O FMI (Fundo Monetário Internacional) avaliou que a economia mundial apresentou resiliência, em meio à guerra tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), mas alertou para uma perspectiva “sombria” de crescimento. A projeção está no relatório World Economic Outlook (Perspectivas Econômicas Mundiais, em português), divulgado nesta 3ª feira (14.out.2025). Eis a íntegra (PDF – 8 MB).
De acordo com a organização, o crescimento global segue incerto, com perspectiva de desaceleração na 2ª metade de 2025. O relatório considera que choques políticos, aumento do protecionismo e fragmentação constituem um novo panorama global que aumenta as incertezas, responsáveis por reduzir a produção global em cerca de 0,2 ponto percentual até o final de 2026.
O texto também diz que a economia global teve “surpreendente resiliência” no 1º semestre e atribui isso a adiantamentos de atividades comerciais em antecipação às tarifas impostas pelo governo norte-americano.
Para o FMI, “melhorias na implementação e na credibilidade das políticas monetárias” nos últimos anos propiciaram menor dependência de intervenções cambiais, reduzindo o baque do cenário adverso causado por tarifas dos EUA e políticas fiscais sobrecarregadas.
As projeções foram revisadas para cima em relação ao último relatório publicado, em abril de 2025. Em comparação com 2024 (3,3%) e 2025 (3,2%), o crescimento econômico global deve desacelerar em 2026 para 3,1%. As economias avançadas devem crescer cerca de 1,5%, enquanto em mercados emergentes o índice projetado é de pouco mais de 4%.
O FMI alertou também para as políticas de imigração mais restritivas em vários países como um ponto de atenção. Segundo o órgão, o PIB dos EUA pode ser afetado, com reduções de 0,3% a 0,7%, e aumento na inflação nos setores mais afetados pelas medidas anti-imigração.
O relatório apontou para uma forte correção de mercado se os lucros esperados, no contexto do boom de investimentos em inteligência artificial, não se concretizarem –afetando ativos e causando inflação.
Segundo o texto, pressões sobre bancos centrais e instituições-chave podem enfraquecer a credibilidade das políticas tomadas e dificultar o controle inflacionário. A afirmação se dá depois de Trump intensificar seus esforços de intervenção no Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), inclusive tentando demitir uma diretora da instituição, Lisa Cook.
Para o FMI, o cenário global está em fluxo e frágil, e exige que os governos implementem consolidação fiscal crível e reformas estruturais para restaurar a confiança, reconstruir reservas e garantir a independência institucional.