Os voos de jatinhos da FAB (Força Aérea Brasileira) com autoridades dos Três Poderes recuaram em 2025 ao 2º menor patamar da série histórica, iniciada em 2003. Nos 7 primeiros meses deste ano, foram 654 decolagens, mais só do que as 407 registradas em igual período de 2020, no auge da pandemia de covid-19.
O motivo para a queda no número de voos é uma dificuldade orçamentária enfrentada pelo Ministério da Defesa desde o fim do 1º semestre deste ano. A pasta teve R$ 3,26 bilhões bloqueados no 2º e 3º bimestres para que o governo pudesse cumprir sua meta de gastos.
Parte dessa cifra foi liberada no fim de julho, mas demora algum tempo para que o dinheiro chegue na ponta e tudo volte à normalidade.
Só de 2 a 3 dos 10 aviões da FAB usados para transportar autoridades estão em operação. No fim de agosto, uma 4ª aeronave deve ser liberada, segundo apurou o Poder360. Até outubro, uma 5ª ficará pronta para voar novamente.
Uma leva de recursos bloqueados em maio ajudou a intensificar o problema na FAB. O número de voos chegou ao maior nível do ano em abril (125) e caiu gradualmente depois disso:
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) descongelou em 22 de julho R$ 20,6 bilhões do Orçamento de 2025 depois de uma alta na arrecadação de impostos. Desse valor, R$ 1,92 bilhão foi para o Ministério da Defesa.
Parte desse dinheiro foi direcionada à FAB, que já começou a pôr em dia a manutenção dos jatinhos que carregam autoridades. O problema é que muitas peças terão de ser encomendadas e não há recursos humanos suficientes para consertar de uma vez tudo que ficou pendente nos últimos meses.
Não há prazo para que os 10 jatinhos voltem a voar, segundo a Força Aérea. Alguns estão há meses no chão e precisam passar por uma manutenção mais rigorosa até que possam ser liberados.
O Ministério da Defesa declarou que, do R$ 1,92 bilhão desbloqueado, R$ 693 milhões são para programações do Novo PAC e R$ 1,23 bilhão para demais despesas discricionárias. Não disse quanto será enviado à FAB.
De janeiro a julho, Brasília foi o destino mais procurado pelas autoridades brasileiras, com 264 voos. É natural que a capital lidere a lista porque é onde todos trabalham durante a semana.
O 2º destino mais requisitado foi São Paulo. Foram 100 decolagens que tinham os aeroportos de Congonhas ou Guarulhos como destino. O Rio de Janeiro (com 40 voos) e Recife (15 voos) aparecem na sequência do ranking.
Em relação aos passageiros mais frequentes, Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados, lidera a lista, com 66 voos em 2025. Seus destinos preferidos são São Paulo e João Pessoa.
Luís Roberto Barroso, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), aparece em 2º lugar, com 62 voos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, completa o pódio, com 57 viagens.
Motta nasceu em João Pessoa (PB). Barroso, em Vassouras (RS). E Haddad, em São Paulo (SP).
O uso dos jatos da FAB por autoridades segue uma ordem de preferência estabelecida por lei e publicada no Diário Oficial da União. Têm prioridade:
O ministro da Defesa também pode autorizar o transporte de outras autoridades, nacionais ou estrangeiras.
Eis a íntegra (PDF – 147 KB) do decreto nº 10.267, de 5 de março de 2020, que regulamenta o transporte de autoridades.