• Segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Brasil pode cooperar com EUA em minerais críticos, diz Haddad

Ministro da Fazenda avalia acordos para tentar reverter tarifaço norte-americano contra produtos brasileiros.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou nesta 2ª feira (4.ago.2025) que o Brasil pode fazer acordos de cooperação com os Estados Unidos sobre minerais críticos e terras raras. A medida é um dos meios considerados para reverter a situação do tarifaço norte-americano sobre produtos brasileiros.

“Nós temos minerais críticos e terras raras. Os Estados Unidos não são ricos nesses minerais. Nós podemos fazer acordos de cooperação para produzir baterias mais eficientes”, afirmou Haddad em entrevista à BandNews.

Contudo, o chefe da Fazenda afirmou que o acordo deve atender interesses de ambos os lados. “Um acordo pressupõe vontade comum, porque uma coisa imposta de fora para dentro não é um acordo. Então, hoje nós não estamos em uma situação de um acordo […] porque não há o menor sentido na taxação que está sendo imposta ao país”, disse.

Os EUA têm intensificado a busca por minerais críticos –como nióbio, lítio, cobalto, grafite, cobre, urânio e as chamadas terras raras– para reduzir a dependência de importações da China e garantir autonomia em setores estratégicos, como tecnologia, energia limpa e defesa. Esses recursos são essenciais na fabricação de chips, veículos elétricos, turbinas eólicas, satélites e equipamentos militares.

Apesar de não serem geologicamente raros, os minerais de terras raras têm processos de extração e refino complexos e caros, dominados pela China, que concentra cerca de 85% da capacidade global de processamento. Isso tornou a diversificação de fornecedores uma das prioridades do presidente Donald Trump (Partido Republicano).

Em julho, uma reunião entre encarregado de negócios e embaixador interino norte-americano, Gabriel Escobar, e o presidente do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração), Raul Jungmann, tratou sobre o tema.

A reunião foi solicitada pelo diplomata norte-americano e discutiu a possibilidade de uma missão de mineradoras brasileiras aos Estados Unidos ainda neste ano. A expectativa é que a visita ocorra em setembro ou outubro.

Jungmann ressaltou, entretanto, que a negociação de acordos sobre o tema cabe exclusivamente ao governo brasileiro, já que os minerais pertencem à União. “É assunto privativo do governo”, afirmou ao Poder360. O instituto representa empresas privadas de mineração e não tem competência para firmar tratados internacionais.

O vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin (PSB), foi questionado por jornalistas sobre a possibilidade de acordo com os EUA em relação a minerais críticos. Disse haver uma “pauta muito longa que pode ser explorada” e avançar.

Alckmin reforçou ter ouvido o setor na rodada de conversas com segmentos que exportam para os EUA. “O setor minerário é um que nós recebemos. Aliás, é outro setor que exporta para os Estados Unidos apenas 3%, mas importa em máquinas e equipamentos mais de 20%, o que mostra de novo enorme superavit [dos EUA] na balança comercial brasileira”, declarou.

No entanto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é mais reticente com a situação. Disse que criará uma comissão “ultra especial” para mapear os minerais críticos no solo e subsolo do Brasil. Segundo ele, o Brasil precisa ter maior controle sobre 70% do território de reservas que ainda não foram devidamente catalogadas.

“Se esse mineral é crítico, eu vou pegar ele para mim. Por que eu vou deixar para outro país explorar?”, afirmou durante cerimônia de inauguração da termelétrica de gás natural UTE GNA 2, no Porto do Açu, em São João da Barra (RJ).

Por: Poder360

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