• Quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Fofocar faz bem à saúde? Especialistas apontam os efeitos da prática

Fofocar envolve prazer, vínculos e até mecanismos de defesa. Mais que curiosidade, prática pode revelar traços comportamentais complexos

Conversas sobre a vida alheia estão presentes em diversos contextos sociais, como ambientes de trabalho, grupos de amigos e círculos familiares. A fofoca é comum e pode assumir diferentes significados, dependendo da frequência, do conteúdo e da intenção envolvida. Especialistas apontam que , como o fortalecimento de vínculos e o alívio de tensões. No entanto, quando se torna frequente ou compulsivo, o comportamento pode estar associado a dificuldades emocionais e gerar prejuízos nas relações e na saúde mental. O conteúdo da conversa, o tom e a intenção por trás das palavras definem se o comportamento é socialmente adaptado ou prejudicial. A linha entre o saudável e o nocivo pode ser mais tênue do que parece. Leia também A neuropsicóloga Nathalie Gudayol, que atende em Porto Alegre, lembra que o prazer em “Do ponto de vista evolutivo, a fofoca ajudava nossos ancestrais a se manterem informados sobre alianças e ameaças dentro do grupo. Hoje, ela ainda ativa áreas do cérebro relacionadas à recompensa, como o sistema dopaminérgico, o que ajuda a explicar por que pode ser tão prazeroso participar ou ouvir uma fofoca”, explica. Por outro lado, a psiquiatra Milliane Rossafa, que atende em Criciúma, alerta que a fofoca pode estar associada a quadros psiquiátricos, especialmente quando é compulsiva ou traz prejuízos significativos à vida do indivíduo. “Transtornos como o de personalidade histriônica, personalidade borderline ou mesmo quadros de mania, no transtorno bipolar, podem incluir esse tipo de comportamento como um sintoma”, ensina a psiquiatra. Foto colorida de mulher fofocando com mão em frente a boca. FofocarA fofoca pode despertar curiosidade e levar a reflexões sobre as pessoas e situações, mesmo que o objetivo inicial não seja malicioso Fofocar faz bem ou mal à saúde? De forma moderada e em certos contextos, , como sensação de conexão e alívio emocional. Mas, em excesso, tende a provocar sofrimento. “O envolvimento constante em conteúdos negativos sobre outras pessoas pode gerar sentimentos de culpa, ansiedade e até obsessão”, afirma a psiquiatra Milliane. A exposição a fofocas também pode desencadear quadros depressivos e ansiosos em quem é alvo. Nathalie explica que, com a chegada das redes sociais, o conteúdo circula com mais velocidade e intensidade, o que torna a experiência mais difícil de lidar. “No ambiente online, onde o anonimato e a viralização são comuns, a fofoca pode se tornar mais cruel, rápida e difícil de reparar”, conta. Em ambientes profissionais, a situação pode ser ainda mais delicada. Milliane destaca que, nesses casos, o receio de julgamentos e a competição por posições favorecem níveis elevados de estresse e até burnout. Já em círculos íntimos, o prejuízo costuma afetar a confiança e a autoestima por conta dos vínculos emocionais envolvidos. Mesmo entre aqueles que praticam a fofoca, é comum ter sentimentos de culpa, vergonha e arrependimento. “Já atendi pacientes que percebem que não conseguem parar de falar da vida alheia e se sentem culpados ou envergonhados depois”, relata a psiquiatra. Por que fofocamos? Além do fator evolutivo, a fofoca cumpre uma função de manutenção social. “Compartilhar informações sobre outras pessoas pode aliviar tensões, fortalecer vínculos sociais e criar uma sensação de pertencimento ao grupo”, explica Nathalie. Segundo a especialista, o comportamento também pode surgir como um mecanismo de defesa. Em alguns casos, quem fofoca tenta desviar a atenção de fragilidades internas. Pessoas com autoestima instável ou que se sentem constantemente ameaçadas por comparações sociais tendem a usar esse tipo de conversa como válvula de escape. Existe ainda uma diferença sutil entre fofocar e compartilhar uma informação. O ponto de virada está na intenção: se há julgamento, deboche ou tentativa de autopromoção, o comportamento deixa de ser neutro e passa a refletir inseguranças emocionais mais complexas. Siga a editoria de e fique por dentro de tudo sobre o assunto!
Por: Metrópoles

Artigos Relacionados: