O Federal Reserve cortou a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual nesta quarta-feira e indicou que reduzirá constantemente os custos dos empréstimos até o final deste ano, conforme formuladores de política monetária responderam às preocupações com a fraqueza do mercado de trabalho, em um movimento que obteve o apoio da maioria dos indicados do presidente norte-americano, Donald Trump, para o banco central.
Apenas o novo diretor Stephen Miran, que entrou para o Fed na terça-feira e está de licença como chefe do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca, divergiu a favor de um corte de 0,50 ponto percentual.
O corte, juntamente com projeções que mostram que mais duas reduções de 0,25 ponto percentual estão previstas para as duas reuniões de política monetária restantes deste ano, indicam que as autoridades do Fed começaram a minimizar o risco de que as políticas comerciais volúveis do governo estimulem a inflação persistente e agora estão mais preocupadas com o enfraquecimento do crescimento e a probabilidade de aumento do desemprego.
O corte, o primeiro do Comitê Federal de Mercado Aberto, que define a política monetária, desde dezembro, move a taxa básica para a faixa de 4,00% a 4,25%.
"O comitê está atento aos riscos para ambos os lados de seu mandato duplo e julga que os riscos de queda para o emprego aumentaram", disse o Fed em seu comunicado de política monetária. "Os ganhos de emprego desaceleraram e a taxa de desemprego aumentou."
Em uma coletiva de imprensa após a conclusão da reunião, o chair do Fed, Jerome Powell, disse que "no curto prazo, os riscos para a inflação estão inclinados para cima e os riscos para o emprego para o lado negativo, uma situação desafiadora" para os formuladores de política monetária.
Ele acrescentou que "a demanda por mão de obra diminuiu e o ritmo recente de criação de empregos parece estar abaixo da taxa de equilíbrio necessária para manter a taxa de desemprego constante", destacando que "a desaceleração acentuada tanto na oferta quanto na demanda por trabalhadores é incomum".
Novas projeções econômicas mostraram que os formuladores de política monetária na mediana ainda veem a inflação terminando este ano em 3%, bem acima da meta de 2% do banco central norte-americano, uma projeção inalterada em relação ao último conjunto de previsões do Fed publicado em junho. A estimativa para o desemprego também ficou inalterada em 4,5% e o crescimento econômico ligeiramente maior, em 1,6% contra 1,4%.
Redução do risco de estagflação
Em comparação com os riscos de estagflação contidos no último conjunto de projeções, com o Fed diminuindo os cortes nos juros para evitar a inflação, as novas projeções mostram um sentimento emergente entre as autoridades de que podem evitar qualquer aumento no desemprego com um ritmo mais rápido de cortes, enquanto a inflação diminui lentamente no próximo ano.
Autoridades do Fed têm se acostumado gradualmente com a ideia de que as tarifas de Trump teriam apenas um impacto temporário sobre a inflação, e as últimas previsões são consistentes com essa visão.
A mudança para um ritmo mais consistente de cortes foi apoiada pelo diretor do Fed Christopher Waller e pela vice-chair de Supervisão, Michelle Bowman, nomeados por Trump que divergiram da decisão de política monetária no final de julho de manter os juros inalterados.
Miran não concordou com o último corte e parece ter marcado as reduções mais acentuadas nas projeções emitidas após sua entrada na diretoria na terça-feira. Nas mais novas estimativas, uma projeção de juros de 2,875% para o final de 2025 se destaca por estar 0,75 ponto percentual abaixo da projeção mais baixa seguinte. Trump tem exigido cortes acentuados nos juros.
Também votou a favor da decisão a diretora do Fed Lisa Cook, que compareceu à reunião apesar dos esforços de Trump para demiti-la e depois que dois tribunais apoiaram sua contestação da tentativa de remoção.
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