Um dos réus no processo sobre os atos do 8 de Janeiro, que é considerado foragido, Symon Filipe de Castro Albino interrompeu um debate realizado na 5ª feira (6.nov.2025) no 1º Fórum de Buenos Aires, na Argentina, organizado pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes.
O decano do Supremo participava de uma mesa sobre os desafios da democracia na América Latina ao lado de André Esteves, chairman do BTG Pactual, e de Iván Duque, advogado e ex-presidente da Colômbia, quando Castro se levantou na plateia e começou a falar.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o discurso de Castro, que se descreve como um “refugiado” na Argentina. Ele mesmo gravou a ação com o seu celular e publicou no Instagram. Castro afirmou que está há 3 anos sem ver seus filhos e que a acusação do ministro do STF Alexandre de Moraes contra ele é injusta. Ele é réu no processo sobre as invasões e depredações dos prédios dos Três Poderes, em Brasília.
“Eu estou há 3 anos sem ver meus filhos por crimes do 8 de Janeiro que eu não cometi. Eu não cometi crime. Não tem provas. Estamos sofrendo por crimes que muitos cometeram? Sim. E aqueles que cometeram têm de pagar”, disse.
Assista ao vídeo (1min24s):
Castro agradeceu a Mendes por permitir a sua fala e afirmou que “existem pessoas de bem no meio do dia 8 [de Janeiro]” que não cometeram crimes.
No início do vídeo, é possível ver seguranças se aproximando, mas Castro tem permissão de fazer a sua fala até o fim. Segundo reportagem da CNN Brasil, ele, em seguida, foi escoltado até a saída. Em seu perfil no Instagram, ele publicou um vídeo do momento em que sai do evento, acompanhado pelos seguranças.
Não houve nenhum comentário dos participantes da mesa sobre a interrupção e o evento prosseguiu.
Ainda de acordo com a CNN, Daniel Luciano Bressan e Claudiomiro Rosa Soares, outros 2 foragidos, também estavam na sala. Eles disseram que se credenciaram no evento com seus próprios nomes.
Castro publicou um vídeo no qual ele, Bressan, Soares e um 3º homem, identificado como “Paulistano”, protestam em frente à Universidad de Buenos Aires, onde é realizado o Fórum, promovido pelo IDP (Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa), de Gilmar Mendes.
Eles estenderam faixas nas quais se lê: “SOS Milei”, “SOS Donald Trump”, “Somos brasileños perseguidos”. No vídeo, Castro afirma que eles sofrem uma perseguição política de Moraes.
Ele também publicou uma selfie com Gilmar, reafirmando que se inscreveu no evento. “Se eu fosse terrorista que eles me acusam eu ia fazer o que? (sic.)”, escreveu. Na postagem, Castro justifica a sua postura durante a mesa de debates: “Só para deixar claro! Preferi ser educado para ser ouvido. Muitos dizendo: ‘mas deveria ter falado a ou b’. Na hora é muito nervoso, polícias, etc. A minha mensagem foi passada”.

O julgamento de Castro está marcado para este mês. Ele é acusado pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio e deterioração de patrimônio tombado.
Leia na íntegra a fala de Castro:
“Eu estou há 3 anos sem ver meus filhos por crimes do 8 de Janeiro que eu não cometi. Eu não cometi crime. Não tem provas. Estamos sofrendo por crimes que muitos cometeram? Sim. E aqueles que cometeram têm de pagar. Mas eu, Gilmar Mendes, estou há 3 anos sem ver meus filhos. O senhor tem feito o papel de juiz, de julgar no STF, o senhor tem feito um bom papel. Mas Alexandre de Moraes acusa, acusa outros que estão aqui no nosso meio, de 14 a 17 anos, sem nem ter prova de eu ter entrado dentro dos prédios. Então, sr. Gilmar, agradeço. Eu vim aqui para falar isso, aproveitar esse momento que o senhor está na Argentina para falar que existem pessoas de bem no meio do dia 8 [de Janeiro] sim. E que não cometeram [crimes]. Então, agradeço pelo senhor me ouvir, agradeço a todos vocês que estão em silêncio, porque se eles estão falando em democracia, essa é uma verdadeira democracia: eu poder falar e me expressar. Então, senhor Gilmar, muito obrigado. Te agradeço. Sou um dos refugiados aqui da Argentina e te agradeço por me receber e por me ouvir. Muito obrigado”.





