• Sábado, 18 de outubro de 2025

Líder de campanha por mulher no STF, Prioli vê "incoerência" em Lula

Advogada diz que provável indicação de outro homem ao Supremo seria uma contradição para governo que fala em diversidade.

A advogada e apresentadora Gabriela Prioli afirmou neste sábado (18.out.2025), em entrevista ao Poder360, que a indicação de mais um homem para a vaga de ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) seria um sinal de “incoerência” entre “discurso e ação” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Prioli encabeça a campanha, endossada por artistas e influenciadores, que pressiona o líder petista a nomear uma mulher para a vaga aberta depois da aposentadoria de Luís Roberto Barroso.

O argumento central da advogada é que o país precisa de mais representantes femininas no tribunal que julga os temas que “afetam diretamente a vida das mulheres, como violência de gênero ou liberdade reprodutiva”. Segundo ela, se Lula fosse coerente, indicaria uma mulher. Lula subiu a rampa do Planalto falando em diversidade e precisa mostrar esse compromisso nas suas ações”, afirma.

“A escolha de mais um ministro homem reforça a percepção de distância entre quem julga e a sociedade julgada”, afirma Prioli. “Isso afeta a confiança pública e a legitimidade democrática do STF, que vive momento histórico importante no que se refere a manter a confiança da população na sua atuação.”

A apresentadora conta que decidiu reforçar nas suas redes sociais a mobilização iniciada por um grupo de colegas advogadas. A campanha recebeu ao longo da semana o apoio de diversas artistas e influenciadoras, como Anitta, Juliette, Angélica, Grazi Massafera e Camila Pitanga.

Um dos eixos da campanha é a divulgação de abaixo-assinado online, já com mais de 67 mil assinaturas, que pede ao presidente que considere indicar uma mulher para a vaga, sem necessariamente defender um nome específico.

Prioli relembra que, ao longo de sua história, o STF só teve 3 ministras: Ellen Gracie, aposentada em 2011; Rosa Weber, aposentada em 2023; e Cármen Lúcia, única integrante mulher da atual composição e que deverá se aposentar compulsoriamente em 2029. A nomeação de uma mulher é a única maneira de começar a corrigir um déficit histórico de representação”, diz. “Aumentar a pluralidade de gênero e de raça é argumento de mérito institucional. A composição é essencial, já que influencia ângulos de análise, a formação de consenso e a percepção pública da justiça.”

A advogada também menciona a dificuldade das mulheres em ocupar “espaços de intelectualidade”, o que explicaria, segundo ela, que pessoas de fora do mundo jurídico tenham se unido à campanha. A gente sabe como ainda existe resistência tremenda a compreender a mulher como ocupante natural desses espaços de intelectualidade, poder e tomada de decisão”, diz. Uma ministra ali ajuda a normalizar a imagem de mulheres em espaços de intelectualidade, poder e tomada de decisão. Isso é fundamental para garantir a ascensão de mais mulheres nesses espaços no decorrer dos anos”. 

Barroso anunciou sua aposentadoria do Supremo no dia 9 de outubro, durante sessão no plenário. O advogado-geral da União, Jorge Messias, é tido como favorito à vaga. Messias é evangélico e reúne características valorizadas pelo Planalto para a vaga: ocupa cargo tradicionalmente visto como trampolim para o STF e tem relação de confiança com Lula.

Por: Poder360

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