• Sábado, 9 de agosto de 2025

Por que os cavalos devem ser casqueados

Na zootecnia equina, poucos elementos exercem influência tão direta sobre a funcionalidade e a longevidade do animal quanto os cascos

Na zootecnia equina, poucos elementos exercem influência tão direta sobre a funcionalidade e a longevidade do animal quanto os cascos Muitos já diziam: “Cavalo começa com C de casco por um motivo importante!” Muito além de uma estrutura córnea terminal, o casco integra o sistema locomotor e circulatório periférico, atuando como elo fundamental na biomecânica do movimento e no suporte fisiológico da massa corporal. Sua conformidade anatômica e integridade estrutural são essenciais para garantir homeostase locomotora, desempenho atlético, equilíbrio postural e prevenção de patologias ortopédicas. Nesse contexto, o casqueamento profilático e corretivo desponta como um dos manejos técnicos mais relevantes dentro da cadeia produtiva equina.
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    A negligência nesse aspecto compromete não apenas o bem-estar do animal, mas a eficiência zootécnica do sistema de produção, elevando índices de descarte, tempo de recuperação e gastos com terapias corretivas. Este artigo apresenta uma abordagem técnica sobre a importância do casqueamento, seus fundamentos biomecânicos, periodicidade recomendada, consequências da omissão e diretrizes de boas práticas no manejo podal. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'});Fundamentos anatômicos e biomecânicos do casco O casco é composto por diversas estruturas especializadas: muralha, sola, linha branca, ranilha, lâmina córnea e tecidos dérmicos adjacentes. Além da função de proteção, o casco possui papel essencial na:
  • Dissipação de energia cinética durante o impacto com o solo
  • Estabilização das articulações distais (interfalangianas e metacarpo/metatarso-falângicas)
  • Atuação como bomba auxiliar de retorno venoso distal
  • Preservação do alinhamento axial dos membros
  • A integridade geométrica dessas estruturas é vital para manter a simetria de cargas e o alinhamento biomecânico dos aprumos. O crescimento contínuo do casco e a necessidade de intervenção mecânica Por ser um tecido queratinoso altamente vascularizado em sua origem, o casco cresce de forma contínua, com uma taxa média entre 8 e 10 milímetros por mês, dependendo de variáveis como genética, nutrição, idade e tipo de piso. Esse crescimento, quando não submetido a desgaste natural proporcional ou manejo técnico, leva a:
  • Desbalanços podais
  • Alterações angulares (valgismo, varismo, distocia axial)
  • Hiperextensão dos tendões flexores
  • Pressão excessiva sobre a linha branca e ranilha
  • O casqueamento atua como instrumento de contenção e correção dessas alterações, promovendo o reequilíbrio biomecânico e prevenindo sobrecargas articulares e tendíneas. Patologias associadas à ausência ou má execução do casqueamento A ausência de casqueamento ou sua realização incorreta favorece o surgimento de uma série de enfermidades locomotoras e infecciosas. As mais frequentes incluem:
  • Laminite crônica ou subclínica
  • Fissuras longitudinais e transversais da muralha
  • Abcessos subsolares
  • Desvio de quartelas e aprumos compensatórios
  • Infecções fúngicas ou bacterianas secundárias à má conformação podal
  • Segundo dados do setor, mais de 70% dos casos de claudicação observados em equinos esportivos ou de tração derivam de alterações estruturais no casco ou da ausência de casqueamento profilático.Periodicidade técnica recomendada para casqueamento Embora o intervalo padrão varie entre 6 a 8 semanas, a periodicidade deve ser ajustada conforme os seguintes fatores:
  • Tipo de solo (abrasivo, arenoso, úmido ou pedregoso)
  • Nível de atividade física do animal
  • Predisposições anatômicas e genéticas
  • Clima da região e índices de umidade
  • Condições sanitárias e frequência de exposição à lama ou umidade constante
  • Um acompanhamento individualizado e criterioso deve ser estabelecido com base em inspeções regulares, preferencialmente conduzidas por um casqueador ou ferrador técnico habilitado. Casqueamento e ferrageamento: distinções técnicas e critérios de aplicação O casqueamento é um manejo mecânico e anatômico de correção e manutenção do casco natural. Já o ferrageamento envolve a aplicação de estruturas metálicas ou compostas (ferraduras), com a finalidade de proteção, correção biomecânica ou compensação ortopédica. Critérios para aplicação de ferraduras incluem:
  • Atividades com alto impacto ou carga repetitiva
  • Patologias podais com perda de estrutura ou sensibilidade exacerbada
  • Conformações defeituosas de origem genética ou traumática
  • Indicação veterinária ortopédica específica
  • Importante destacar que nem todos os cavalos necessitam de ferraduras, mas todos exigem casqueamento regular. Qualificação técnica: por que confiar o manejo podal a profissionais especializados O casco é uma estrutura tridimensional que exige conhecimento aprofundado em anatomia equina, biomecânica e avaliação postural. O casqueamento mal executado pode:
  • Comprometer a estabilidade dos aprumos
  • Induzir dor, inflamação e claudicação
  • Alterar permanentemente o eixo mecânico dos membros
  • Potencializar lesões tendíneas ou articulares
  • O profissional capacitado utiliza parâmetros técnicos — como eixo digital, centro de carga e ângulos de aprumo — para executar cortes precisos, seguros e individualizados. Diretrizes técnicas de boas práticas no manejo dos cascos
  • Inspeção diária visual e tátil dos cascos
  • Higienização periódica com ferramentas adequadas
  • Ambiente seco e arejado para repouso do animal
  • Registro fotográfico e documental do histórico de casqueamentos
  • Planejamento estratégico anual de intervenções profiláticas
  • A adoção sistematizada dessas práticas minimiza riscos ortopédicos e promove longevidade funcional do equino. A manutenção da conformidade podal por meio do casqueamento não é uma medida estética ou acessória, mas uma intervenção zootécnica de base, determinante para a saúde, produtividade e sustentabilidade da criação equina. Ignorar a importância desse manejo significa comprometer a integridade locomotora do animal e colocar em risco a viabilidade econômica do sistema produtivo. O casqueamento deve ser incorporado ao protocolo técnico da propriedade, com acompanhamento especializado e foco preventivo. Escrito por Compre Rural VEJA MAIS:
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  • ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
    Por: Redação

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