• Segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Dólar cai e Bolsa sobe com mercado apostando em corte de juros nos EUA

Moeda americana registrou queda de 0,67% frente ao real, cotada a R$ 5,50. O Ibovespa, o principal índice da B3, fechou em alta de 0,40%

Os mercados de câmbio e ações operaram com razoável bom humor nesta segunda-feira (4/8), depois dos fortes solavancos registrados na semana passada. Com isso, o anotou queda de 0,67% frente ao real, cotado a R$ 5,50. Já o , o principal índice da Bolsa brasileira (), fechou em alta de 0,40%, aos 132.971 pontos. Note-se que a tendência da moeda americana também foi de queda no mundo. O índice DXY, que compara a cotação do dólar com uma cesta de seis divisas de países desenvolvidos, acusava recuo de 0,36%, por volta das 16h45. Além disso, Nos Estados Unidos, os principais índices das bolsas de Nova York subiam no mesmo horário. Leia também Na avaliação de Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, o movimento dos mercados nesta segunda-feira foi sustentado por um “maior apetite por risco no exterior”, pela valorização do minério de ferro e pelas expectativas de que o Federal Reserve (, o banco central dos Estados Unidos) possa iniciar um ciclo de cortes de juros já em setembro. “Esse fatores vem sustentando alguma recuperação da moeda brasileira, embora a indefinição sobre o diálogo entre os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos para tratar das tarifas de 50% ainda limite ganhos adicionais”, diz o analista. “Por fim, a perspectiva de manutenção da Selic em patamar elevado (em 15% ao ano) completa o quadro de fatores que influenciam o câmbio no pregão de hoje.” “Dia otimista” Alison Correia, analista de investimentos e co-fundador da Dom Investimentos, tem análise similar. “O Ibovespa e as bolsas americanas tiveram um dia mais otimista com investidores prevendo uma queda de juros por parte do FED nos EUA”, afirma. “Com isso, o dólar cai, assim como os juros futuros.” Corte de juros A perspectiva de corte de juros nos EUA está no radar dos investidores desde sexta-feira (1°/8), quando a economia americana deu sinais de perda de tração. Na ocasião, a divulgação do relatório de (o “payroll”) nos EUA provocou um verdadeiro choque no mercado mundial. O documento mostrou que foram criados em julho 73 mil postos de trabalho, ante uma expectativa de 100 mil. Pior: uma revisão dos dados resultou na baixa de 258 mil empregos nos números que haviam sido divulgados para os meses de maio e junho. A alteração foi tão significativa que levou o presidente dos Estados Unidos, , a demitir Erika McEntarfer, responsável pela produção do relatório. O republicano considerou que os números foram manipulados e disse que a economia estava “bombando”, apesar da suposta prova em contrário. Tarifaço e banco central Esse quadro de perda de fôlego da atividade econômica torna-se ainda mais crítico diante das turbulências provocadas pelo tarifaço imposto por Trump aos parceiros comerciais dos EUA. E os tumultos na economia americana não param por aí. Além desses dois fatores (queda de emprego e aumento de tarifas), existem as pressões do governo sobre o presidente do Federal Reserve (, o banco central americano), Jerome Powell, por cortes na taxa de juros do país, atualmente no intervalo entre 4,25% e 4,50%. As discussões sobre os juros, na verdade, já abriram uma nova frente de crises nos EUA, o que tem contribuído para o aumento das incertezas nos mercados. Na última quarta-feira (30/7), dois integrantes do Fed, Christopher Waller e Michelle Bowman, votaram contra a decisão do colegiado de manter os juros no atual patamar. Eles defenderam uma redução de 0,25 ponto percentual. Nova vaga para Trump Na sexta-feira, outra integrante do Fed, Adriana Kugler, renunciou ao cargo no órgão. Com isso, Trump passou a ter a chance de preencher uma vaga no banco central americano antes do esperado, o que, em tese, eleva as chances de tensão com Powell, que já foi ameaçado de demissão pelo republicano. Para analistas, os sinais de fragilidade da economia americana, aliados aos tumultos no Fed, dispararam as chances de corte da taxa de juros em setembro, agitando o mercado mundial. Uma eventual redução da taxa americana tende a enfraquecer o dólar e ampliar o interesse dos investidores por ativos de renda variável, como ações negociadas nas Bolsas, especialmente em países emergentes, caso do Brasil. É por isso que, no cenário interno, a perspectiva de corte de juros tem o potencial de enfraquecer a moeda americana e de melhorar o desempenho das ações. Disparada das apostas Segundo a ferramenta do CME FedWatch, que compila dados a partir dos futuros dos Fed funds, 92,1% dos investidores projetam um corte de 0,25 ponto percentual nos juros dos EUA, para a faixa de 4% a 4,25%, na próxima reunião de setembro do Fed, enquanto apenas 7,9% esperam a manutenção no atual patamar. Há uma semana, a expectativa por redução era de 63,1%. Inflação em queda No Brasil, os investidores também acompanharam a queda pela décima semana seguida da estimativa de inflação para 2025, segundo dados coletados pelo , a pesquisa semanal feita pelo Banco Central () com economistas do mercado. A previsão do IPCA para 2026 também recuou, nesse caso pela terceira vez consecutiva.À tar À tarde, o movimento de queda do dólar e alta do Ibovespa foi acentuado com a divulgação dos dados sobre o mercado de trabalho no Brasil. Segundo informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (), veiculados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (), o Brasil criou 166,6 mil postos formais de emprego em junho. O número, embora maior do que os 153,2 mil de maio, ficou abaixo da expectativa do mercado, que estimava 177 mil.
Por: Metrópoles

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