª feira (20.out.2025) Guilherme Boulos (Psol-SP) como o novo ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, no lugar de Márcio Macêdo.
Filho de médicos infectologistas e professores universitários, Boulos nasceu na região de Pinheiros, em São Paulo. Na adolescência, pediu para ser transferido para uma escola pública, quando passou a se interessar por política. Nessa época, começou a promover iniciativas sociais, participando de protestos e de um trabalho de alfabetização de jovens e adultos.
Boulos é formado em Filosofia pela USP (Universidade de São Paulo). Se especializou em psicologia clínica pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) e fez mestrado em psiquiatria na USP. Deu aulas e lançou 3 livros: “Por que ocupamos?”, “De que lado você está?” e “Sem Medo do Futuro”.
Aos 19 anos, foi morar em uma ocupação do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e se consolidou politicamente como uma das principais lideranças do grupo. Ocupou o cargo de coordenador nacional da organização de 2002 a 2003. Nesse período, foi um dos líderes de uma ocupação em um terreno da Volkswagen em São Bernardo do Campo.
Ganhou fama, amplamente usada por opositores e nas redes sociais, de “invasor” de casas. Foi durante o período no movimento que conheceu sua mulher, Natalia Szermeta, mãe de suas duas filhas.
Filiado ao Psol, sua 1ª candidatura foi à Presidência da República em 2018, quando terminou o pleito vencido por Jair Bolsonaro (PL) em 10º lugar. Disputou a Prefeitura de São Paulo em duas ocasiões: em 2020 e em 2024. Em ambas, foi derrotado no 2º turno —por Bruno Covas (PSDB) e por Ricardo Nunes (MDB), respectivamente.
Na candidatura de 2024, seu patrimônio declarado ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) era de R$ 199.597, incluindo o automóvel Chevrolet Celta 2009/2010, que utilizou como símbolo de simplicidade.
O carro chegou a receber a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o ex-presidente uruguaio Pepe Mujica, e foi tema de um bolo na Cozinha Solidária em uma visita de Lula.
Durante a pandemia, realizou com o MTST ações de assistência social, como a criação de cozinhas solidárias.
Em 2022, foi eleito o deputado federal mais votado em São Paulo, com cerca de 1 milhão de votos. Na Câmara, atua em comissões como a de Finanças e Tributação e a de Desenvolvimento Urbano.
Atuante nas redes sociais, o corintiano soma mais de 6,6 milhões de seguidores no Facebook, YouTube, Instagram e X. Criou o programa “Café com Boulos”, um trocadilho com o próprio sobrenome, como espaço para falar sobre suas ideias políticas.
Além do Congresso, é também nas redes onde se mobiliza contra alguns de seus principais adversários políticos, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o prefeito Ricardo Nunes e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Em setembro, Boulos organizou os atos contra o PL (Projeto de Lei) da Anistia e a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Blindagem, que levaram a esquerda às ruas nas maiores manifestações desse espectro político em anos. Essa articulação chamou ainda mais a atenção do Planalto. Lula quer ter ao seu lado alguém capaz de reunir grandes públicos em eventos pelo interior do país, quando pretende apresentar os resultados do governo.
Essa foi a 13ª mudança ministerial desde o início do 3º mandato de Lula.
A Secretaria Geral é responsável, entre outras coisas, pela interlocução com movimentos sociais, mas o governo tem sido criticado por esses grupos. O Planalto avalia que não tem conseguido mobilizar movimentos ligados ao PT ou a partidos e pautas associadas à esquerda de modo suficiente para reverberar os programas sociais do governo. Entre as principais bandeiras de Boulos estão moradia digna, reforma urbana, alimentação popular e justiça social.
Um episódio evidenciou a insatisfação do próprio presidente. No ato de 1º de Maio de 2024, Lula cobrou Macêdo publicamente pela falta de público em um evento com centrais sindicais em São Paulo.