• Segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Morre ativista argentina Rosa Roisinblit, que lutou contra a ditadura

Figura emblemática das Avós da Praça de Maio tinha 106 anos

Rosa Roisinblit, figura emblemática das Avós da Praça de Maio e da luta contra a ditadura argentina faleceu neste sábado (6), aos 106 anos, anunciou a associação. "As Avós da Praça de Maio se despediram com tristeza da sua querida companheira Rosa Tarlovsky de Roisinblit, vice-presidente das Avós da Praça de Maio até 2021, quando, devido à sua idade avançada, assumiu a presidência honorária da instituição", anunciou a organização de defesa de direitos humanos, em seu portal na Internet. Nascida em 1919 em Moises Ville, uma aldeia de imigrantes judeus no centro-leste da Argentina, Rosa Roisinblit trabalhava como obstetra quando, em 6 de outubro de 1978, sua filha Patricia Roisinblit e seu genro José Pérez Rojo – ambos ativistas da organização armada Montoneros que lutava contra a junta militar –, foram raptados. A filha de Patricia, Mariana, de 15 meses, foi devolvida à família e criada por Rosa. Mas Patricia, então grávida de oito meses, foi transferida para o centro clandestino de detenção e tortura da Escola de Mecânica Naval de Buenos Aires. Poucos dias depois, ela deu à luz um bebê que lhe foi retirado. Assim como outros 30 mil sequestrados extrajudicialmente durante a ditadura militar (1976-1983), Patricia Roisinblit e José Pérez Rojo foram assassinados e seus corpos nunca foram recuperados. Mais de 20 anos depois, em 2000, graças ao trabalho das Avós da Praça de Maio, de quem foi cofundadora, Rosa conseguiu encontrar o neto, Guillermo Roisinblit, uma das 140 crianças recuperadas pela organização. No mesmo ano, três militares responsáveis pelo rapto do neto foram condenados a penas de prisão entre 12 e 25 anos. Rosa e os dois netos, Mariana e Guillermo, compareceram ao julgamento. Segundo a Avós da Praça de Maio, cerca de 500 bebês foram roubados pela ditadura de seus pais – em sua maioria opositores ao regime. Em muitos casos, as mães pariram em centros clandestinos e depois desapareceram, foram assassinadas ou jogadas com vida para mar, sob efeito de drogadas. De acordo com a associação ainda falta encontrar cerca de 300 crianças. As Avós da Praça de Maio seguiram os passos das Mães da Praça de Maio, que protestaram em 1981 para encontrar os filhos que tinham sido raptados. Em 24 de março, no 49º aniversário do golpe militar de 1976, o Presidente Javier Milei anunciou a desclassificação dos arquivos de inteligência relacionados à ditadura. No entanto, em 14 de agosto, Milei eliminou a unidade integrada na Comissão Nacional pelo Direito à Identidade (Conadi) destinada a investigar a apropriação de crianças durante a ditadura por supostamente prejudicar a separação de poderes. O governo de Milei contesta o número de desaparecidos durante o regime militar, de 30 mil, estimativa que é consensual entre as organizações de direitos humanos, e só admite 8.751. Relacionadas
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Por: Redação

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