• Quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Haddad: Brasil deve tratar minerais críticos de forma estratégica

Ministro da Fazenda quer agregar valor à produção e volta a defender o uso dos recursos em negociações com os EUA.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a falar nesta 3ª feira (12.ago.2025) sobre a necessidade de adotar uma política estratégica para explorar e exportar minerais críticos e terras-raras. Segundo ele, o Brasil deve priorizar a agregação de valor à produção, evitando a simples venda como commodities.

Haddad citou negociações feitas durante o governo do ex-presidente Joe Biden (Partido Democrata) para parcerias em fabricação de baterias e transferência de tecnologia e disse que acordos semelhantes podem ser firmados com Europa, China e EUA.

“Precisamos encontrar formas de agregar valor a esses minérios. Exportar apenas a matéria-prima mantém o país preso a um modelo de baixo valor agregado e empregos pouco qualificados”, disse durante a sessão na comissão mista que analisa a MP (medida provisória) 1.303 de 2025, apresentada pelo governo como alternativa à elevação do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

Haddad também reafirmou que os minerais podem ser usados como elemento de negociação nas discussões sobre tarifaço de 50% imposto pelo governo de Donald Trump (Partido Republicano) sobre produtos brasileiros.

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Os EUA têm intensificado a busca por minerais críticos –como nióbio, lítio, cobalto, grafite, cobre, urânio e as chamadas terras raras– para reduzir a dependência de importações da China e assegurar autonomia em setores estratégicos, como tecnologia, energia limpa e defesa. Esses recursos são essenciais na fabricação de chips, veículos elétricos, turbinas eólicas, satélites e equipamentos militares.

Apesar de não serem geologicamente raros, os minerais de terras raras têm processos de extração e refino complexos e caros, dominados pela China, que concentra cerca de 85% da capacidade global de processamento. Isso tornou a diversificação de fornecedores uma das prioridades de Trump.

Em julho, uma reunião entre encarregado de negócios e embaixador interino norte-americano, Gabriel Escobar, e o presidente do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração), Raul Jungmann, tratou sobre o tema.

A reunião foi solicitada pelo diplomata norte-americano e discutiu a possibilidade de uma missão de mineradoras brasileiras aos Estados Unidos ainda neste ano. A expectativa é que a visita seja realizada em setembro ou outubro.

Jungmann descatou, entretanto, que a negociação de acordos sobre o tema cabe exclusivamente ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já que os minerais pertencem à União.

“É assunto privativo do governo”, afirmou ao Poder360. O instituto representa empresas privadas de mineração e não tem competência para firmar tratados internacionais.

O vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin (PSB), foi questionado por jornalistas sobre a possibilidade de acordo com os EUA em relação a minerais críticos. Disse haver uma “pauta muito longa que pode ser explorada” e avançar.

Alckmin disse ter ouvido o setor na rodada de conversas com segmentos que exportam para os EUA. “O setor minerário é um que nós recebemos. Aliás, é outro setor que exporta para os Estados Unidos apenas 3%, mas importa em máquinas e equipamentos mais de 20%, o que mostra de novo enorme superavit [dos EUA] na balança comercial brasileira”, declarou.

O governo Lula é mais reticente com a situação. Disse que criará uma comissão “ultra especial” para mapear os minerais críticos no solo e subsolo do Brasil. Segundo ele, o Brasil precisa ter maior controle sobre 70% do território de reservas que ainda não foram devidamente catalogadas.

“Se esse mineral é crítico, eu vou pegar ele para mim. Por que eu vou deixar para outro país explorar?”, afirmou durante cerimônia de inauguração da termelétrica de gás natural UTE GNA 2, no Porto do Açu, em São João da Barra (RJ).

Por: Poder360

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