Trabalhadores de diversos setores e estudantes realizam uma greve na França em protesto contra medidas de austeridade fiscal. As manifestações ocorreram nesta 5ª feira (18.set.2025) em várias cidades do país, com o Ministério do Interior francês estimando a participação de até 800 mil pessoas.
Os sindicatos exigem o abandono dos planos de cortes orçamentários e pedem mais investimentos em serviços públicos, taxação das grandes fortunas e a revogação da reforma que aumentou o tempo necessário para aposentadoria.
Em comunicado conjunto, os sindicatos classificam as medidas fiscais como “brutais” e “injustas“.
Em Paris, várias linhas de metrô estão suspensas, funcionando só nos horários de pico. Segundo a Reuters, estudantes bloquearam as entradas de suas escolas, enquanto manifestantes reduziram o tráfego em uma rodovia próxima à cidade de Toulon, na região Sudeste da França.
O presidente Emmanuel Macron (Renascimento, centro) e o recém-nomeado primeiro-ministro Sébastien Lecornu (Renascimento) enfrentam pressão do parlamento e de investidores preocupados com o deficit da 2ª maior economia da zona do euro.
O sindicato FSU-SNUipp (Sindicato Nacional Unitário dos Professores do Ensino Fundamental, Professores das Escolas e PEGC) informou que 1 em cada 3 professores do Ensino Fundamental entrou em greve em todo o país, chegando a quase metade dos docentes em Paris.
A produção nuclear da empresa francesa EDF sofreu redução de 1,1 gigawatts no início desta 5ª feira (18.set), conforme dados da companhia.
Uma pesquisa realizada pelo sindicato de farmacêuticos USPO (União dos Sindicatos de Farmacêuticos de Oficina) indicou que 98% das farmácias poderiam fechar durante o dia.
O Ministério do Interior mobilizou 80.000 policiais para acompanhar as manifestações, com unidades de choque, drones e veículos blindados.
Ainda não está claro como Lecornu lidará com o plano fiscal de seu antecessor, François Bayrou (Movimento Democrático, centro), que previa um ajuste orçamentário de € 44 bilhões.
Bayrou foi destituído pelo parlamento na semana passada. Lecornu sinalizou disposição para negociar, mas não detalhou quais medidas específicas pretende adotar.
O déficit orçamentário da França no ano passado foi quase o dobro do teto de 3% estabelecido pela UE (União Europeia), o que aumenta a pressão por ajustes fiscais. Lecornu enfrentará dificuldades para obter apoio parlamentar para o orçamento de 2026, pois depende de outros partidos para aprovar legislações.