O Exército israelense seguiu com ataques aéreos na Faixa de Gaza nesta 5ª feira (9.out.2025), um dia depois do anúncio de que tanto o governo de Israel quanto o Hamas aceitaram o plano de cessar-fogo proposto pelo presidente norte-americano, Donald Trump (Partido Republicano).
Fontes médicas informaram à agência Anadolu que pelo menos 7 pessoas ficaram feridas nos ataques desta 5ª feira (9.out), em diversas áreas de Gaza. Colunas de fumaça, fruto de bombardeios, foram relatadas subindo das áreas atingidas, bem como tiroteios.
Nesta 5ª feira, a IDF (Forças de Defesa de Israel) anunciou o início dos preparativos operacionais “visando a implementação do acordo”. Hamas e Israel assinaram o acordo nesta manhã, na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh, mas sua aplicação ainda depende de aprovação do governo israelense.
Segundo Shosh Bedrosian, porta-voz do governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu (Likud, direita), em fala a jornalistas nesta 5ª feira, o acordo de paz deve entrar em vigor na tarde de 6ª feira (10.out), horário de Brasília, caso aprovado em votação com a alta cúpula de Israel.
O conflito começou em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas liderou um ataque a Israel, matando cerca de 1.200 pessoas. Eles fizeram cerca de 250 reféns. Desde então, o Exército israelense matou mais de 67.000 palestinos, incluindo civis e combatentes, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, e reduziu a infraestrutura do território a ruínas.
No dia 29 de setembro, Trump revelou um plano abrangente de 20 pontos para encerrar a guerra entre Israel e Hamas e criar o Estado Palestino. Entre o proposto está a troca de reféns israelenses por 250 prisioneiros palestinos condenados à morte e 1.700 moradores do enclave detidos depois do ataque de 7 de outubro de 2023.
Uma autoridade familiarizada com os detalhes do acordo disse ao New York Times que todos os reféns vivos, que se acredita serem cerca de 20, devem ser libertados imediatamente, provavelmente no fim de semana. Segundo Trump, a libertação será na 2ª feira (13.out). Os restos mortais de até 28 reféns serão devolvidos em etapas, disse a autoridade.
Ainda não está claro se todos os pontos da proposta de Trump foram aceitos por Israel e pelo Hamas e se a guerra na Faixa de Gaza realmente terminará. O Hamas rejeitou publicamente a exigência de Netanyahu de desarmamento, e não houve menção às armas do grupo em declarações sobre o acordo por parte de Israel, do Qatar, dos Estados Unidos ou do próprio Hamas.
De acordo com o plano de Trump, com a troca de reféns realizada, o governo dos EUA propõe anistia aos combatentes do Hamas que concordarem em “coexistir” na região com Israel. Os que desejarem deixar a Palestina poderão fazê-lo em segurança. Segundo o presidente dos EUA, a desmilitarização abrirá espaço para a entrada de ajuda humanitária sob supervisão da ONU (Organização das Nações Unidas), da Cruz Vermelha e de outros órgãos.
A Casa Branca mencionou a criação de um governo de transição temporário “tecnocrático e apolítico”. Este seria comandado por palestinos sob supervisão de um “Conselho da Paz” liderado por Trump e com a presença do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair (Partido Trabalhista, centro-esquerda) e de chefes de Estado e de governo a serem anunciados.
Será executado também um plano de desenvolvimento econômico para restabelecer as linhas energéticas na Faixa de Gaza. Uma zona econômica especial será criada posteriormente com tarifas preferenciais.
Se todas as condições forem cumpridas, os EUA disseram que o plano abre caminho para a “autodeterminação e a criação de um Estado palestino”.