• Terça-feira, 14 de outubro de 2025

Dólar e Bolsa ficam estáveis com discurso de presidente do BC dos EUA

Moeda americana registrou leve alta de 0,14% frente ao real, cotado a R$ 5,46. Ibovespa fechou em queda de 0,07%, aos 141.682 pontos

O fechou em alta de 0,14% nesta terça-feira (14/10) frente ao real, cotado a R$ 5,46. O , principal índice da Bolsa brasileira (), fechou em queda de 0,07%, aos 141.682 pontos. Como as variações foram pequenas, os indicadores operaram com estabilidade, tanto no câmbio como no mercado de capitais. Ocorreram, contudo, fortes variações ao longo do pregão. À tarde, o dólar perdeu força no exterior e no Brasil, com declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell. Ele citou a possibilidade de o BC americano encerrar o processo de enxugamento do balanço patrimonial nos próximos meses. Leia também Esse “enxugamento”, ou aperto quantitativo (quantitative tightening, QT), tem como objetivo reduzir a quantidade de crédito e de dinheiro em circulação. Trata-se de uma ferramenta com a qual o Fed busca desacelerar a economia para conter a inflação. O QT é acionado, em geral, depois de períodos de injeção de liquidez (expansão quantitativa, QE), como durante a pandemia de COVID-19. Os investidores interpretaram a fala de Powell como um sinal de que ocorrerão novos cortes dos juros dos EUA, hoje fixados no intervalo entre 4% e 4,25%. De acordo com a ferramenta FedWatrch, do CME Group, as chances de uma redução de 0,25 ponto percentual na taxa são de 96,7%. A possível queda será definida na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Fed, em 29 de outubro. Efeito do tarifaço Na avaliação de Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, Powell adotou um tom equilibrado em seu discurso, reforçando que as perspectivas para inflação e emprego praticamente não mudaram desde setembro e que o Fed continuará conduzindo a política monetária de “reunião a reunião”, conforme a evolução dos dados e do balanço de riscos. “Ele destacou que o avanço recente dos preços de bens parece estar mais ligado aos efeitos das tarifas do que a pressões inflacionárias generalizadas, sinalizando ausência de preocupação imediata com um novo surto de inflação”, afirma Shahini. Riscos ativos Apesar da boa recepção ao discurso de Powell, o mercado conviveu com os mesmos fatores de tensão, recrudescidos desde a semana passada. No campo internacional, um desses pontos tem como fonte os ataques do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a China. As ameaças, contudo, vão e voltam, como numa gangorra. Na sexta-feira (10/10), o republicano ameaçou taxar em 100% os produtos chineses importados pelos EUA. Dois dias depois, disse que “tudo vai ficar bem” e os EUA “não querem prejudicar a China”. Mais um ataque Nesta terça-feira, no entanto, o governo americano voltou ao ataque. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, acusou os chineses de tentar enfraquecer a economia global ao anunciar restrições à exportação de terras raras, usadas na produção de itens de tecnologia, como semicondutores. Crescimento global No campo positivo, diz Shahini, o Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou a projeção de crescimento global de 2025 de 3,0% para 3,2%, destacando uma adaptação gradual às tensões comerciais, enquanto a dirigente do Fed Michelle Bowman reiterou a expectativa de mais dois cortes de juros até o fim do ano, reforçando a leitura de um ciclo monetário mais acomodatício no EUA. No cenário interno, as incertezas permanecem concentradas na questão fiscal, dada pela relação entre receitas e despesas do governo federal. “No Brasil, sem catalisadores domésticos relevantes, os ativos locais acompanharam o tom dos mercados internacionais com o real apresentando leve alta”, acrescenta o analista.
Por: Metrópoles

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