• Sábado, 25 de outubro de 2025

França cria “megafazenda” com 10 bilhões de larvas para transformar lixo em ração animal

Instalação na França cria 10 bilhões de larvas para transformar desperdício em proteína, óleo e fertilizante — mas setor ainda enfrenta barreiras econômicas e regulatórias.

Instalação na França cria 10 bilhões de larvas para transformar desperdício em proteína, óleo e fertilizante — mas setor ainda enfrenta barreiras econômicas e regulatórias. A transição para cadeias alimentares mais sustentáveis ganhou um experimento em escala industrial na pequena Nesle, no norte da França. Ali, a I nnovafeed opera a maior fazenda de insetos do planeta, onde cerca de 10 bilhões de larvas da mosca-soldado-negra transformam diariamente resíduos agroindustriais em proteína para ração animal, óleo e fertilizante. O objetivo é atacar duas frentes sensíveis do agronegócio moderno: reduzir o desperdício de alimentos e diminuir a dependência de ingredientes convencionais como soja e farinha de peixe. A unidade da Innovafeed processa dezenas de milhares de toneladas de resíduos alimentares industriais por ano. O material é servido às larvas de Hermetia illucens, espécie conhecida por sua alta taxa de conversão biológica: em 14 dias, cada larva cresce até 10.000 vezes o seu tamanho, transformando restos orgânicos em biomassa proteica de alto valor.
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  • Proteína em pó — usada em rações para gado, peixes e pets
  • Óleo de inseto — aplicado em formulações de ração
  • Fertilizante orgânico — devolvido ao campo fechando o ciclo da economia circular
  • A aposta na proteína de insetos ganhou força à medida que cresce a pressão para substituir insumos que provocam impactos ambientais relevantes. A soja está associada ao desmatamento, especialmente no Cerrado e na Amazônia, enquanto a farinha de peixe depende de pesca predatória, que afeta ecossistemas marinhos. Insetos, por outro lado:
  • Podem ser criados sobre fluxos de resíduos, sem demandar áreas agrícolas adicionais
  • Consomem pouca água, usam menos energia e geram menor emissão de gases
  • Fecham ciclos de nutrientes, alinhados a metas de economia circular
  • Quando produzidos junto a fontes de calor e resíduos, como é o caso de Nesle, o modelo reduz drasticamente emissões e descarte, atuando em duas pontas do problema ambiental. Apesar do potencial, a indústria ainda não rompeu a barreira da viabilidade plena. A Innovafeed, assim como outras empresas do setor, ainda não é lucrativa. Custos tecnológicos elevados, marcos regulatórios lentos e resistência dos compradores tradicionais de ração dificultam a expansão. Mesmo assim, o movimento avança:
  • Parcerias com ADM e Cargill devem levar o modelo aos EUA, começando por Decatur (Illinois)
  • Novos locais estão sendo avaliados na Europa e América do Norte, próximos a fontes de calor e resíduos
  • Concorrentes como a Protix recebem apoio da Tyson Foods, sinalizando maturação do mercado
  • Para sair do “laboratório industrial” e ganhar escala mundial, analistas apontam dois pontos decisivos: aprovação regulatória em massa e adoção nos formuladores de ração tradicionais. Caso isso ocorra, a proteína de insetos poderá deixar de ser vista como aposta futurista e se tornar uma ferramenta concreta contra perdas na cadeia do alimento e contra pressões ambientais das proteínas convencionais. A Innovafeed projeta produzir mais de 10 mil toneladas de proteína por ano, num modelo que — se comprovada sua escalabilidade — pode reposicionar insetos e larvas como elo central de um sistema alimentar menos destrutivo e mais eficiente.
    Por: Redação

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